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Efeitos da solidão se comparam a males do cigarro, diz autoridade de saúde dos EUA

A solidão aumenta o risco de morte prematura em quase 30% - por problemas de saúde, incluindo diabetes, ataques cardíacos, insônia e demência

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Kathryn Armstrong & Bernd Debusmann Jr
BBC News Brasil

Uma importante autoridade de saúde dos Estados Unidos alertou que o país está enfrentando uma epidemia de solidão que é tão perigosa para a saúde quanto fumar 15 cigarros por dia.

O cirurgião-geral Vivek Murthy disse à BBC News que ele é um de milhões de americanos que experimentaram uma "profunda sensação de solidão".

As autoridades de saúde dos EUA estão pedindo que o isolamento social seja tratado tão seriamente quanto a obesidade ou o abuso de drogas.

Epidemia de solidão é tão perigosa para a saúde quanto fumar 15 cigarros por dia, diz especialista - PA MEDIA via BBC

Estima-se que quase 50% de todos os americanos tenham sido afetados.

Murthy disse em uma entrevista que suas próprias batalhas contra a solidão ocorreram durante e logo após o término de sua primeira passagem como cirurgião, em abril de 2017.

"Eu negligenciei minha família e meus amigos durante esse tempo, pensando que era muito difícil me concentrar no trabalho e me concentrar na família e nos amigos", disse ele.

"Eu estava realmente sofrendo com as consequências disso, que foi uma profunda sensação de solidão que me perseguiu por semanas, que se estenderam por meses."

A solidão aumenta o risco de morte prematura em quase 30% - por problemas de saúde, incluindo diabetes, ataques cardíacos, insônia e demência.

A falta de conexão social também está ligada ao menor desempenho acadêmico e pior desempenho no trabalho, de acordo com um novo comunicado.

Murthy disse que a solidão é um "profundo desafio de saúde pública" sobre o qual "devemos falar" e abordar.

"Pode surpreender as pessoas saber que o aumento do risco de morte prematura associado à conexão social está no mesmo nível dos riscos que vemos no tabagismo diário e maior do que o risco associado à obesidade", disse ele.

A questão foi agravada pela pandemia de Covid-19, que levou muitas pessoas a reduzir o tamanho de seus círculos sociais.

"O trabalho é um poderoso antídoto para a solidão", diz especialista - BBC

Um estudo citado no relatório constatou uma redução média de 16% no tamanho da rede social dos participantes de junho de 2019 a junho de 2020.

Para resolver isso, Murthy pediu um esforço coletivo para "recuperar o tecido social da nossa nação", a fim de "desestigmatizar a solidão e mudar nossa resposta cultural e política a ela".

A estratégia dele tem seis pilares, que incluem esforços para fortalecer a infraestrutura social nas comunidades. Em parte, por meio da utilização de sistemas de saúde pública.

A recomendação é de que haja mais "políticas públicas pró-conexão" que sejam desenvolvidas com a ajuda de uma agenda de pesquisa para ajudar a suprir as lacunas nos dados sobre os efeitos do isolamento social.

Também destaca a necessidade de mais transparência de dados de empresas de tecnologia e uma reforma dos ambientes digitais.

Além disso, Murthy disse que "há medidas que podemos tomar como indivíduos", como passar 15 minutos com entes queridos, evitar distrações como dispositivos ao falar com as pessoas "e procurar maneiras de ajudar uns aos outros".

"O trabalho é um poderoso antídoto para a solidão", disse ele. "Tudo isso pode ajudar".

A recomendação faz parte dos esforços mais amplos do governo Biden para abordar a saúde mental, disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, na segunda-feira (1º). Maio é o mês de conscientização sobre saúde mental nos Estados Unidos.

Embora a recomendação pretenda aumentar a conscientização, não há nenhuma nova promessa de financiamento federal para combater o problema até agora.

O texto foi publicado originalmente aqui.

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