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Google é o meio mais usado no Brasil para tirar dúvidas sobre saúde, diz Datafolha

Mais acessíveis, ferramentas digitais demandam cuidados contra desinformação, afirmam especialistas

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São Paulo

Uma pesquisa do Datafolha feita em todo o Brasil concluiu que o Google é o meio mais citado para buscar informações sobre saúde no país.

Procurado pela Folha para comentar, o Google afirmou que o foco da plataforma é ajudar as pessoas "a encontrar informações sobre cuidados e saúde que sejam relevantes, de fontes confiáveis e fáceis de entender". Também disse que trabalha com parceiros para entregar recursos de qualidade e que os resultados das buscas "são apenas para fins informativos e não substituem uma consulta médica".

Logo do Google em loja da empresa em Manhattan, Nova York,
Logo do Google em loja da empresa em Manhattan, Nova York, - Andrew Kelly - 17.nov.21/Reuters

Com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos, o levantamento foi feito em novembro de 2022 e foi patrocinado pela farmacêutica Abbvie. A pesquisa contou com diferentes perguntas sobre temas de saúde. Em uma delas, os 2.041 participantes (todos com mais de 16 anos) indicaram, em uma lista de múltipla escolha, quais eram as formas usadas para acessar dados de saúde.

O Google foi o mais escolhido entre todos, constando em 47% de todas as respostas. Em segundo lugar aparece médico de confiança ou do posto de saúde, com 42%.

"O Google virou realmente uma referência. Até se fala do 'doutor Google', que as pessoas vão lá e buscam qualquer coisa sobre sintomas, doenças e remédios", afirma Amaro Grassi, coordenador da Escola de Comunicação, Mídia e Informação da FGV e pesquisador da área de digitalização.

Ele explica que isso se dá em razão do avanço das tecnologias nos últimos anos, o que facilitou o acesso à internet. Outra versão da mesma pesquisa ocorreu em 2019, quando o Google atingiu o percentual de 37%.

Nesse meio tempo, ocorreu a pandemia de Covid-19, o que pode explicar a maior citação do Google como fonte de informação sobre saúde. "As pessoas, pela necessidade, buscaram soluções e informações à mão, porque a internet de fato proporcionou essa possibilidade", diz Grassi.

Confiança

Outra questão apresentada na pesquisa foi para indicar a fonte mais segura. Nesse caso, o participante precisava escolher o meio que considerava mais confiável quando se tratava de dúvidas de saúde.

A situação vista na pergunta anterior se inverteu: médicos ficaram na primeira posição (38%), e o Google passou para a segunda (19%).

Para César Eduardo Fernandes, presidente da AMB (Associação Médica Brasileira), a diferença demonstra que a população está ciente da diferença entre as duas fontes: enquanto o Google seria mais relevante para uma consulta inicial, profissionais continuam mais relevantes para confirmação de doenças e informações sobre prevenção e tratamento.

Redes sociais

Outra fonte digital que apareceu foram as redes sociais. Mesclando diferentes plataformas, elas foram observadas em 23% das respostas dos participantes em 2022. Três anos antes, em 2019, o percentual era de 15%.

O crescimento segue a mesma lógica do que ocorreu com o Google, afirma Grassi. "É muito claro essa tendência geral de um processo de digitalização, do predomínio do ambiente digital como um espaço de acesso à informação."

Ainda assim, as mídias sociais ficaram abaixo de meios tradicionais, como jornais, revistas e rádios. Estes apareceram em 29% das respostas dos entrevistados em 2022.

É um problema?

A mudança no hábito de acessar informações não é necessariamente um fator negativo. Tanto Grassi como Fernandes defendem que o avanço tecnológico facilita a disseminação de explicações sobre diferentes assuntos. "Ter acesso à informação sempre é bom", diz Fernandes.

Um dilema, no entanto, diz respeito ao tipo de informação que os internautas estão acessando na internet. Ao mesmo tempo que as pessoas podem obter dados baseados em evidências científicas ou em profissionais sérios, elas também podem ser vítimas de informações falsas.

Para Grassi, esse cenário exige maior regulação no meio digital, tema em discussão no PL das Fake News. "Precisa de fato haver mecanismos de responsabilização de uma plataforma que monetiza ou ganha engajamento a partir de conteúdos falsos."

Fernandes indica ainda que, ao acessar uma informação na internet, é importante validá-la com um profissional. No caso da saúde, um médico, por exemplo.

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