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Mulheres devem fazer mamografia regularmente a partir dos 40 anos, diz painel nos EUA

Novo conselho vem em meio a casos de câncer de mama entre mulheres jovens e taxa de mortalidade alta entre mulheres negras

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Roni Caryn Rabin
The New York Times

Alarmados com o aumento de diagnósticos de câncer de mama entre mulheres mais jovens e taxas de mortalidade persistentemente altas entre mulheres negras em particular, especialistas em saúde ofereceram na terça-feira (9) uma firme revisão do conselho médico padrão sobre mamografias.

Mulheres de todas as origens raciais e étnicas com risco médio de câncer de mama devem começar a fazer mamografias regularmente aos 40 anos, em vez de tratá-las como uma decisão individual até os 50, como se recomendava anteriormente, disse a Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos EUA.

O grupo emite diretrizes influentes sobre saúde preventiva, e as recomendações costumam ser amplamente adotadas no país. Mas o novo conselho, emitido como um esboço, representa uma espécie de reversão.

Carreta da ação Mulheres Amigas que oferta mamografias no Itaim Paulista, zona Leste de São Paulo (SP).
Carreta da ação Mulheres Amigas que oferta mamografias no Itaim Paulista, zona Leste de São Paulo (SP). - ONG Américas Amigas

Em 2009, a força-tarefa aumentou a idade para se iniciar mamografias de rotina de 40 para 50 anos. Na época, os pesquisadores estavam preocupados que o rastreamento precoce fizesse mais mal do que bem, levando a um tratamento desnecessário em mulheres mais jovens, incluindo biópsias que deram resultado negativo.

Mas tem havido tendências preocupantes no câncer de mama nos últimos anos. Elas incluem um aparente aumento no número de cânceres diagnosticados em mulheres com menos de 50 anos e uma falha em reduzir a lacuna de sobrevivência de mulheres negras mais jovens, que morrem de câncer de mama em proporção duas vezes maior que as mulheres brancas da mesma idade.

"Realmente, não sabemos por que houve um aumento de câncer de mama entre as mulheres na faixa dos 40 anos", disse a doutora Carol Mangione, última presidente da força-tarefa. "Mas quando mais pessoas em uma determinada faixa etária estão contraindo uma doença a triagem desse grupo será mais impactante."

A nova recomendação abrange mais de 20 milhões de mulheres nos Estados Unidos entre 40 e 49 anos. Em 2019, cerca de 60% das mulheres nessa faixa etária disseram ter feito mamografia nos dois anos anteriores, em comparação com 76% das mulheres entre 50 e 64 anos e 78% daquelas de 65 a 74.

O painel disse que não há evidências suficientes para fazer recomendações em qualquer sentido para mulheres com 75 anos ou mais.

Mangione disse que a força-tarefa encomendou pela primeira vez estudos de câncer de mama especificamente entre mulheres negras, bem como para todas as mulheres, e precisava de mais pesquisas sobre os fatores que levam à disparidade entre raças. A força-tarefa também está pedindo um ensaio clínico para comparar a eficácia da triagem anual e bienal entre mulheres negras.

De modo geral, a mortalidade por câncer de mama diminuiu nos últimos anos. Ainda assim, continua sendo o segundo câncer mais comum em mulheres depois do de pele, e é a segunda principal causa de mortes por câncer depois do de pulmão, entre as mulheres nos Estados Unidos.

Os diagnósticos de câncer de mama entre mulheres na faixa dos 40 anos aumentaram menos de 1% entre 2000 e 2015. Mas a taxa aumentou 2% ao ano em média entre 2015 e 2019, observou a força-tarefa.

As razões não são totalmente claras. O adiamento da gravidez, ou não ter filhos, pode estar proporcionando o aumento, disse Rebecca Siegel, diretora científica sênior de pesquisa de vigilância da Sociedade Americana do Câncer. Ter filhos antes dos 35 anos reduz o risco de câncer de mama, assim como a amamentação.

De todo modo, ela observou, há muita variação ano a ano nas taxas de diagnóstico. Outros pesquisadores sugerem que o aumento entre as mulheres mais jovens pode simplesmente refletir mais exames de rastreamento, disse o doutor Steven Woloshin, professor de medicina na Universidade de Dartmouth.

A triagem frequente pode causar danos, levando a biópsias desnecessárias, que causam ansiedade, e ao tratamento de cânceres de crescimento lento, que não seriam fatais, descobriram os pesquisadores.

No entanto, houve uma tempestade de críticas em 2009, tanto de pacientes quanto de grupos de defesa, quando a força-tarefa aconselhou que as mulheres começassem a fazer mamografias regulares o mais tardar aos 50 anos. Os críticos dessa orientação temiam que as malignidades não fossem notadas entre as mais jovens e sugeriram que o desejo de reduzir os custos dos tratamentos de saúde levou a essa recomendação.

Na época, o painel também pediu intervalos mais longos entre as mamografias: uma a cada dois anos, em vez de exames anuais. Essa recomendação ainda está em vigor.

A Sociedade Americana do Câncer difere neste ponto-chave. As mulheres de 40 a 44 anos devem optar pelo exame ou não, diz a sociedade, mas a partir dos 45 devem fazer mamografias todos os anos até os 55, quando o risco de câncer de mama começa a diminuir.

Karen E. Knudsen, diretora-executiva da sociedade, disse que recebeu com satisfação o conselho da força-tarefa de começar a triagem de rotina em uma idade mais jovem, porque isso reduzirá a confusão resultante de recomendações contraditórias de grupos médicos.

Ainda assim, ela disse: "Estamos firmes na triagem anual. O câncer em mulheres na pré-menopausa cresce mais rapidamente, e é importante que não se desenvolva durante o período de dois anos e passe despercebido".

A nova recomendação da força-tarefa se aplica a todas as pessoas designadas como mulheres ao nascer que são assintomáticas e com risco médio de câncer de mama, incluindo aquelas com tecido mamário denso e histórico familiar da doença.

Mas o conselho não se aplica a quem já teve câncer de mama, carrega mutações genéticas que aumentam seu risco, teve lesões mamárias identificadas em biópsias anteriores ou recebeu alta dose de radiação no tórax, o que aumenta o risco de câncer.

Essas mulheres devem consultar seus médicos sobre com que frequência devem ser examinadas.

A força-tarefa enfatizou que é importante que as mulheres negras iniciem a mamografia aos 40 anos, pois elas têm maior probabilidade de desenvolver tumores agressivos em idade jovem e 40% mais chances de morrer de câncer de mama do que as mulheres brancas.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves.

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