Descrição de chapéu Mpox

Mpox é emergência de saúde global; entenda os riscos da nova variante

Edição da newsletter Cuide-se fala sobre as diferenças do surto atual com o de 2022 e como se proteger

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São Paulo

Esta é a edição da newsletter Cuide-se desta terça-feira (20). Quer recebê-la no seu email? Inscreva-se abaixo:

Na última quarta (14), a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou a Mpox uma emergência global de saúde pela segunda vez desde 2022. O alerta veio após o aumento crescente de casos de uma nova cepa, principalmente no continente africano.

Nesta edição, falo sobre a nova forma do vírus em circulação e explico se o Brasil precisa se preocupar.

A imagem mostra uma mulher em um ambiente de teste para doença viral. Ela está usando uma blusa estampada e está sendo atendida por um profissional de saúde que usa um traje de proteção, incluindo máscara e luvas. O fundo é desfocado, mas parece ser uma sala com cortinas
Profissional de saúde realiza teste em mulher com suspeita de Mpox em um hospital de campanha no norte de Goma, na República Democrática do Congo - Guerchom Ndebo/AFP

Mpox volta a ser emergência global de saúde –e agora?

Com o aumento exponencial de casos e mortes por Mpox em países da África, autoridades de saúde de todo o mundo ficaram preocupadas com a possibilidade de uma nova cepa do vírus estar se espalhando.

A OMS emitiu uma declaração de emergência sanitária global pela doença pela segunda vez em dois anos.

  • A declaração é uma ferramenta para orientar países em uma resposta coordenada, mobilizar recursos para vacinas e testes e conter a disseminação do vírus.

Entenda: a Mpox (antiga varíola dos macacos) é uma doença viral causada pelo mpox vírus (MPXV), que teve sua origem em animais. O contato direto com pessoas ou animais infectados ou lesões abertas pode aumentar o risco de contaminação.

Em 2022, a cepa do vírus que levou a casos em vários países do mundo, incluindo no Brasil, pertencia ao clado 2 (grupo de vírus com mesma origem genética), associado a casos mais leves, com lesões cutâneas como principal sintoma.

Mas… Pesquisadores do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) Africano detectaram, em abril deste ano, um novo clado na República Democrática do Congo (RDC) com aumento exponencial de casos também em Burundi, Ruanda, Uganda e Quênia.

  • Só neste ano, a África registrou mais de 18.700 casos.

Devido à alta vulnerabilidade populacional nestas regiões e a baixa adesão a medidas protetoras, a atual epidemia teve um aumento desproporcional de casos em crianças e adolescentes, o que agravou o alerta e levou a OMS à declaração de PHEIC (emergência de saúde pública de preocupação internacional, na sigla em inglês).

Casos podem ser mais graves

Os sinais e sintomas da forma tradicional de Mpox incluem erupções cutâneas ou lesões na pele, febre, dores no corpo, dor de cabeça, dentre outros. A nova variante pode também afetar órgãos como pulmões, intestino e fígado, causar danos mais graves e ser mais letal.

Mas ela não é a nova Covid, segundo a OMS. Ainda não existe um risco de uma pandemia da Mpox, disseram autoridades nesta terça-feira (20). Isto porque os mecanismos de transmissão do vírus ainda seguem sendo estudados.

Muitas das populações afetadas vivem em acampamentos para desabrigados ou em situação de vulnerabilidade, o que promove a maior transmissão e acelera o contágio, especialmente entre crianças.

Isso se reflete também no aumento de casos de Mpox, desde 2022, em pessoas vivendo com ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), como HIV. É importante notar que o surto de 2022 esteve mais associado a homens que faziam sexo com homens, motivo pelo qual estas populações foram selecionadas como prioritárias para receber as vacinas contra o vírus.

Um profissional de saúde, usando uma máscara azul, está segurando um frasco de vacina com tampa amarela. O frasco é transparente e contém um líquido
Um médico segura uma dose da vacina contra Mpox em Montpellier, no sul da França - Pascal Guyot - 11.mai.23/AFP

Como se proteger?

Além de evitar o contato próximo com pessoas infectadas, é importante que pessoas com suspeita se isolem e não compartilhem objetos pessoais. Equipamentos de proteção individual, como luvas, máscaras, avental e óculos de proteção, também podem ser necessários.

As vacinas já desenvolvidas podem também ser uma estratégia de prevenção, embora nenhuma delas aja como forma de impedir a infecção pelo vírus, mas sim reduzir os sintomas e a gravidade da doença.

E o Brasil?

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse na última quinta (15) que a emergência em saúde pública não é motivo "de alarme, mas sim de alerta".

Segundo ela, no momento o país está no nível 1 de situação de emergência, ou seja, não há detecção de casos relacionados à cepa mais agressiva. Mas o governo já se antecipou para adquirir 25 mil doses da vacina que serão utilizadas em grupos específicos.


Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil registrou 709 casos (696 comprovados e 13 prováveis) de Mpox em 2024. O número de mortes desde 2022 até abril de 2023 foi 16.


CIÊNCIA PARA VIVER MELHOR

Novidades e estudos sobre saúde e ciência

  • Infecção por vírus herpes-zóster pode aumentar risco de declínio cognitivo. Uma pesquisa feita por médicos do Hospital da Mulher de Brigham apontou que um episódio de infecção pelo vírus herpes-zóster está associado ao risco 20% maior de declínio cognitivo no longo prazo. Uma vacinação contra o vírus, atualmente ofertada em sistemas de saúde privada no Brasil e em outros países, pode ajudar a prevenir, segundo os pesquisadores. O artigo foi publicado na revista Alzheimer's Research & Therapy.
  • Candidata à vacina contra malária apresenta resposta duradoura. Desenvolvido pelo Instituto Nacional de Saúde (NIH, na sigla em inglês), o imunizante apresentou uma resposta imune duradoura em um ensaio clínico com 300 mulheres de 18 a 38 anos no Mali, segundo um estudo publicado na revista The Lancet Infectious Diseases. O ensaio avaliou a chamada imunogenicidade (indução de anticorpos) de três doses do imunizante com um mês de intervalo entre elas após o tratamento antimalárico convencional. A resposta imune variou de 65% a 86% entre as participantes um ano após o estudo.
  • Processamento de gordura e açúcar no músculo difere entre homens e mulheres. A maneira como células musculares processam moléculas de gordura (ácidos graxos) e de açúcar (glicose) é diferente entre os sexos, segundo uma pesquisa da Universidade de Tubinga, na Alemanha, a ser apresentada durante o Encontro Anual da Associação Europeia para o Estudo de Diabetes, em setembro. Os pesquisadores viram que, embora haja diferenças na cadeia bioquímica muscular, o exercício físico regular pode ajudar a reduzir essas disparidades e ser um potente aliado para prevenir a perda de músculo associada à perda de peso e diabetes tipo 2.
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