Sócrates se tornou 'embaixador' de Ribeirão Preto
Sócrates passou mais de 40 anos de sua vida em Ribeirão Preto e outros tantos entre a capital paulista e a Itália, mas durante todo esse tempo ele foi uma espécie de "embaixador" da cidade.
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A primeira vez em que isso ocorreu foi em 1977, quando o Botafogo liderado por ele foi campeão da Taça Cidade de São Paulo --primeiro turno do Paulista. A conquista projetou não só o time de Ribeirão, mas também Sócrates, que estrearia no Corinthians no ano seguinte.
A grande atração do ex-jogador por Ribeirão talvez seja uma só: as pessoas. Na cidade, estão sua numerosa família, que migrou do Pará para a cidade em 1959, e seus grandes amigos.
Muitos deles vivem até hoje em Ribeirão, como o compositor Roberto Sebastião Bueno, parceiro do ídolo corintiano na composição de músicas. Sócrates, por sua vez, trocou Ribeirão por São Paulo --onde participava do programa "Cartão Verde", na TV Cultura--, mas manteve o contato com os amigos.
Sócrates gostava também de divulgar a cultura da cidade. Era um dos entusiastas da tradicional Feira Nacional do Livro e membro do Cineclube Cauim, movimento cultural fundado na cidade e que também dá nome a uma marca de cerveja de Ribeirão --apreciada pelo ex-jogador.
Para se encontrar com os amigos, o local predileto eram os bares. O comportamento boêmio, aliás, está presente na vida de Sócrates desde sua adolescência. "A visão que tenho é que a vida começa às seis horas. Da tarde", afirmou certa vez.
Essa percepção talvez tenha se originado de sua cultura familiar. A casa onde Sócrates morava com os pais e os irmãos nos anos 60 era uma espécie de "consulado cearense" --denominação dele--, pois recebia muitos parentes do pai, natural do Ceará, que iam para Ribeirão para estudar ou trabalhar.
Nos finais de semana, o "consulado cearense" vivia em festa. "Como meu pai, adoro gente", afirmou numa outra ocasião.
Edson Silva-4.dez.11/Folhapress | ||
Papel com a música que Sócrates compôs em 1992 |
PREMONIÇÃO
Um de seus bares prediletos era o Empório Brasília, onde há até uma mesa e uma placa em homenagem a Sócrates. Lá, ele compôs muitas de suas músicas com o amigo Bueno. Uma delas se chamava "Lei Seca", foi escrita em 1992 e narrava a história de um homem que teve de parar de beber por problemas de saúde.
Bueno guarda o papel, com a letra de Sócrates, até hoje, mas diz que ela não foi escrita para o ex-jogador. "Eu precisei parar de beber na época [1992]. Mas hoje tem tudo a ver com o Magrão", disse.
"Vendo hoje, parece até premonição", disse Márcio Pallandri, 49, outro amigo e dono do empório, sobre a música, que nunca foi gravada.
Edson Silva-4.dez.11/Folhapress | ||
Bueno (esq.) sentado na mesa que leva o nome de Sócrates |
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