Sei que tenho condições de estar entre os dez melhores, diz tenista Bruno Soares
Após uma lesão que o deixou dois anos fora das quadras e a ponto de minar sua carreira no tênis, o brasileiro Bruno Soares decidiu investir em um plano antigo: jogar duplas. Em um ano, pulou da 133ª posição para a 14ª no ranking da categoria na ATP.
Neste domingo, com o vice-campeonato em Madri, bateu na porta do seu principal objetivo atual: o top 10. A boa campanha no torneio espanhol chegou lhe rendeu o 11º lugar, melhor colocação em toda sua trajetória.
Em conversa com a Folha na zona de jogadores da Caja Mágica, sede do torneio madrilenho, ele disse estar vivendo o melhor momento de sua carreira, na qual o torneio de duplas era seu plano B. Aos 31 anos, contou que não pretende parar antes dos Jogos de 2020, que espera ser sua terceira Olimpíada, depois de Londres e Rio.
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Folha - Seu desempenho melhorou desde que você uniu com o (austríaco) Alexander Peya no ano passado. É a sua melhor parceria ou a que vem no seu melhor momento?
Bruno Soares - É difícil falar em melhor parceria, mas acho que é a de maior sucesso. Nosso entrosamento foi muito rápido, nos adaptamos bem um ao jogo do outro. Agora buscamos melhorar aspectos individuais como nosso saque por exemplo, que não é nossa maior arma, e nosso jogo de rede, fechar ângulo, por exemplo. Pensamos muito parecido e temos estilo de jogo similar, não temos muitos buracos e jogamos bem em todos os setores da quadra.
Você acaba de vencer Barcelona, levou o Aberto dos EUA e o vice-campeonato em Madri. É o seu melhor momento?
Sim, definitivamente. Igualei meu melhor ranking, 14º, mas hoje sei que tenho condições de estar entre os dez melhores.
Por que você está melhor agora que em 2009?
Em 2009 tinha acabado de fazer a transição de simples para dupla. Hoje me sinto muito mais preparado e maduro.
Você teve dificuldade para migrar da competição individual para a de duplas?
Eu tive facilidade. Mesmo quando me dedicava à simples, gostava de jogar duplas e sabia que era uma opção de carreira. Depois que voltei da lesão, achei que era a hora de investir nesse caminho, e acho que foi a decisão acertada.
O que passou pela sua cabeça nos dois anos em que esteve lesionado?
O pior da lesão grave, que foi o caso da minha, é a incógnita sobre quando voltar. Em princípio me falaram seis meses e demorou dois anos. Eu tive uma inflamação no trato tibial que não cedia de jeito nenhum. Comecei a buscar alternativas porque não sabia nem se ia jogar tênis de novo, mas nunca desisti de voltar. Na primeira chance que tive larguei tudo e voltei a treinar. Quero ir até a Olimpíada de 2020.
E depois de 2020?
Vou me preparar para o pós-carreira, mas ainda não sei o que farei. No Rio, em 2016, só não estarei se meu nível não permitir, mas gostaria muito de jogar três Olimpíadas, por isso a meta de 2020.
Depois de Guga, o tênis no Brasil tem chance de estar no top 10 em algum futuro próximo?
Está crescendo, mas é a longo prazo. Temos grandes promessas, uma safra boa e bons apoios. Mas é muito difícil falar em top 10, porque ali estão normalmente os grandes gênios, incomparáveis e fora da curva. É o caso do Guga, que ganhou Roland Garros com 20 anos. O Brasil está sempre em busca de um novo Guga, mas não adianta comparar com ele, temos que procurar olhar os futuros atletas dentro da evolução normal do esporte.
É errado essa busca pelo novo Guga?
Não é errado. Ele foi o melhor do mundo e temos que buscar o melhor. Seria ideal se pudéssemos fabricar um Guga a cada três anos, mas comparar com a trajetória do Guga é que acho errado.
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