Brasil de Pelotas reage após acidente fatal e luta por vaga na Série A
Flávio Neves/Folhapress | ||
Ramon, do Brasil de Pelotas, comemora gol na partida contra o Ceará |
Quem vê o Brasil de Pelotas na sexta colocação da Série B com 44 pontos e a apenas três pontos do G4, pode não imaginar que há sete anos um acidente de trânsito por pouco não deu fim a um clube de 105 anos de história.
No dia 15 de janeiro de 2009, o ônibus que retornava com a delegação a Pelotas após amistoso preparatório para o Campeonato Gaúcho, contra o Santa Cruz, no município do Vale do Sol, caiu em um barranco.
O acidente deixou 26 feridos e causou a morte do preparador de goleiros Giovani Guimarães, 40, do zagueiro Régis, 28, e do ídolo Cláudio Milar, uruguaio de 34 anos.
No elenco atual, não há nenhum atleta que vivenciou o acidente. Hoje no clube, somente o diretor executivo Armando Desessards, que à época era o treinador e estava no ônibus naquela noite.
"O acidente foi um divisor de águas. Foi uma queda e uma retomada. Ele ficará como um marco na história do Brasil de Pelotas. Hoje é mais alegria do que tristeza pelo momento que vivemos", disse Armando à Folha.
O clube por pouco não deixou de disputar o Gaúcho daquele ano. A desistência, porém, aumentaria as dívidas da equipe e agravaria a crise. Ainda abalados, os jogadores não conseguiram render em campo e o time caiu para a segunda divisão do Estadual.
"O time chegou ao fundo do poço, em um estágio que fugiu do nosso controle", afirmou Desessards.
Com dívidas e problemas internos, a equipe viria a cair em 2011 para a Série D do Campeonato Brasileiro, última divisão do Nacional.
"O clube se deteriorou com rebaixamentos sucessivos e maus resultados", lembrou Desessards, que ficou longe do time por nove meses para se recuperar dos ferimentos sofridos no acidente –fraturou a coluna e o tornozelo.
"O retorno foi natural. Não fiquei com trauma. O que ficou foi a saudade dos amigos que morreram", lamentou.
Nauro Júniori/Ag. RBS/Folha Imagem | ||
Acidente com ônibus que levava o time do Brasil de Pelotas, em 2009 |
RETOMADA
No Brasil de Pelotas que tenta voltar à Série A do Campeonato Brasileiro, salários em dia são obrigação, segundo o presidente do clube, Ricardo Fonseca. Outro mantra para o dirigente é a manutenção do trabalho do técnico.
"Acreditados num projeto, em ter uma filosofia de trabalho, que é a continuidade da comissão técnica e do grupo de jogadores", diz Fonseca.
E foi em Rogério Zimmermann que ele apostou suas fichas para se reerguer. O treinador, que começou a carreira em 2004 no próprio Brasil de Pelotas, voltou à equipe em 2012, após passagens por outros times. Em quatro anos de trabalho, chegou à elite do futebol gaúcho e à Série B do Brasileiro em 2016.
Com uma folha salarial de R$ 430 mil e o teto de R$ 12 mil, a equipe quer, no dia 26 de dezembro, esquecer 2009 e sorrir com o acesso à elite, que não vem desde 1985.
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