Clássico reforça caráter de Corinthians e Santos em apostar na prata da casa
Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians | ||
Revelado no Corinthians, o volante Maycon comemora gol marcado pela equipe no Paulista |
Corinthians e Santos se enfrentam neste sábado (3), às 19h, em Itaquera, pela quarta rodada do Brasileiro, em momentos distintos. Enquanto um ainda desfruta de um título recente e um bom começo na competição nacional, o outro sofre pressão por uma temporada cambaleante. Mas algo em comum acende a rivalidade do clássico.
A partida promove um duelo de escolas de formação de jogadores: o Terrão contra os Meninos da Vila.
Os corintianos têm três crias recentes da base entre os titulares, mesmo número santista: o zagueiro Pedro Henrique, o lateral Guilherme Arana e o volante Maycon.
A conta poderia aumentar com o lateral-direito Fagner e o atacante Jô, revelações corintianas da década anterior.
O maior campeão da Copa São Paulo (tem dez taças) recentemente mudou uma tendência de pouco utilizar os seus jovens talentos.
Em dificuldades financeiras, o clube parou de buscar reposições no mercado e passou a apostar na base. Arana substituiu Uendel, negociado com o Internacional. Assim como Léo Príncipe é a primeira opção para Fagner.
"Vejo os jogadores hoje, mas poderia ter muito mais. Esse time do Corinthians na última Copinha era muito bom. Nós, do Terrão, sempre subimos quando o clube está em situação desfavorável. Perdem-se atletas pelo caminho. Acredito que o Santos aposta mais, é quem aproveita melhor os seus garotos", diz o atacante Gil, formado pelo clube nos anos 2000.
Tudo para recuperar o histórico de grandes nomes revelados, como os de Viola, Zé Elias, Sylvinho, Kleber, Edu Gaspar, Gil, Willian e Marquinhos. O último foi o atacante Malcom, negociado com o Bordeaux (FRA), em 2016, titular da equipe campeã brasileira no ano anterior.
Moacyr Lopes Junior/Folhapress | ||
O volante do Santos Thiago Maia, prata da casa da equipe alvinegra |
MENINOS DA VILA
Se o termo "terrão" batizou as crias da base corintiana pela característica do campo que era utilizado pelo clube no Parque São Jorge, os Meninos da Vila nasceram em 1978, com uma geração de garotos liderados por Pita, Juary e João Paulo.
O Santos reacendeu a fama de revelador de talentos com a geração de 2002, que livrou o clube de jejum de 18 anos sem conquistas, mas também "à força". Em sérias dificuldades financeiras, apostou em uma safra talentosa que foi além das expectativas.
"É importante e necessário para o momento que o futebol brasileiro vive. Por toda a dificuldade dos clubes em contratar jogadores caros, as bases estão se fortalecendo. O Santos de 2002 foi campeão brasileiro e, de lá para cá, estamos usando muitos garotos", afirma o ex-meia Elano, expoente dessa geração e atual auxiliar-técnico no clube
O time que lançou as duplas Diego e Robinho e Neymar e Ganso foi bicampeão da Copinha, em 2013 e 2014.
Os nomes no atual time treinado por Dorival Júnior correspondem, curiosamente, às mesmas posições do rival: o zagueiro Lucas Veríssimo, o lateral-esquerdo Zeca e o volante Thiago Maia.
O zagueiro Gustavo Henrique, também titular da equipe, ainda se recupera de lesão ligamentar no joelho.
Zeca e Maia são os mais conhecidos. A dupla foi campeã olímpica e tem sondagens para deixar o Santos na próxima janela de transferências.
Lucas Veríssimo, por sua vez, é a principal surpresa. Desbancou a badalada contratação do zagueiro Cleber, que custou R$ 7,3 milhões.
Neste ano, as revelações já se enfrentaram pelo Paulista. O Corinthians venceu por 1 a 0, com o gol construído justamente por uma dupla vinda da base: assistência de Arana e conclusão de Jô.
O Corinthians de Fábio Carille ainda não perdeu contra os três rivais paulistas em 2017. Foram três vitórias e dois empates, com 73,3% de aproveitamento.
Já o Santos de Dorival Júnior fracassou em todos os clássicos na temporada. O time da Vila Belmiro tenta reverter o quadro sem o meia Lucas Lima, seu principal jogador, com lesão na coxa direita.
REVELAÇÕES DO PASSADO
Santos
Diego
Em 2002, o atual meia do Flamengo liderou com apenas 17 anos, ao lado de Robinho, o clube ao fim de uma fila de 18 anos sem títulos
Robinho
Brilhou na conquista do Brasileiro de 2002. Teve mais duas passagens pela Vila, em 2010 e entre 2015 e 2016, todas com títulos
Neymar
Maior artilheiro do Santos pós-Pelé, recebia salário de profissional ainda na base e levou o time à conquista da Libertadores de 2011
Pita
Camisa 10 da primeira geração de Meninos da Vila, o meio-campista conduziu o Santos à conquista do Paulista de 1978, o único que comemorou pelo clube
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Corinthians
Rivellino
Um dos maiores ídolos da história do Corinthians, jogou entre 1965 e 1974. Nestes dez anos, nunca conquistou títulos.
Casagrande
Revelado na década de 80, acumulou quatro passagens pelo clube. Participou do movimento denominado Democracia Corintiana
Willian
Chegou ao clube com 10 anos e virou profissional aos 17. Foi negociado com o Shakhtar Donetsk (UCR), em 2007, ano em que o Corinthians caiu para a Série B
Marquinhos
Hoje titular da seleção brasileira e do PSG (FRA), atuou pouco como profissional no clube. Ganhou a Copa São Paulo e integrou elenco campeão da Libertadores
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