Nicholas Santos, 37, leva prata nos 50 m borboleta no Mundial de Budapeste
Stefan Wermuth/Reuters | ||
O britânico Ben Proud cumprimenta Nicholas Santos após a final dos 50 m borboleta na Hungria |
Na virada do ano, Nicholas Santos estava resoluto. À beira dos 37 anos, perdeu a vaga para dos Jogos Olímpicos do Rio e não via razão de prosseguir na natação.
Chegou a informar a pessoas próximas que iria encerrar sua carreira depois de 15 anos e nove pódios em Campeonatos Mundiais em piscina longa (50 m) e curta (25 m) pela seleção brasileira.
Ele recuou da decisão somente porque dois de seus apoiadores mantiveram-no em seus quadros: a Unisanta, seu clube, e um fornecedor de material esportivo.
Se tivessem ficado alheios à situação do veterano, o Brasil não conquistaria uma medalha de prata no Campeonato Mundial de Budapeste nesta segunda-feira (24).
Atleta mais velho da competição, Santos terminou a prova dos 50 m borboleta na segunda posição, em 22s79, e amealhou seu segundo pódio seguido em Mundiais -ele havia chegado na mesma posição na edição de 2015, em Kazan, na Rússia.
O brasileiro terminou atrás do britânico Benjamin Proud (22s76) e à frente do ucraniano Andrii Govorov (22s84). Outro brasileiro na disputa, Henrique Martins foi sexto.
"Eu realmente agradeço às empresas por acreditarem em mim como atleta e o que represento na natação. Pois sem eles eu teria parado de nadar no final de 2016", disse à Folha antes do Mundial.
Mais incrível do que a láurea foi o contexto de reviravolta em que a conquista se deu. De quase aposentado, Santos, aos 37 anos, cinco meses e dez dias, tornou-se o mais velho medalhista em Mundiais ou Jogos Olímpicos.
A prata fez com que ele já revisse limites na carreira.
"Estou muito feliz. Com 37 anos, sou o mais velho a ganhar medalha em Mundial e ainda me perguntam se vou para 2020. Calma, um ano de cada vez. Vamos pensar no Mundial de piscina curta [25 m]", disse, em alusão ao torneio que ocorrerá em dezembro de 2018, na China.
O pódio do velocista foi o segundo do país nas piscinas da Hungria. No domingo (23), o revezamento 4 x 100 m livre com Gabriel Santos, Marcelo Chierighini, Cesar Cielo e Bruno Fratus havia sido prata.
A ida de Santos ao Mundial foi selada em maio, quando fez a marca de 22s61 na prova no Troféu Maria Lenk, que foi a última seletiva para o Mundial de Budapeste.
O tempo é o mais rápido da história se desconsiderados os trajes de poliuretano que auxiliavam na flutuação e puderam ser usados em 2008 e 2009. O recorde mundial do espanhol Rafael Muñoz, de 22s43, é daquela época.
Inicialmente, a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) levaria somente oito nadadores, todos de provas que fazem parte do programa dos Jogos Olímpicos para o evento húngaro.
Entretanto, o contingente foi revisado para 16 e Santos acabou incluído. Na delegação, ele foi o único convocado exclusivamente para distância não olímpica, o que causou discórdia entre técnicos da equipe nacional.
A estratégia, contudo, terminou bem-sucedida. "Amanhã é aniversário de meu filho [Nicholas, 1]. Queria o ouro para ele, mas essa prata está valendo muito", disse.
GUIDO AVANÇA
Também na tarde desta terça, Guilherme Guido, 30, classificou-se para sua primeira final em Mundial nos 100 m costas. Na semifinal, ela obteve a marca de 53s71 e passou para a decisão, que ocorrerá nesta terça-feira (25), com o sétimo tempo.
Guido é o atual recordista sul-americano da prova (53s09), mas a disputa por medalhas deve se restringir entre três nadadores: o chinês Jiayu Xu, que obteve o melhor registro das semifinais (52s44), e os norte-americanos Ryan Murphy e Matt Grevers, campeões olímpicos da prova nos Jogos do Rio-2016 e de Londres-2012, respectivamente.
ESTRELAS
Campeões olímpicos nos Jogos do Rio, o britânico Adam Peaty e a sueca Sarah Sjostrom defenderam seus status no Mundial da Hungria com recordes da competição.
Peaty, 22, levou o ouro nos 100 m peito com a marca de 57s47, segundo melhor registro da história. O tempo só é inferior ao que obteve na Olimpíada, com 57s13. O norte-americano Kevin Cordes (prata) e o russo Kirill Prigoda (bronze) completaram o pódio.
Sarah, 23, foi na mesma toada nos 100 m borboleta. Com 55s53, ficou muito perto de desbancar seu próprio primado mundial (55s48) e se sagrou tetracampeã mundial. Atrás dela vieram, pela ordem, a australiana Emma McKeon e a norte-americana Kelsi Worrell.
Laszlo Balogh/Reuters | ||
O britânico Adam Peaty comemora vitória nos 100 m peito no Mundial de Budapeste, nesta segunda (24) |
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