Investigação vai incluir Pan também comandado por Nuzman
Ian Cheibub/Folhapress | ||
PF prende Nuzman, presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e do comitê da Rio-16 |
O Ministério Público Federal vai investigar a organização do Pan de 2007. O evento foi presidido também por Carlos Arthur Nuzman, preso nesta quinta (5) no Rio.
Ele é suspeito de atuar na compra de votos para a escolha da cidade para sediar os Jogos de 2016. "Vamos apurar se a organização criminosa já se beneficiava naquela época. Não fechamos nenhuma linha de investigação", disse o promotor Rodrigo Timóteo.
Para realizar o Pan de 2007, o Rio sofreu com uma série de atrasos na execução das obras e teve o orçamento estourado várias vezes. O evento iria custar, inicialmente, R$ 414 milhões, mas saiu por R$ 3,7 bilhões.
"O esquema pode ser muito maior. Estamos colhendo novos dados", disse a procuradora Fabiana Scheider.
O Pan foi realizado no primeiro ano de Sérgio Cabral como governador do Rio. Ele está preso há quase um ano acusado de liderar uma organização criminosa que desviava recursos públicos.
A operação desta quinta é um desdobramento da Operação "Unfair Play", que investiga a compra do voto do senegalês Lamine Diack por US$ 2 milhões.
O empresário Arthur César Soares de Menezes, foragido há um mês, foi o responsável por pagar a quantia semanas antes da escolha, em outubro de 2009, em Copenhague, de acordo com as investigações. Menezes tinha uma série de negócios com o governo Sérgio Cabral.
Operação Unfair Play |
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GANHA GANHA
Timóteo classificou o esquema corrupto como um "ganha ganha".
"Não bastava ganhar as Olimpíadas. A organização criminosa através de ao menos quatro pessoas diretamente envolvidas na organização criminosa do Cabral recebeu de alguma forma benefícios na realização da Olimpíada", disse o procurador.
De acordo com o Ministério Público, já foram denunciados os esquemas referente a obras do Arco Metropolitano, da Linha 4 do metrô, da reforma do Maracanã, da Transcarioca e da recuperação ambiental da bacia de Jacarepaguá.
"Isso mostra que os Jogos Olímpicos foram planejados e estruturados tendo trazido um ciclo econômico bastante interessante para essa organização criminosa e foi uma das melhores estratégias de capitalização política e financeira também pra que a organização criminosa pudesse atuar. A partir dos Jogos Olímpicos veio uma avalanche de investimentos não só privados, mas públicos também", disse a procuradora.
BARRAS DE OURO
No mês passado, Nuzman fez uma retificação de seu imposto de renda após a deflagração da Operação Unfair Play. Neste ato, declarou ter 16 barras de ouro, de 1 kg cada, depositadas num cofre na Suíça no valor de R$ 1,5 milhão. Também informou à Receita os R$ 480 mil em espécie encontrados na sua casa, em cinco moedas diferentes.
A alteração na declaração às autoridades fiscais foram interpretadas como uma tentativa de obstruir as investigações.
"Enquanto atletas olímpicos buscavam a sua medalha de ouro, dirigentes guardava suas barras de ouro na Suíça", afirmou Fabiana.
O MPF considerou a prisão de Nuzman "imprescindível não só como garantia da ordem pública, como para permitir bloquear o patrimônio, além de impedir que ambos continuem atuando, seja criminosamente, seja na interferência da produção probatória".
Um dos argumentos da Procuradoria foi a retificação ao imposto de renda para declarar entre seus bens 16 barras de ouro de 1 kg, guardados num cofre na Suíça. Ela foi feita no dia 20 de setembro, após a deflagração da Operação Unfair Play.
"Ao fazer a retificação da declaração de imposto de renda para incluir esses bens, claramente atuou para obstruir investigação da ocultação de patrimônio", diz a Procuradoria.
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