A final entre Corinthians e Palmeiras será a primeira do Campeonato Paulista disputada com torcida única.
Apesar da oposição dos presidentes dos clubes, o Ministério Público, a Secretaria de Segurança Pública e a Federação Paulista de Futebol não abrem mão da medida, implementada em abril de 2016, que determinou a presença apenas dos torcedores do mandante nos clássicos.
Nas últimas duas temporadas, a final contou com as duas torcidas porque envolveu Santos e Audax, em 2016, e Corinthians e Ponte Preta, na edição do ano passado.
O veto foi implementado após confronto entre integrantes das torcidas Mancha Alvi Verde, do Palmeiras, e Gaviões da Fiel, do Corinthians, que deixou dezenas de feridos e uma pessoa morta.
A primeira partida da decisão será neste sábado (31), às 16h30, no Itaquerão. A segunda foi marcada para 8 de abril, no Allianz Parque.
Se o Corinthians for campeão, vai levantar o troféu sem nenhum torcedor da equipe presente no estádio.
“Eu sou contra [torcida única]. Mas não adianta eu discutir esse assunto com o Maurício [Galiotte, mandatário do Palmeiras] agora. Está na véspera do jogo. O que a gente pode fazer é discutir esse assunto com as autoridades”, afirma Andrés Sanchez, presidente do Corinthians.
Era a mesma posição adotada por seu antecessor Roberto de Andrade, que deixou o cargo em fevereiro deste ano. Ele admitia que os clubes eram impotentes para reverter essa situação, já que havia um consenso entre as autoridades do Estado a respeito do assunto.
“É difícil porque cada vez que há uma reclamação quanto à torcida única, o Ministério Público apresenta números de que caiu o número de casos de violência no futebol. Para o espetáculo, acredito que tem de ter as duas torcidas. Dependemos da Polícia Militar e da Secretaria de Segurança Pública”, disse o presidente do Palmeiras.
Estatísticas
Foi registrado também a melhora das médias de públicos em clássicos desde que a medida foi implantada. O crescimento foi de 24%.
Segundo dados oficiais, na comparação entre 20 partidas antes e depois da adoção da torcida única, o número de confrontos entre organizadas caiu de 16 para 8.
“No curto prazo, a volta da torcida visitante em clássico é irreversível”, afirma o promotor Paulo Castilho, do Ministério Público paulista.
Isso não impediu casos de violência. Em 4 de março deste ano, o corintiano Danilo da Silva dos Santos foi morto em confronto com santistas em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo. Naquele dia, Santos e Corinthians se enfrentaram no Pacaembu pelo campeonato Estadual.
A polícia do Rio de Janeiro tentou implantar a medida também no futebol carioca, mas encontrou oposição dos dirigentes. A Justiça derrubou a decisão apoiada pelo Ministério Público.
“Isso não resolve o problema da violência. O que resolve é a punição rigorosa desses criminosos que causam tumulto e que eles sejam impedidos de entrar nos estádios. Existem brigas entre torcedores do mesmo time”, opina o presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello.
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