Descrição de chapéu Copa do Mundo

Líder da Croácia, Vida coleciona polêmicas na carreira e agora na Copa

Zagueiro passou a ser mais sério depois que criou uma família, dizem amigos

Vida brinca com o filho David após a vitória da Croácia sobre a Inglaterra na semifinal da Copa
Vida brinca com o filho David após a vitória da Croácia sobre a Inglaterra na semifinal da Copa - Yuri Cortez/AFP
Diego Garcia Fábio Aleixo Luiz Cosenzo
Moscou

Com fama de encrenqueiro na Croácia, o zagueiro Vida, 29, pode conquistar no próximo domingo (15) um título inédito à nação de pouco mais de 4 milhões de habitantes. Pilar do sistema defensivo croata, o jogador é a esperança da surpresa da Copa para brecar o ataque francês na decisão, às 12h, no estádio Lujniki, em Moscou.

Domagoj Vida é filho do ex-atacante croata Rudika Vida, que teve como melhor ano na carreira os 26 gols em 34 partidas na Liga Croata pelo NK Belisce, durante a temporada 1993/94. Mesmo com a artilharia, o time do jogador ficou apenas em 12º entre 18 times.

Se Rudika não fez sucesso, Vida já escreveu o seu nome na história do futebol croata com a vaga na final. Na caminhada até a decisão, o zagueiro fez o gol no empate diante da Rússia por 2 a 2, pelas quartas do Mundial. Nos pênaltis, a Croácia venceu e avançou.

O perfil encrenqueiro de Vida entrou em campo justamente após a vitória. Em vídeo, o zagueiro dedicou o triunfo à Ucrânia, país envolvido em disputa com a Rússia sobre o território da Crimeia e a Guerra de Donbass, que resultou na morte de milhares de pessoas desde o início de 2014. A mensagem custou o emprego do técnico assistente da equipe, Ognjen Vukojevic. Ambos haviam trabalhado juntos no Dínamo de Kiev.

Vida foi poupado pela federação croata. Os russos não perdoaram a atitude. Cantos contra os croatas foram criados. Na semifinal diante da Inglaterra, o zagueiro ouviu vaias da torcida. Nada que o fizesse mudar de postura ou perder a concentração em campo contra os ingleses.

Após a ida para a final, Vida pediu desculpas aos russos.

Vida começou a carreira no NK Osijek, um dos antigos clubes de seu país. Aos 21 anos, mudou-se para Leverkusen, na Alemanha, onde defendeu o Bayer. Só jogou uma partida pelo Campeonato Alemão antes de retornar à Croácia, onde teve uma segunda chance no Dínamo Zagreb.

"Mentalmente, ele era muito bom, mas sua habilidade não era boa", disse à imprensa croata o ex-jogador Stefan Reinartz, ex-colega no Bayer.

Em Zagreb, Vida não fugiu dos problemas. Em sua primeira temporada, esteve envolvido em uma suposta fraude de manipulação de resultados. O caso não foi investigado pela Uefa. Na ocasião, o Dínamo levou 7 a 1 do Lyon, pela Liga dos Campeões, e o zagueiro croata foi flagrado piscando para Bafetimbi Gomis, do time adversário, depois de um dos gols.

Vida ficou manchado pelo episódio. Mas não se importou. No ano seguinte, em setembro de 2012, a caminho de uma partida pelo campeonato local, abriu uma cerveja e começou a beber dentro ônibus da equipe para tirar sarro. O técnico Ante Cacic o expulsou do veículo e o multou em 100 mil euros (R$ 450 mil).

Cacic foi seu técnico anos mais tarde na seleção croata. Apesar dos problemas disciplinares do zagueiro, o treinador passou a colocá-lo regularmente no time titular.

A avaliação era que Vida é muito popular entre os companheiros de time e passou a ser mais sério depois que criou uma família, de acordo com jornais croatas.

"Vida é uma pessoa que admiro por ter uma mentalidade vitoriosa, de personalidade forte que fala logo o que pensa. Por isso nos damos bem. A personalidade forte e essa vontade de vencer faz ele cobrar bastante, mas para o bem", aponta o atacante brasileiro Júnior Moraes, do Shakhtar Donetsk, que jogou com o croata no Dínamo de Kiev.

Natural da Eslavônia, região geográfica e histórica da Croácia oriental, no leste do país, o zagueiro de 29 anos é casado com a modelo Ivana Gurgic, ex-miss Croácia em 2014 e mãe de seu filho, David Vida, que tem o acompanhado na Rússia --o menino invadiu o campo após a vitória contra a Inglaterra para comemorar nos ombros do pai.

O zagueiro tem 64 jogos pela seleção e três gols marcados, sendo o último o mais importante, o que ajudou a tirar o país anfitrião da competição.

O atleta croata jogou 540 minutos nesta Copa e percorreu uma distância de 52 km, sendo 19,9 deles sem a posse de bola, ou seja, marcando os adversários.

Cometeu duas faltas, sofreu outras duas e levou um cartão amarelo, contra a Rússia, jogo vencido pelos croatas na disputa por pênaltis após empate por 2 a 2 no tempo normal e na prorrogação.

Domagoj Vida, 29

O zagueiro estreou no Osijek (CRO) em 2006. Após apagada passagem pelo Bayer Leverkusen (ALE), voltou ao país natal para o Dínamo Zagreb. De 2013 até o ano passado, jogou no Dínamo de Kiev, e hoje defende o Besiktas (TUR)

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