Parte da corrida para o streaming, que vem sendo priorizada pelos grandes grupos de TV e telecomunicações, Globo inclusive, a compra da Fox pela Disney tem como propósito declarado ampliar seu poder de fogo, em conteúdo.
Até o final do ano, o maior conglomerado de mídia do mundo deve lançar seu serviço concorrente da Netflix, chamado de Disney+.
O presidente mundial da Disney, Bob Iger, chegou a vir ao país há duas semanas na esperança de derrubar a resistência do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgão do Ministério da Justiça.
Brasil e México seriam os últimos obstáculos para o negócio, daí a decisão de repassar a Fox Sports aceita afinal por Iger –que segundo a Bloomberg negocia a compra da Fox há dois anos e receberá US$ 100 milhões quando ela for confirmada.
O argumento de opositores da incorporação da Fox Sports à Disney, como o Grupo Globo, aceito pelo Cade, foi de que traria concentração da concorrência nos canais de TV paga dedicados à transmissão esportiva, pois a ESPN também é da Disney.
Mas a concentração já vem acontecendo e, novamente, provocada pela sombra cada vez maior do streaming, inclusive na transmissão de esportes, e consequente decadência da TV paga.
A desativação do Esporte Interativo, em setembro último, foi o primeiro grande choque neste movimento, que acontece na TV paga mundial.
Como no caso Fox Sports-Disney, o EI era da WarnerMedia, que está sendo comprada pela AT&T, o que trouxe questionamentos regulatórios no Brasil, levantados também pelo Grupo Globo.
A AT&T, considerada o maior conglomerado de telecomunicações do mundo, quer a WarnerMedia (ex-Time Warner) para ampliar seu poder de fogo, em conteúdo, e lançar até o final do ano o seu próprio serviço concorrente da Netflix.
O fato de gigantes mundiais como Disney e AT&T estarem dispostos a abrir mão de operações como Fox Sports e EI é mais um sinal da derrocada da TV paga no Brasil --e em outros países, EUA inclusive.
Para os torcedores brasileiros, que aprenderam a consumir as transmissões esportivas na TV paga, a concentração pode ser momentânea, parte de uma fase de transição da TV e das telecomunicações no país.
O próprio Grupo Globo já oferece hoje transmissão via streaming, no Premiere, com assinatura desvinculada da TV paga.
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