Presidente da CBF enriqueceu como cartola e bancou Tite após Copa

Pupilo de Del Nero, Rogério Caboclo assume presidência da confederação

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Rio de Janeiro

Eleito em abril de 2018 como novo presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Rogério Caboclo, 46, toma posse nesta terça-feira (9), em evento na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. O dirigente, porém, já dá as ordens na CBF desde dezembro de 2017, quando o então presidente Marco Polo Del Nero foi afastado do futebol pela Fifa por corrupção –acabou banido posteriormente.

Chefe de delegação da seleção brasileira na Copa do Mundo da Rússia, em 2018, foi ele quem decidiu pela permanência de Tite após a derrota nas quartas de final da Copa para a Bélgica. O dirigente conversou com o treinador logo em seguida à eliminação, ainda no vestiário da Arena Kazan, e avisou que ele só sairia do cargo se quisesse. O técnico renovou dias depois.

Coronel Antônio Nunes, vice-presidente mais velho da CBF na época da queda de Del Nero, herdou o cargo de presidente da entidade, mas era presença apenas figurativa na confederação. Quem sempre dava as cartas era Caboclo.

Atualmente, Caboclo mantém boa relação com o treinador e com Edu Gaspar, coordenador de seleções da confederação. Em janeiro, afirmou, em entrevista, que Tite vai continuar no cargo mesmo com derrota na Copa América, que será disputada no Brasil, entre junho e julho deste ano. “Ele tem contrato até o Mundial do Qatar (2022) e vai continuar até lá”, afirmou Caboclo.

Filho de Carlos Caboclo, 81, dirigente histórico do São Paulo, onde foi diretor de futebol amador, futebol profissional, comunicação, marketing e relações institucionais, Rogério é considerado pupilo de Marco Polo Del Nero, seu mentor no futebol. Avesso a entrevistas, foi apelidado por dirigentes como “Senhor Compliance” por conta de seu comportamento na confederação.

Foi graças a Del Nero que Caboclo conseguiu o cargo de diretor da  FPF (Federação Paulista de Futebol) aos 28 anos, em 2001, quando o ex-cartola era vice-presidente da entidade estadual. Ele continuou lá até 2012, quando chegou ao COL (Comitê Organizador Local) da Copa do Mundo de 2014 por indicação de Marco Polo. Depois do torneio, se tornou diretor executivo de gestão da CBF, também por convite do mesmo cartola.

Foi também com a ajuda do cartola que Caboclo chegou à presidência da entidade. Com o apoio de Del Nero, ele conseguiu mobilizar federações suficientes para inviabilizar a candidatura de Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol, e foi candidato único na eleição de abril de 2018.

O pleito é contestado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, que questiona uma manobra realizada pela confederação para mudar o colégio eleitoral da entidade. Obrigada por lei a incluir os clubes da Série B do Brasileiro na votação, a CBF mudou o peso dos votos em assembleia sem a participação dos clubes da Série A. Federações estaduais passaram a ter voto com peso 3, clubes da Série A peso 2 e times da Série B peso 1. A alteração manteve igual a representação das federações no colégio eleitoral, mas reduziu a representatividade das equipes da Série A.

A chegada ao COL e à CBF fez aumentar seu patrimônio pessoal, que foi de R$ 2,8 milhões para R$ 8,6 milhões em apenas seis anos, segundo mostrou reportagem da Folha de março de 2018. No período, até ser eleito presidente da CBF, ele adquiriu, entre outros bens, dois apartamentos, que somados custaram R$ 4,5 milhões, um carro BMW (R$ 320 mil) e um veículo Mercedes-Benz (R$ 360 mil).

Na mesma época em que chegou à CBF, uma empresa na qual Caboclo tinha sociedade arrematou em leilões quatro imóveis em São Paulo por aproximadamente R$ 1,7 milhão. Em 2017, Rogério fez as compras mais expressivas em nome da mesma companhia: adquiriu um prédio e um terreno na zona sul de São Paulo por R$ 5,5 milhões. 

Em 2001, quando começou no futebol, o patrimônio do dirigente era de apenas R$ 570 mil, em valores corrigidos pelo IGPM (Índice Geral de Preços do Mercado). Como diretor-executivo de gestão da CBF, o futuro presidente da CBF recebia R$ 120 mil por mês da entidade. Seu último salário na FPF, onde trabalhou entre 2001 e 2015, foi de R$ 35 mil —quando ocupava o cargo de diretor financeiro da federação.

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