Justiça arquiva inquérito de acusação de estupro contra Neymar

Decisão foi anunciada nesta quinta e acusadora é investigada pela Polícia Civil

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São Paulo

A Justiça de São Paulo decidiu nesta quinta (8) arquivar o inquérito do caso em que  Neymar é acusado de estupro e agressão por Najila Trindade.

A decisão foi tomada pela juíza Ana Paula Vieira de Moraes, da Vara de Violência Doméstica e Familiar contra Mulher, acatando pedido das promotoras Flávia Merlini e Estefânia Paulin, da Promotoria de Justiça de Enfrentamento à Violência Doméstica de Santo Amaro, zona sul da capital.

"Importante deixar claro que o arquivamento por falta de provas pode ser reaberto a qualquer momento desde que haja novas diligências", disse Melini em entrevista nesta quinta (8). "O que acontece em quatro paredes não é possível saber, tem a palavra dela e contra a dele, e as provas não foram suficientes para indiciamento."

Neymar antes de partida pelo PSG
Neymar antes de partida pelo PSG - FRANCK FIFE - 3.ago.2019/AFP

A promotora Paulin diz que, por várias vezes, o Ministério Público solicitou diversas provas, como o celular de Najila, mas não foram fornecidas pela própria modelo. 

"O arquivamento implica na estagnação do inquérito por esgotamento de todas as diligência. Se, por exemplo, surgirem provas como o vídeo, o celular, o juiz analisa e pode pedir a reabertura ou não", disse Paulin.

“Entendemos que essa agressão narrada pela vítima fazia parte de um contexto. Pedimos várias vezes provas e a própria Najila não ofereceu. Foram exaustivas diligências. O laudo do médico onde foi atendida, ‘ah eu perdi’. No depoimento, a delegada ofereceu um computador para Najila descarregar o vídeo, que estava no celular. Ela disse que não podia, se comprometeu em voltar na próxima semana para entregar o celular e não fez”, completa.

O Ministério Público tinha outras possibilidades: arquivar o caso; discordar da Polícia Civil e oferecer denúncia contra Neymar; solicitar novas diligências como depoimentos e outras provas; oferecer denúncia contra a modelo pelo crime de denunciação caluniosa.

A Polícia Civil, a pedido do pai de Neymar e do próprio jogador, já a investiga por tentativa de extorsão e denunciação caluniosa.

Najila registrou boletim de ocorrência acusando o jogador de estupro e agressão no dia 31 de maio, na 6ª Delegacia de Defesa da Mulher.

Os dois se conheceram por meio de mensagens em uma rede social. Neymar comprou passagens e bancou a hospedagem dela em Paris. Os crimes teriam acontecido em 15 de maio deste ano na capital francesa, no Sofitel Arc De Triomphe. A delegada Juliana Lopes Bussacos concluiu as investigações no dia de 29 de julho e decidiu não indiciar o atacante.

“Durante o inquérito foi juntado laudo sexológico, de corpo de delito indireto, a ficha de atendimento do hospital onde ela passou por atendimento psicológico e do atendimento particular, laudo dos celulares e do tablet do filho e não tive elementos do acusado", disse Bussacos.

Além dos laudos, Bussacos ouviu 12 testemunhas. Najila depôs três vezes, e Neymar, uma vez.

A Folha revelou, em junho, que a modelo deu versões diferentes sobre o caso em dois depoimentos prestados na Polícia Civil. Na primeira vez em que foi ouvida sobre a acusação de abuso sexual, não citou que o atleta teria se negado a usar camisinha no encontro dos dois em um hotel em Paris, no dia 15 de maio.

O depoimento foi prestado no dia 31 de maio. Najila disse que "Neymar chegou por volta das 20h no hotel, aparentemente embriagado". Ela afirma eles "começaram a trocar carícias, contudo, em determinado momento, ele passou a desferir tapas nas nádegas, quando a vítima pediu para ele parar".

​A acusadora diz que o jogador só parou após os apelos, mas, depois, "novamente começou a lhe desferir mais tapas, agora com maior intensidade. A vítima disse que, nesse momento, pediu para que o jogador parasse, dizendo 'para, está me machucando', contudo ele ignorou, 'pegou-a' força, puxou seus cabelos e mediante violência, praticou relação sexual contra sua vontade".

No dia 7 de junho, em novo depoimento, Najila disse que o questionou sobre possuir camisinha ou não e foi enfática: que sem camisinha, não haveria penetração. A modelo afirma, então, que Neymar a agarrou com força pelo quadril e fez sexo com ela sem o consentimento.

A Polícia Civil também suspeitou das versões dela para não apresentar o tablet no qual afirma ter armazenado vídeo de sete minutos que comprovaria o suposto estupro. No depoimento do dia 7, se comprometeu em esvaziar o celular, salvar seus arquivos e entregá-lo na semana seguinte. Algo que não aconteceu, inclusive fazendo com que o então advogado da modelo, Danilo Garcia de Andrade, resolvesse deixar o caso. Apenas um trecho de um minuto do celular veio à tona. Nele, Najila desfere tapas em Neymar.

O atacante não se pronunciou sobre o assunto. Em sua conta no Instagram, o pai dele, Neymar da Silva Santos, agradeceu ao apoio dos fãs  "que sempre acreditaram na inocência" do jogador da seleção brasileira e do Paris Saint-Germain. 

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