A Polícia Civil decidiu não indiciar o jogador Neymar por crime de estupro no caso em que ele foi acusado pela modelo Najila de Souza, em maio. A investigação foi concluída nesta segunda-feira (29) pela delegada Juliana Lopes Bussacos, da 6ª Delegacia de Defesa da Mulher.
O inquérito policial foi aberto após a suposta vítima registrar boletim de ocorrência no dia 31 de maio. A delegada tinha 30 dias para a conclusão do inquérito, mas fez o pedido de prorrogação do prazo no dia 1º de julho. A juíza acatou no último dia 12.
A polícia concluiu que o jogador do PSG e da seleção brasileira não cometeu nenhum crime. A Folha apurou que a investigação encontrou muitas contradições nos depoimentos de Najila.
Apos a conclusão do inquérito da polícia, o Ministério Público terá acesso à investigação e poderá pedir arquivamento, novas diligências ou denunciar Najila pelo crime de denunciação caluniosa. O prazo para essa decisão ser tomada é de 15 dias, a partir desta terça-feira.
Procurada pela Folha, a assessoria de Neymar disse que não se pronunciaria sobre o caso.
O advogado de Najila afirmou ao UOL que o caso ainda não está encerrado. "Delegado não julga, quem julga é judiciário. Nós ainda acreditamos no Ministério Público, acreditamos no Judiciário. Pode acontecer de o MP denunciar ou pedir mais diligência", afirmou Cosme Araújo.
Em junho, a Folha revelou que Najila deu versões diferentes sobre o caso em dois depoimentos prestados na Polícia Civil. Na primeira vez em que foi ouvida sobre a acusação de abuso sexual, não citou que o jogador teria se negado a usar camisinha no encontro dos dois em um hotel em Paris, no dia 15 de maio.
O depoimento foi prestado no dia 31 de maio. No relato, ela disse que "Neymar chegou por volta das 20h no hotel, aparentemente embriagado". O depoimento informou que eles "começaram a trocar carícias, contudo, em determinado momento, ele passou a desferir tapas nas nádegas, quando a vítima pediu para ele parar".
No depoimento, Najila informou que Neymar parou após os apelos, mas, depois, "novamente começou a lhe desferir mais tapas, agora com maior intensidade. A vítima disse que, nesse momento, pediu para que o jogador parasse, dizendo 'para, está me machucando', contudo ele ignorou, 'pegou-a' força, puxou seus cabelos e mediante violência, praticou relação sexual contra sua vontade".
Uma semana depois, no dia 7 de junho, ela prestou um novo depoimento e afirmou na delegacia que, após trocarem carícias, Neymar deu tapas nela. Depois, disse que o questionou sobre ele ter camisinha.
Najila relatou que afirmou ao jogador que, sem preservativo, não haveria a penetração. De acordo com a suposta vítima, ele a segurou com força no quadril e fez sexo com ela sem consentimento.
A versão foi igual à dada por ela, em entrevista ao SBT, na sua primeira declaração pública desde que registrou a ocorrência.
"Fui vítima de estupro. Agressão juntamente com estupro", afirmou. Najila disse na entrevista ter alertado a Neymar que não queria ser penetrada, já que ele estava sem preservativo. Antes, ela disse que havia reclamado que o jogador estava agressivo. Ele ignorou seus apelos, segundo a suposta vítima.
Outro ponto que fez a Polícia Civil suspeitar da versão dada pela modelo foi o fato de ela nunca ter apresentado um tablet no qual ela afirmou ter armazenado um vídeo que comprovaria o suposto estupro.
O advogado Danilo Garcia de Andrade, que chegou a representar Najila, deixou o caso após cobrar dela as imagens presentes no aparelho.
Inicialmente, ela disse à polícia que entregaria o tablet após salvar a agenda e dados pessoais presentes neles. Depois, alegou que sua casa foi invadida e o aparelho, roubado.
Um trecho de cerca de um minuto do vídeo citado por Najila foi exibido pela TV Record. Nele, é Najila quem aparece batendo no jogador.
Quando o caso da acusação de estupro foi revelado, Neymar estava concentrado com a seleção brasileira na Granja Comary. O jogador iria disputar a Copa América. Após sofrer uma lesão em amistoso contra o Qatar, ele foi cortado da equipe.
Convocado pela Justiça, prestou depoimento em 13 de junho em São Paulo e, dias antes, no Rio de Janeiro, onde é investigado por ter divulgado fotos íntimas de Najila em um vídeo postado nas redes sociais.
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