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Tóquio 2020

Atletismo brasileiro faz Mundial do quase, mas tem boas perspectivas

Sem pódio, país soma três quartos lugares e vê atletas superarem suas marcas

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Brasília

O penúltimo dia do Mundial de atletismo de Doha reuniu as duas maiores chances de medalha do Brasil na competição. Neste sábado (5), Darlan Romani, do arremesso do peso, e o time de velocistas do revezamento 4 x 100 m chegaram perto de cumprir as expectativas, mas acabaram fora do pódio por uma posição.

Assim, a delegação brasileira se despediu do evento realizado no Qatar sem nenhuma medalha conquistada, diferentemente de outros 43 países que colocaram pelo menos um atleta entre os três primeiros de alguma prova.

Há uma outra maneira, porém, de analisar o desempenho brasileiro na competição. A federação internacional de atletismo organiza um ranking com base na participação em finais, com pontuações distribuídas do primeiro ao oitavo lugar.

Nesse critério, o Brasil fez o segundo melhor Mundial de sua história, atrás apenas do desempenho obtido em 1999, quando deixou a competição em Sevilha com três medalhas –no total das 17 edições do campeonato, o país acumula 13 pódios. Em Doha, os brasileiros terminaram sete provas entre os oito primeiros colocados.

Se para muitos o segundo lugar é o primeiro dos últimos, dificilmente alguém relatará um desempenho que culminou na quarta posição como algo memorável. Em que pese a leitura imediatista, ocupar esse posto pode significar boas possibilidades de evoluir para sair da Olimpíada de Tóquio-2020 como medalhista.

É comum que atletas de qualquer esporte, por sentirem a pressão ou por não terem se preparado da forma adequada, entreguem uma performance bem aquém do seu melhor no evento mais importante do ano. Portanto, mostra-se bom sinal para o atletismo brasileiro que isso não tenha ocorrido com os principais nomes do país.

Darlan Romani compete na final do arremesso de peso em Doha
Darlan Romani compete na final do arremesso de peso em Doha - Kirill Kudryavtsev/AFP

Darlan, 28, não fez o melhor arremesso da sua carreira neste sábado, mas, com 22,53 m, chegou perto do seu recorde pessoal: 22,61 m. O resultado do catarinense seria suficiente para lhe dar uma medalha em qualquer outra edição de campeonato mundial, porém calhou de Doha presenciar a prova mais forte da história da modalidade.

Mesmo que ele tivesse superado sua melhor marca, provavelmente ela não seria suficiente para competir com os três primeiros colocados no Qatar, que arremessaram impressionantes 22,91 m e 22,90 m. Foram os três melhores resultados desde o estabelecimento do recorde mundial (23,12 m), em 1990.

Já o revezamento brasileiro 4 x 100 m, com o tempo de 37s72, quebrou o recorde sul-americano da prova, mas mesmo assim ficou atrás de Japão, Grã-Bretanha e Estados Unidos. Em maio, quando a equipe venceu o campeonato mundial específico de revezamentos, havia sido 33 centésimos mais lenta.

Alison dos Santos descansa após disputar a final dos 400 m com barreireiras em Doha
Alison dos Santos descansa após disputar a final dos 400 m com barreireiras em Doha - Jewel Samad/AFP

Alison dos Santos, principal revelação do atletismo brasileiro aos 19 anos, também fez seu melhor tempo da vida nos 400 m com barreiras (48s28) e chegou na sétima posição. Depois dele, o atleta mais novo na final tinha 22 anos, o que dá a dimensão do quanto o jovem pode evoluir nos próximos anos.

Na marcha atlética, Erica Sena, 34, terminou a prova de 20 km, disputada com temperatura acima de 30°C mesmo durante a madrugada no Qatar, na quarta posição, atrás de três chinesas.

Distante da forma que o levou ao ouro no salto com vara na Olimpíada do Rio, Thiago Braz, 25, ficou na quinta colocação em Doha após saltar 5,70 m, 27 cm a menos do que os dois primeiros colocados.

Hoje a modalidade está dominada pelo americano Sam Kendricks, pelo sueco Armand Duplantis e pelo polonês Piotr Lisek, mas o brasileiro sabe por experiência própria que um dia muito bom pode ser o suficiente para garantir a glória olímpica.

Fernanda Borges, 31, representou bem o país no lançamento do disco e terminou na sexta posição. Outra brasileira com bons resultados na prova, Andressa de Morais, 28, está suspensa preventivamente após ter sido flagrada em exame antidoping durante os Jogos Pan-Americanos de Lima.

Entre os que tiveram resultados abaixo do esperado no Mundial estão Gabriel Constantino, 24, que tropeçou e não completou os 110 m com barreiras; Almir Júnior, 26, 12º e último colocado na final do salto triplo; e Caio Bonfim, 28, 13º colocado nos 20 km da marcha atlética.

Passar em branco numa competição em que havia boas chances de pódio não fará ninguém soltar rojões, mas também não se pode ignorar as perspectivas positivas apresentadas pelos atletas do Brasil. A missão daqui a nove meses, na Olimpíada de Tóquio-2020, será enfim transformá-las em medalhas.

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