Descrição de chapéu Seleção Brasileira

Brasil recebe Mundial sub-17 e tenta voltar a vencer na base

Seleção não ganha mundiais nas duas principais categorias desde 2011

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

País-sede do Mundial sub-17, o Brasil faz o jogo de estreia do torneio neste sábado (26), contra o Canadá, às 17h, no estádio Bezerrão, no Distrito Federal, com a missão de tentar voltar a vencer um dos principais torneios de seleções de base.

Nessa categoria, a seleção brasileira não fatura o título desde 2003, quando venceu a Espanha por 1 a 0 na decisão. Campeã também em 1997 e 1999, a equipe chegou até as semifinais em 2 das últimas 4 edições, mas viu a Nigéria ultrapassá-la como maior vencedora, com cinco títulos no total –três deles conquistados de 2007 para cá.

Para a edição deste ano, o Brasil só conseguiu a classificação porque sediará o Mundial. Inicialmente, a competição seria realizada no Peru, que desistiu da organização em fevereiro. A Fifa, então, recorreu aos brasileiros para recebê-lo.

O atacante Lincoln é marcado por Fafana, de Ghana, no último Mundial sub-17, em 2017
O atacante Lincoln é marcado por Fafana, de Ghana, no último Mundial sub-17, em 2017 - Dibyangshu Sarkar/AFP

No Sul-Americano sub-17, que foi disputado entre março e abril, o time comandado por Guilherme Dalla Déa parou ainda na fase de grupos.

No Grupo B, ao lado de Uruguai, Paraguai, Argentina e Colômbia, teve a mesma pontuação de uruguaios, paraguaios e argentinos (sete pontos), mas não se classificou ao mata-mata pelos critérios de desempate.

Para o técnico Carlos Amadeu, que trabalhou recentemente com as seleções de base sub-17 e sub-20, o Brasil tem encontrado dificuldade em formar bons elencos para o Mundial pela dificuldade que os clubes colocam na liberação de atletas.

"Há um comportamento dos times brasileiros que é a utilização precoce dos jogadores, sobretudo na faixa dos 18, 19 anos. Agora começaram a usar jogadores de 17 anos. Os principais talentos acabam não jogando Mundial. É o caso do Vinicius Júnior, que não jogou o Mundial [de 2017] porque o Flamengo, de última hora, não liberou. E agora aconteceu o mesmo caso com o Reinier [também do Flamengo, que não o liberou]. São os dois maiores expoentes de suas gerações", ele diz à Folha.

Na última edição do torneio, há dois anos, a seleção brasileira parou na semifinal diante da Inglaterra, que acabou se sagrando campeã. Os ingleses, inclusive, também faturaram o Mundial sub-20 no mesmo ano.

Inspirado no centro de treinamentos de Clairefontaine, na França, o complexo inglês de St. George's Park foi inaugurado em 2012 e, desde então, as seleções de base inglesas colhem os frutos do projeto.

O investimento na formação, que rendeu ao continente europeu sete títulos mundiais entre sub-17 e sub-20 neste século, também tem dificultado a vida, por exemplo, de argentinos e brasileiros, grandes centros reveladores de talentos.

"Os europeus hoje estão muito fortes, com trabalhos consistentes. Na Europa, os clubes estão organizados nas datas Fifa, liberam os atletas para todas essas datas. Todo ano o atleta veste a camisa da seleção de seu país em mais de dez convocações, um número de jogos internacionais muito grande", afirma Amadeu.

A maior dificuldade da seleção brasileira tem sido sobretudo no sub-20. Dos últimos cinco Mundiais, o Brasil não conseguiu se classificar para três deles (2019, 2017 e 2013). No Sul-Americano de 2019, a equipe comandada por Carlos Amadeu ficou em penúltimo no hexagonal final.

O último título mundial na categoria veio em 2011, na geração que tinha Casemiro, Oscar e Philippe Coutinho. Na decisão, contra Portugal, Oscar marcou os três gols da vitória por 3 a 2 sobre os europeus.

Para Amadeu, demitido após a queda no Sul-Americano deste ano, o problema não está na falta de talento, mas sim na preparação. A seleção brasileira fez somente seis jogos antes do torneio que classifica ao Mundial. A Venezuela, por exemplo, fez 29.

Além disso, mais uma vez, há a dificuldade de convocar atletas de clubes estrangeiros, alguns deles já integrados aos profissionais desses times. No Sul-Americano, o elenco brasileiro tinha apenas três jogadores de equipes do exterior.

"O Brasil continua a exportar seus principais jogadores. [O problema] está em como você encara esse tipo de preparação. E você tem essa questão de o atleta não ter vivência em jogos internacionais com a camisa da seleção brasileira. Disputa um campeonato como o Sul-Americano, que é muito físico, e nossos jogadores não estão acostumados a esse tipo de jogo", declara o treinador.

A reportagem tentou contato com Branco, coordenador das seleções de base da CBF, mas o dirigente não atendeu às ligações e nem retornou as mensagens.

Os grupos do Mundial sub-17

Grupo A
Brasil
Angola
Canadá
Nova Zelândia

Grupo B
Austrália
Equador
Hungria
Nigéria

Grupo C
Chile
Coreia do Sul
França
Haiti

Grupo D
Estados Unidos
Holanda
Japão
Senegal

Grupo E
Argentina
Camarões
Espanha
Tajiquistão

Grupo F
Ilhas Salomão
Itália
México
Paraguai

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.