Corinthians propõe à Caixa reduzir à metade parcelas da arena

Clube afirma que só consegue pagar R$ 3 milhões por mês do financiamento

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São Paulo

Em reunião com representantes da Caixa Econômica Federal para tratar das finanças da Arena Corinthians, representantes do clube disseram aos funcionários do banco que R$ 3 milhões mensais é o valor que pode ser pago pelo agremiação nas parcelas do financiamento.

Isso representa 52,6% da quantia mensal prevista em contrato: R$ 5,7 milhões.

O lucro líquido da arena em 2018, segundo relatório da comissão do estádio, montada pelo conselho deliberativo do Corinthians, foi de R$ 39.616.442,00. A arena gerou R$ 88.290.809,00 de recursos, mas teve gastos de R$ 48.674.367,00.

Veja também: Entenda dívida com Caixa e o que pode acontecer com arena ​ 

A reunião aconteceu na última terça (1º) e teve como representantes do Corinthians o diretor financeiro Matias Ávila e o gerente financeiro Roberto Gavioli. A expectativa é que no final do mês aconteça um novo encontro, em Brasília, com a presença do presidente Andrés Sanchez.

Em 12 de setembro, a Caixa notificou o Corinthians que entraria com pedido de execução da dívida. Segundo o banco, ela é de R$ 536 milhões. Para o clube, são R$ 470 milhões. O débito se refere ao empréstimo de R$ 400 milhões liberado pelo BNDES e repassado pela Caixa para financiar a construção do estádio, inaugurado em 2014, antes da Copa do Mundo.

Após decisão da Justiça Federal, a Arena Itaquera S.A, empresa que faz parte do fundo de investimento do qual o Corinthians é sócio, foi incluída na lista do Serasa no dia 18 de setembro.

O presidente da instituição financeira, Pedro Guimarães, optou pela execução porque neste ano foram pagas apenas duas parcelas, e com atraso. Por contrato, a cada mês a Arena Itaquera S.A, empresa que administra o estádio e que tem o Corinthians como um dos sócios, teria de repassar à Caixa os R$ 5,7 milhões.

Andrés Sanchez afirma que havia um entendimento verbal para que o formato de pagamento fosse modificado, algo que o banco nega ter acontecido. Nesse suposto acordo não formalizado, o Corinthians depositaria a cada ano oito parcelas de R$ 6 milhões e quatro de R$ 2,5 milhões. As prestações menores seriam referentes aos meses em que a arena tem menos jogos e, com isso, movimenta menos dinheiro. Totalizaria R$ 58 milhões anuais.

Mesmo essa proposta corintiana, porém, não poderia ser honrada caso fossem levados em conta os recursos movimentados pelo estádio no ano passado.

As rendas das partidas vão para a Arena Fundo de Investimento, que tem o Corinthians como um dos cotistas e é responsável por pagar à Caixa. Em março de 2018, o estádio arrecadou com as partidas R$ 7,8 milhões. Em maio, R$ 9,8 milhões. Esses foram os dois meses em que a receita bateu no valor da parcela do financiamento. Em dezembro, não houve arrecadação com bilheteria, já que nenhuma partida foi disputada no local.

No encontro desta semana, o Corinthians planejou também uma readequação dos juros, para que eles sejam menores do que os 9% ao ano do acordo em vigor.

Em 13 de setembro, Sanchez enviou a Guimarães ofício solicitando uma audiência para tratar da renegociação. O presidente da Caixa se disse disposto a conversar, mas o encontro, intermediado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ainda não aconteceu.

Esse é um motivo de desgaste de Sanchez com parte do conselho deliberativo. Pressionado, ele concordou que o presidente do órgão legislativo, Antonio Goulart, estivesse presente em todas as reuniões referentes à renegociação, mas Goulart não foi chamado nesta semana.

Além da negociação com a Caixa, o Corinthians ainda espera formalizar um acordo com a Odebrecht, responsável pela construção do estádio. A empresa alegava ter R$ 800 milhões a receber.

O Corinthians contesta o valor cobrado pela empreiteira. Alega que partes da obra da arena não foram feitas. A construtora diz que entregou tudo o que estava previsto no orçamento. O acordo alinhavado prevê que a Odebrecht saia da administração do estádio e receba cerca de R$ 160 milhões do clube.

O estádio é gerido por um fundo de investimento em que as cotas estão divididas entre Corinthians, Arena Itaquera S.A (cujos acionistas são a construtora e a BRL Trust, empresa especializada em gestão de fundos) e Odebrecht (por meio da OPI). Com a recuperação judicial da holding, que teve dívida executada pela Caixa, o banco também passou a ser parte interessada.

Procurado por meio de sua assessoria de imprensa, o Corinthians disse que não vai se pronunciar.

O diretor financeiro do clube, Matias Ávila Romano, afirmou que as negociações estão no começo e que nenhuma proposta foi feita ainda. "Estamos no início, ainda demora. Estamos na fase de acordo do processo", afirmou, por mensagem, sem dar mais detalhes. Segundo ele, um novo encontro será marcado, em data a ser definida.

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