Descrição de chapéu Copa Libertadores

Desconhecido na Europa, espanhol se firma na zaga do Flamengo

Pablo Marí, 26, chegou ao Brasil sem experiência em times da elite europeia

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São Paulo

Antes de chegar ao Flamengo, o histórico do zagueiro espanhol Pablo Marí, 26, não era dos mais animadores.

Apesar de ter sido contratado pelo Manchester City, com vínculo de 2016 até o primeiro semestre deste ano, ele nunca vestiu a camisa do atual campeão inglês e acabou emprestado a três equipes de pequeno porte nesse período.

A temporada mais regular do defensor na Europa foi justamente a última antes de vir para o Brasil, quando ele defendeu o La Coruña na segunda divisão nacional. Foi titular em 35 dos 42 jogos da equipe, que terminou o torneio em sexto lugar. Marí marcou dois gols na competição.

O espanhol Pablo Marí (à esq.) abraça o meia Arrascaeta após gol do uruguaio pelo Flamengo contra o Grêmio
O espanhol Pablo Marí (à esq.) abraça o meia Arrascaeta após gol do uruguaio pelo Flamengo contra o Grêmio - 10.ago.19/Reuters

Essa trajetória mostrou-se suficiente para chamar a atenção do CIM (Centro de Inteligência de Mercado), setor que faz parte do departamento de futebol do Flamengo e indicou a contratação do atleta. A aposta arriscada se mostra certeira até aqui.

Marí está a três jogos de se tornar o quarto europeu a conquistar a Libertadores. Antes dele, o tcheco Christian Rudzki (pelo Estudiantes, em 1969 e 1970), o italiano Dante Mircoli (pelo Independiente, em 1972), e o croata Mirko Jozic (pelo Colo Colo, em 1991) foram campeões da competição.

Ao lado de Rodrigo Caio, o espanhol é titular do time comandado pelo técnico português Jorge Jesus. Os dois formarão a dupla que terá a missão de parar o ataque do Grêmio às 21h30 desta quarta-feira (2), em Porto Alegre, no jogo de ida da semifinal do torneio continental. Globo e Fox Sports transmitem.

Nos últimos cinco jogos, o time treinado por Renato Gaúcho marcou 17 gols, média de 3,4 por partida e superior à do próprio Flamengo, que balançou as redes nove vezes, com média de 1,8, nos cinco compromissos mais recentes.

Na Libertadores, os cariocas levam ligeira vantagem, com 16 gols em 10 duelos. Os gremistas anotaram 15 até agora, quatro deles de Everton, 23, o artilheiro do Grêmio na competição.

Campeão da Copa América sob o comando de Tite neste ano, o camisa 11 é também o maior goleador do time gaúcho na temporada, com 17 gols.

A expectativa dos rubro-negros é que Marí, que tem 1,93 m de altura, ajude a frear esse poder ofensivo e quem sabe até contribua com o ataque carioca.

Em 14 jogos pelo time, ele tem dois gols: um marcado de cabeça, contra o Avaí, e outro com uma finalização de primeira, diante do Ceará, ambos pelo Campeonato Brasileiro.

Experimentando um destaque que nunca teve no futebol europeu, o espanhol credita o seu bom momento ao trabalho de Jorge Jesus.

"Eu jogava com base na intuição e em quatro ou cinco dicas que me passavam. Agora, o mister [como os atletas se referem a Jesus] me dá ferramentas para dominar a parte defensiva. Aprendo algo novo todos os dias", afirmou em entrevista coletiva há duas semanas.

Tricampeão português pelo Benfica, o comandante é o profissional de currículo mais vitorioso com que Marí trabalhou até hoje, uma vez que ele não chegou a ser treinado por Pep Guardiola no Manchester City. Antes de ser contratado pelos ingleses, atuou por Gimnàstic, atualmente na segunda divisão da Espanha, e Mallorca, penúltimo colocado da elite do futebol espanhol.

A falta de oportunidade em equipes de ponta na Europa foi um dos motivos que o fizeram tomar um caminho na direção contrária ao da maioria dos jovens promissores, trocando o continente pela América do Sul.

Quando foi apresentado na Gávea, ao ser questionado sobre essa opção de carreira, ele argumentou que buscava um grande desafio.

"Em geral, os jogadores de futebol têm uma zona de conforto, que é a Espanha, e é muito difícil sairmos dali", disse o atleta. "Minha ideia não é que seja um trampolim [para voltar à Europa]. Minha intenção é desempenhar um papel nesta equipe."

O contrato dele com o time rubro-negro vai até dezembro de 2022. Caso permaneça até lá, Marí deverá se tornar o espanhol que mais vezes defendeu o Flamengo na história.

Antes do defensor, outros dois atletas da Espanha passaram pela equipe: o goleiro José Túnel Caballero, com 19 jogos em 1937, e o atacante José Armando Ufarte, que fez 106 partidas de 1961 a 1964.

Ufart conquistou dois títulos: o Rio-São Paulo de 1961 e o Campeonato Carioca de 1963. Com o Flamengo na semifinal da Libertadores e na liderança do Campeonato Brasileiro, Marí tem a chance de igualar esse número nos próximos meses, mas com conquistas bem mais expressivas.

Pablo Marí, 26

Nascido em Almussafes, província de Valência, na Espanha, em 31.ago1993, o espanhol foi revelado pelo Mallorca. Teve uma passagem pelo Gimnàstic antes de despertar o interesse do Manchester City, pelo qual foi contratado em 2016. Foi emprestado pelo clube durante os três anos de vínculo que teve e ainda busca seu primeiro título profissional. Tem 14 jogos pelo Flamengo e 2 gols.

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior deste texto dizia que o Mallorca está na segunda divisão. O texto foi corrigido.

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