Descrição de chapéu Mundial de Clubes 2019

Ídolo muçulmano, Salah salva média de público do Mundial

Atacante egípcio é reverenciado pela torcida local no Qatar

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Doha

Mohamed Salah saía de campo no intervalo da partida do Liverpool (ING) com o Monterrey (MEX) quando uma gandula, lenço negro na cabeça, se aproximou do egípcio e pediu a sua camisa. O atacante a tirou e entregou para a adolescente, que talvez não esperasse a resposta positiva. Ficou petrificada, mirando fixamente para o souvenir por mais de cinco segundos. Salah nem olhou para trás.

É ele quem deveria receber o presente. E da Fifa. Salah é disparado o maior nome de um torneio que tem dificuldade para atrair público aos estádios. A estreia do Liverpool fez com que o Khalifa International Stadium recebesse lotação máxima de 45.516 na última quarta (18). Na noite anterior, na outra semifinal, entre Flamengo e Al-Hilal, da Arábia Saudita, compareceram 21.588 pessoas.

Neste sábado (21), Liverpool e Flamengo fazem a final da competição, às 14h30 (de Brasília). O duelo terá transmissão ao vivo pela TV Globo e SporTV.

Por causa de Salah, a média de público do Mundial de Clubes deste ano foi impulsionada e superou (não por muito), a obtida em 2018 e 2017, consideradas apenas as primeiras seis partidas, antes da decisão e da disputa pelo terceiro lugar.

Salah aplaude torcida após a estreia do Liverpool
Salah foi o nome que mais empolgou a torcida nas arquibancadas durante a estreia do Liverpool no Mundial - Ibraheem Al Omari - 18.dez.2019/REUTERS

Até agora, são 16.965 pagantes de média em Doha. Nos dois últimos anos, nos Emirados Árabes, foram 16.404 (2018) e 13.269 (2017).

Grande parte do público presente na semifinal estava lá para torcer pelo Liverpool, especialmente por causa do egípcio. Cada vez que ele tocava na bola, havia um frisson na plateia. Quando aplicou um drible desconcertante em Montes, o público fez “oh”, em uníssono. Era a atuação mais de um pop star do que a de um jogador de futebol.

Antes dele estrear, a média de público do Mundial era de 11.255.

Torcedor com a roupa do Liverpool, uma peruca de Mohamed Salah e uma faixa do atacante
Torcedor com a roupa do Liverpool, uma peruca de Mohamed Salah e uma faixa do atacante, durante a estreia do clube inglês no Mundial - Giuseppe Cacace - 18.dez.2019/AFP

“Eu achei que todo o estádio era egípcio. Foi assim que me senti. Sempre sinto o amor quando chamam meu nome. Fico feliz por ter isso”, disse Salah após a vitória sobre o Monterrey.

Não era. Embora a estimativa seja de 300 mil egípcios vivendo no Qatar, não há uma estimativa de quantos eram compatriotas do atacante. Mas com certeza não haviam 45.516 egípcios no estádio.

Salah é um ídolo local mesmo para os qataris, um povo que não esconde o aborrecimento pelo embargo econômico e diplomático sofrido pelo país e que tem o Egito como um dos signatários.

Mas ele não é apenas um dos melhores jogadores do mundo e de origem árabe. É um muçulmano na lista dos maiores do futebol no planeta.

“Se ele é bom para você, ele é bom para mim e se ele marcar mais dois eu vou virar muçulmano também”, canta a torcida do Liverpool no estádio de Anfield, em um país de maioria protestante.

“A atenção que Mo [Salah] recebe nesta parte do mundo é incrível. Eu acho que a atuação dele [contra o Monterrey] foi sensacional”, elogiou o técnico Jurgen Klopp, que em seguida lembrou que o egípcio participou da jogada que deu origem ao gol da vitória, marcado por Roberto Firmino.

Apesar de poupar sete titulares e entrar em campo com o ataque quase todo reserva, o alemão escalou Salah desde o início. Ele sabia que não ter o maior nome do futebol árabe em campo em um torneio disputado no Qatar decepcionaria os fãs. O Liverpool não tem o Mundial de Clubes como prioridade máxima da temporada, mas sabe a importância mercadológica de vencer e espalhar sua marca na Ásia.

A questão é se Salah vai ser mantido na equipe na final deste sábado (21), às 14h30, diante do Flamengo ou se será a sua vez de descansar e começar no banco. A organização do Mundial espera que ele seja mais uma vez titular.

Klopp reconhece a atenção recebida pelo atacante, mas fica irritado quando as atenções são direcionadas de uma forma personalista a respeito do egípcio e ficam acima da equipe do Liverpool. Ele não ficou satisfeito, por exemplo, ao ser questionado sobre o motivo para Salah não ser titular do time. A primeira opção para a braçadeira de capitão é do volante Jordan Henderson.

A Fifa acredita que a lotação na final será máxima mais uma vez. Isso ajudaria a passar uma imagem de sucesso de um torneio que teve taxa de ocupação dos estádios de 57,5% até agora. O que ajudou esta estatística foi quatro jogos terem sido realizados no estádio Jassim bin Hamad, também em Doha, com capacidade para apenas 11.918 pessoas.

É uma arena menor do que a Hazza bin Zayed (capacidade de 22.717), nos Emirados Árabes, sede dos jogos iniciais do torneio nos dois últimos anos. Em 2018, a taxa de ocupação foi superior ao Mundial atual (61,6%) mas inferior em 2017 (45,8%).

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