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WTA suspende torneios de tênis na China em resposta a caso Peng Shuai

Decisão é um marco nas relações do esporte mundial com o país asiático

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São Paulo

A WTA (Associação do Tênis Feminino) anunciou nesta quarta-feira (1º) que todos os torneios da entidade na China estão suspensos.

A decisão foi oficializada pelo presidente da WTA, Steve Simon, concretizando o que havia sido anunciado em tom de ameaça no último mês.

A tensão entre a entidade e o país se iniciou após a tenista Peng Shuai, estrela chinesa do tênis, ter acusado o ex-vice-premiê Zhang Gaoli de forçá-la a ter relações sexuais.

A tenista chinesa Peng Shuai durante torneio de 2018, na Espanha
A tenista chinesa Peng Shuai durante torneio de 2018, na Espanha - Susana Vera - 6.mai.2018/Reuters

No último dia 19, Simon disse que estava disposto a interromper os negócios com a China e "lidar com as complicações que vêm com isso" caso não houvesse avanço nas investigações.

No comunicado desta quarta, o dirigente afirma não ver "como posso pedir às nossas atletas para competir lá, quando Peng Shuai não tem permissão para se comunicar livremente e aparentemente foi pressionada a contradizer sua alegação de agressão sexual".

"Dada a situação atual, também estou muito preocupado com os riscos que todas as nossas jogadoras e equipes poderiam enfrentar se realizássemos eventos na China em 2022", continuou.

A decisão é um marco nas relações de entidades esportivas com o país que sediará as Olimpíadas de Inverno em fevereiro de 2022 e constitui um mercado importante para o esporte global.

Em 2019, a WTA realizou nove torneios na China. Desde então, todos os campeonatos internacionais de tênis marcados no país acabaram cancelados por causa da pandemia da Covid-19. Há três anos, a entidade havia celebrado a assinatura de um grandioso contrato com a cidade de Shenzhen para sediar o WTA Finals, evento com as melhores tenistas da temporada.

O paradeiro de Peng Shuai tornou-se uma preocupação internacional por quase três semanas depois que ela publicou uma mensagem nas redes sociais afirmando que Zhang Gaoli a havia agredido sexualmente.

Após vários dias sumida, a atleta reapareceu no último dia 21, em Pequim, e fez uma videochamada com o presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), Thomas Bach, mas a WTA disse que o episódio não aliviou as preocupações sobre seu bem-estar.

O COI, por sua vez, foi acusado de querer apenas aliviar a pressão diplomática sobre a realização dos Jogos de Pequim daqui a dois meses.

"Nada disso é aceitável nem pode se tornar aceitável. Se pessoas poderosas puderem suprimir as vozes das mulheres e varrer as acusações de agressão sexual para debaixo do tapete, então a base sobre a qual a WTA foi fundada —igualdade para as mulheres— sofreria um retrocesso imenso", declarou Simon.

"Lamento muito que tenha chegado a este ponto. As comunidades do tênis na China e em Hong Kong estão repletas de ótimas pessoas com quem trabalhamos há muitos anos", completou o dirigente, deixando ainda uma porta aberta para eventual mudança de posição no futuro.

"A menos que a China dê os passos que solicitamos, não podemos colocar nossas jogadoras e equipes em risco realizando eventos na China. Os líderes da China deixaram a WTA sem escolha. Continuo esperançoso de que nossos apelos sejam ouvidos e que as autoridades chinesas tomem medidas para tratar legitimamente dessa questão", encerrou.

Nesta quinta, o COI voltou a se posicionar sobre o assunto e disse ter entrado em contato novamente com a atleta.

"Compartilhamos a mesma preocupação de muitas outras pessoas e organizações sobre o bem-estar e a segurança de Peng Shuai. É por isso que, ainda ontem, uma equipe do COI fez outra videochamada com ela. Oferecemos amplo apoio, manteremos contato regular com ela e já combinamos um encontro pessoal em janeiro", declarou o comitê em comunicado.

O COI argumenta tratar a questão diretamente com as organizações esportivas chinesas. "Estamos usando uma 'diplomacia silenciosa' que, dadas as circunstâncias e com base na experiência de governos e outras organizações, é apontada como a forma mais promissora de proceder com eficácia em tais questões humanitárias."

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