Para mexicanos, serão quatro anos sem eliminatórias até a disputa da próxima Copa do Mundo, já que serão um dos anfitriões. Este será o longo e tortuoso caminho que aguarda o México —agora, a equipe busca um novo treinador depois de encerrada a 'era Martino', nesta quarta-feira (30), com a eliminação no Qatar.
Depois de deixar o país fora das oitavas de final pela primeira vez desde 1994, o argentino Tata Martino, 60, começou a coletiva de imprensa no estádio Lusail anunciando o óbvio: "Meu contrato acabou ao final da partida".
Uma hora antes, sua equipe venceu a Arábia Saudita por 2 a 1, resultado insuficiente para superar a Polônia, que tem os mesmos quatro pontos dos mexicanos e avançou às oitavas pelo saldo de gols.
Críticas internas
Tata é alvo da imprensa e dos torcedores há muitos meses, mas no calor do momento desta quarta, os próprios jogadores se atreveram a criticar sua gestão.
"Contra a Argentina, não entendemos bem seu plano. Defendemos durante um tempo, mas não criamos chances. Assim não dá pra fazer gols, e terminamos perdendo", disse Luis Chávez, 26.
O meia, que marcou o segundo gol contra a Arábia Saudita com um espetacular chute de falta, sinalizava o planejamento defensivo escolhido por Martino na derrota contra a Argentina, por 2 a 0, com cinco defensores, três meias e dois atacantes, sem um centroavante de referência.
O ponto principal é o sentimento de inferioridade que um esquema assim transmite diante de uma potência mundial, considerando que a equipe mexicana tenta há décadas atingir a elite do futebol.
Tata reconheceu nesta quarta que lhe faltou ambição no dia: "Estando 0 a 0, podíamos ter mudado o sistema tático e jogado o segundo tempo como costumamos fazer, mais abertos".
Ciclo longo, muitas incógnitas
Após sua quinta Copa do Mundo, Guillermo "Memo" Ochoa comentou sua perspectiva para o futuro da seleção.
"Não é um resultado que pode dizer se estávamos evoluindo ou não. Há coisas boas que precisam ser mantidas, é um erro toda vez termos que pensar que o ciclo acabou e começar do zero", disse, adicionando que a equipe é composta por um grupo de jovens promissores que estrearam nesta Copa e terão mais experiência para disputar a próxima edição.
Além de Chávez, de 26 anos, César Montes e Alexis Vega, ambos com 25 anos, deixaram boa impressão no Qatar. O três têm a expectativa de migrar em breve ao futebol europeu.
A pouca competitividade do campeonato mexicano é uma das explicações habituais no debate sobre o fracasso e males da Tri.
Com essas questões, México enfrentará um longo ciclo até 2026, quando organizará o Mundial ao lado dos Estados Unidos e do Canadá.
"Não será fácil, não jogarão as eliminatórias, só a Copa Ouro, cujo nível todos conhecemos. Tomara que possamos jogar a Copa Ásia ou a Copa América", disse Ochoa. O goleiro emblemático adicionou que "Jogar só amistosos nos Estados Unidos não vai nos beneficiar. Temos gente talentosa, mas precisamos correr, o nível mundial está cada vez mais alto".
Com Martino reconhecendo ser "o principal responsável pelo rotundo fracasso", agora é a Federação Mexicana que deve correr atrás e encontrar um novo treinador —uma das cadeiras mais quentes do futebol mundial o aguarda.
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