O goleiro Sergio Romero parou o Palmeiras no Allianz Parque, na zona oeste paulistana, e levou o Boca Juniors à final da Libertadores. Após empate sem gols há uma semana no estádio da Bombonera, em Buenos Aires, o segundo jogo foi decidido nos pênaltis, com papel decisivo do arqueiro argentino.
O Boca é o segundo maior vencedor da competição, com seis conquistas (1977, 1978, 2000, 2001, 2003 e 2007), e agora tentará igualar o recorde de sete taças do Independiente.
Na partida desta quinta-feira, o primeiro tempo teve poucas oportunidades de ambos os lados. Em uma delas, na primeira chegada no gol de Weverton, o Boca conseguiu abrir o placar.
O atacante Merentiel, emprestado pelo Palmeiras ao time argentino, fez boa jogada pela esquerda, livrou-se da marcação do zagueiro Gustavo Gómez e cruzou para que Edinson Cavani completasse para dentro do gol aos 22 do primeiro tempo. Foi o primeiro gol do uruguaio na Libertadores.
No segundo tempo, o Palmeiras voltou mais agressivo, com as entradas dos atacantes Endrick e Kevin nos lugares de Artur e Marcos Rocha. O time brasileiro conseguiu chegar com perigo ao gol de Romero, com o atacante Rony principalmente.
O maior volume de jogo do alviverde também rendeu uma expulsão. Aos 21 minutos da etapa final, Marcos Rojo recebeu o segundo cartão amarelo ao dar entrada dura em Rony.
Poucos minutos depois, o uruguaio Piquerez arriscou um chute de fora da área. A bola desviou em defensores do Boca e dificultou a defesa do goleiro argentino, empatando a partida.
O Palmeiras seguiu pressionando e só não aumentou o placar graças ao bom desempenho de Romero. O goleiro fez defesas importantes na segunda metade da etapa final, segurando bicicleta de Rony dentro da área, uma investida de Mayke após bom passe de Endrick e em chute do atacante Kevin após contra-ataque do Palmeiras.
Nos pênaltis, os jogadores do Boca foram mais eficiente nas cobranças e fizeram 4 a 2. Veiga e Gómez perderam para o Palmeiras, parando no goleiro do Boca. Do lado argentino, apenas Cavani perdeu a sua cobrança.
Em entrevista após o jogo, o técnico Abel Ferreira afirmou que nos dois jogos o Palmeiras teve muito mais oportunidades, "mas o futebol é cruel". "Futebol é assim, algumas vezes é cruel para nós e outras vezes, maravilhoso, como foi ganhar a primeira Libertadores e a segunda."
Abel também elogiou a atuação do goleiro adversário. "Foi o jogador que fez a diferença para o Palmeiras hoje não estar na final de mais uma Libertadores."
O Boca agora encara na finalíssima o Fluminense de Fernando Diniz, que também comanda interinamente a seleção brasileira até a possível chegada em 2024 do italiano Carlo Ancelotti, hoje no Real Madrid.
O tricolor das Laranjeiras se classificou para a decisão na quarta (4) após conseguir uma virada nos últimos minutos contra o Internacional, no Beira Rio, em Porto Alegre.
A final está marcada para 4 de novembro no Maracanã, no Rio.
De novo, o Boca
Com o resultado desta quinta, o Boca amplia para quatro as oportunidades em que eliminou o Palmeiras em uma fase decisiva do torneio continental.
A primeira delas foi na final de 2000. Naquele ano, o time comandado por Luiz Felipe Scolari defendia o título conquistado no ano anterior, mas sucumbiu diante da formação liderada pelo craque Juan Román Riquelme na decisão por pênaltis em um Morumbi lotado.
O Boca voltou a eliminar o Palmeiras nas semifinais da Libertadores em 2001, novamente nos pênaltis, e na mesma fase também em 2018, após vitória contra o time brasileiro por 2 a 0 na Argentina e empate por 2 a 2 em São Paulo.
Para chegar à final deste ano, o Boca se classificou em primeiro lugar na fase de grupos, deixando para trás Deportivo Pereira, da Colômbia, Colo-Colo, do Chile, e Monagas, da Venezuela.
No mata-mata, porém, o time argentino não venceu nenhuma partida.
Na fase oitavas de final, em um confronto acirrado contra o Nacional, do Uruguai, passou na decisão por pênaltis depois de empate por 0 a 0 fora de casa e por 2 a 2 na Bombonera. Nas quartas de final, passou pelo Racing, da Argentina, também nos pênaltis, após dois empates por 0 a 0.
O vencedor do confronto entre Boca e Fluminense, além de levar US$ 18 milhões (R$ 93 milhões) pelo título, ainda pode pegar o campeão da Champios League, Manchester City, no Mundial de Clubes.
Retrospecto
Dos seis canecos levantados até aqui, em quatro os argentinos derrubaram um time brasileiro na final: Cruzeiro em 1977, Palmeiras em 2000, Santos em 2003 e Grêmio em 2007.
Apesar do retrospecto vitorioso, o time argentino vinha sofrendo com derrotas amargas na competição ao longo dos últimos anos.
Na última decisão a que chegou, em 2018, foi derrotado pelo rival River Plate por 3 a 1 no estádio Santiago Bernabéu, casa do Real Madrid, na Espanha.
O jogo foi levado para a Europa após o ônibus que transportava os jogadores do Boca ter sido apedrejado por torcedores do River Plate na chegada ao Monumental de Núñez, casa do rival.
Em 2021, o Boca contava com o atacante Tévez e chegou até a fase semifinal, mas acabou perdendo para o Santos por 3 a 0 na Vila Belmiro em um jogo que contou com Soteldo e Marinho inspirados.
A vitória na edição 2023 da Libertadores pode representar, portanto, a primeira de um dos times mais vitoriosos do torneio em 16 anos, fazendo as pazes com a fanática torcida "xeneize".
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