Descrição de chapéu Olimpíadas

COI sugere que premiação em dinheiro no atletismo seja revertida ao apoio de atletas

Em abril, World Athletics anunciou pagamento de R$ 256 mil aos medalhistas de ouro em Paris

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Karolos Grohmann
Berlim | Reuters

O presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), Thomas Bach, sugeriu que, em vez de oferecer premiação em dinheiro para os medalhistas de ouro olímpicos em Paris, a World Athletics (federação internacional da modalidade) deveria focar seu financiamento em apoiar atletas no outro extremo do espectro.

O atletismo quebrou uma tradição de 128 anos em abril ao anunciar que se tornaria o primeiro esporte a oferecer US$ 50 mil (R$ 256 mil) em dinheiro de prêmio para seus campeões olímpicos, a partir de Paris este ano.

O anúncio no mês passado foi feito pelo presidente da World Athletics (WA), Sebastian Coe, que também é membro do COI. Coe não discutiu seu plano com o corpo olímpico, mas ele foi bem recebido por muitos atletas.

Presidente do COI, Thomas Bach, durante entrevista na sede do comitê olímpico em Lausanne, na Suíça
Presidente do COI, Thomas Bach, durante entrevista na sede do comitê olímpico em Lausanne, na Suíça - Gabriel Monnet - 26.abr.2024/AFP

Também foi recebido com surpresa e críticas severas por outras federações esportivas internacionais que acusaram Coe de não consultá-las antes de sua decisão unilateral.

"Esta não é uma discussão sobre prêmio em dinheiro, porque isso existe há décadas", disse Bach em uma mesa redonda online nesta sexta-feira (3).

"Meus colegas de equipe de esgrima e eu, em 1976, recebemos premiação em dinheiro por nossa medalha de ouro através da fundação apoiada pelo comitê olímpico nacional (da Alemanha). É mais ou menos uma prática comum entre os comitês olímpicos nacionais."

Bach disse que, embora patrocinadores, governos ou instituições privadas forneçam pagamentos aos atletas pelo sucesso olímpico, o papel de uma federação esportiva internacional não é esse.

"Essa questão, em princípio, é sobre como apoiar melhor os atletas", disse Bach, acrescentando que sua organização reinvestia 90% de suas receitas, com os comitês olímpicos nacionais e as federações internacionais sendo os principais beneficiários.

"Os comitês e as federações são os principais beneficiários desse dinheiro, dessa parcela do sucesso comercial dos Jogos", disse Bach.

Diferença de qualidade

Ele disse que, embora o papel dos comitês olímpicos fosse trazer atletas bem preparados para os Jogos, as federações tinham que garantir que qualquer investimento fosse direcionado para fechar a lacuna de qualidade entre os atletas.

"O papel das federações é fazer todo o esforço para tentar fechar a lacuna entre os atletas vindos de países privilegiados e aqueles vindos de países menos privilegiados", disse Bach. "É de onde vem essa discussão (sobre a decisão da WA)."

Bach disse esperar que os Jogos de Paris, que começam em 26 de julho, sejam seguros e bem-sucedidos, apesar das guerras na Ucrânia e em Gaza, e não prevê protestos no campo de jogo, ou atletas se recusando a competir contra os de outras nações por motivos políticos.

"Todos os indicadores mostram que o mundo inteiro quer participar e que os atletas que estão vindo competirão com total respeito à Carta Olímpica", disse ele.

O COI tem apoiado tanto os comitês olímpicos israelense quanto palestino e, caso os atletas palestinos não se classifiquem, eles receberão convites como parte das cotas de universalidade dos Jogos.

"É para isso que estamos trabalhando e é por isso que estamos apoiando ambos os comitês olímpicos e apoiando em particular os atletas palestinos que não se classificaram no campo de jogo", disse Bach.

"Se eles não se classificarem, nós lhes forneceríamos convites como para os outros comitês olímpicos nacionais que não têm atletas classificados para participar em igualdade de condições em Paris."

Ele disse que chamadas isoladas para proibir atletas israelenses ou palestinos de comparecerem não têm fundamentos.

"Nem o comitê olímpico de Israel, nem o da Palestina violaram a Carta Olímpica como o Comitê Olímpico Russo fez", disse Bach.

O Comitê Olímpico Russo foi suspenso no ano passado depois de reconhecer organizações regionais de quatro territórios anexados da Ucrânia.

Atletas russos e bielorrussos competirão em Paris, mas o farão como neutros, sem sua bandeira, hino ou emblemas nacionais.

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