Como seria uma prova de 100 m no atletismo com todas as recordistas olímpicas?

Considerando tempo do último recorde, distância entre atletas mulheres chega a 13 metros nos Jogos

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São Paulo

A mulher mais rápida do mundo hoje é a jamaicana Elaine Thompson-Herah, que tirou por apenas 1 centésimo de segundo o recorde olímpico da americana Florence Griffith-Joyner, uma das maiores velocistas da história.

Elaine Thompson-Herah foi ouro em Tóquio e superou recorde de 1988
Elaine Thompson-Herah foi ouro em Tóquio e superou recorde de 1988 - Glyn Kirk/AFP

A quebra nos 100 m rasos ocorreu em Tóquio-2020, quando a jamaicana concluiu a prova em 10s61, superando a marca deixada por Florence nos distantes 1988, em Seul.

Florence morreu em 1998, aos 38 anos, devido a consequências de um ataque epilético. Suas marcas excepcionais no esporte geraram especulação sobre o uso de substâncias proibidas, embora ela tenha passado no exames antidoping.

Além do desempenho, Florence era uma figura notória no mundo da moda. Ostentava unhas gigantes e uniformes ousados, como o desenhado por ela para Seul, que cobria apenas uma das pernas.

Se Elaine e Florence estivessem competindo a mesma prova, a americana estaria nos 99,9 m quando a jamaicana cruzasse a linha dos 100 m, segundo análise da Folha. Na mesma disputa, as outras seis recordistas da história olímpica ficariam muito atrás das duas.

Já a americana Evelyn Ashford, recordista em 1984, estaria nos 96,7 m quando Elaine cruzasse a linha dos 100 m. A norte-americana Helen Stephens, recordista em 1936, estaria nos 92,3 m.

Se Elaine competisse com Betty Robinson, dona do primeiro recorde, em 1928, a distância entre elas seria de 13 m. Betty correu os 100 m rasos em 12s20 nos Jogos de Amsterdã, quando mulheres puderam estrear no atletismo.

Para calcular a distância entre as oito recordistas olímpicas, a Folha selecionou a melhor marca de cada atleta em cada uma das Olimpíadas, podendo ter sido conquistadas em provas eliminatórias, semifinais ou finais. Para o tempo, a análise considerou que as atletas fizeram uma velocidade média constante durante a prova. Atletas desclassificadas por doping foram eliminados da lista.

Além de quebrar um recorde muito longevo, também foi em Tóquio que Elaine completou o duplo Olímpico de velocidade (venceu as provas de 100m e de 200m), a primeira a realizar o feito desde Florence, que o fez em Seul-1988.

A jamaicana não poderá defender seu título nestes Jogos pois está fora de Paris devido a uma lesão no tendão de Aquiles.

Sem a recordista, os holofotes na capital francesa estão sob a performance da americana Sha'Carri Richardson, atual número 1 no ranking mundial, que disputa a primeira Olimpíada. Ela perdeu a vaga em Tóquio devido a um teste positivo de doping por uso de maconha.

A suspensão de Sha'Carri aconteceu após vitória na seletiva olímpica, uma semana depois da morte de sua mãe. Na época, a velocista explicou que usou a substância para tentar lidar com a perda.

Sha'Carri Richardson e suas unhas em Paris; ela ficou de fora de Tóquio e agora é a favorita dos 100 m - Sarah Meyssonnier/Reuters

Em junho deste ano, na seletiva olímpica dos Estados Unidos para Paris, Sha'Carri venceu a prova de 100 m rasos em 10s71, melhor marca da temporada. Até o momento, o melhor tempo da velocista era de 10s65.

Ambos os resultados, entretanto, não superam o recorde olímpico de Elaine, mas podem levar ao ouro.

Sha'Carri é favorita também nas casas de aposta europeias. Segundo análise da Folha, a americana tem 63,54% de chance de vitória, um percentual muito alto para 1º lugar, seguido da jamaicana Shericka Jackson, com 19,6%. Caso vença, deve quebrar o domínio jamaicano na posição mais alta do pódio olímpico.

Duas velocistas brasileiras disputaram os 100 m em Paris: Vitória Cristina Rosa e Ana Carolina Azevedo (36ª e 98ª do ranking mundial, respectivamente). Elas não conseguiram ficar entre as três melhores de suas baterias e foram desclassificadas nas quartas de final, na sexta-feira (2).

Domínio da Jamaica

Há oito Olimpíadas, a Jamaica aparece nos pódios dos 100 m rasos, sendo que, nas últimas quatro competições, levou o ouro. Elaine Thompson foi campeã em 2016 e 2021, e Shelly-Ann Fraser-Pryce venceu em 2008 e 2012.

A hegemonia jamaicana contrapõe o histórico favorável ao Estados Unidos, que liderou a modalidade do início da participação feminina até o fim dos anos 1990. Considerando as três medalhas, as americanas têm 27,3% delas, pouco mais do que as jamaicanas, com 24,2%. Em números absolutos, são 18 e 16 das 66 medalhas, respectivamente.

Os Estados Unidos também lideram a disputa de ouro, obtendo nove medalhas contra quatro. O último ouro conquistado pelos EUA, no entanto, foi em casa, em Atlanta-1996.

Resta ver como será a performance de Sha'Carri, que já quebrou dois recordes mundiais sub-20 no mesmo dia. Com os atrasos impostos pela pandemia, sua carreira profissional recém-começou.

Ao menos no estilo, ela lembra muito a pioneira Florence, segundo a Vogue, que a escolheu para a capa de agosto, citando suas unhas gigantes e decoradas.

Florence Griffith Joyner após vencer 100 m rasos em 1988 em Seul
Florence Griffith Joyner após vencer 100 m rasos em 1988 em Seul - France Presse- AFP

As 10 últimas medalhistas de ouro nos 100 m:

2020 - Elaine Thompson
2016 - Elaine Thompson
2012 - Shelly-Ann Fraser-Pryce
2008 - Shelly-Ann Fraser-Pryce
2004 - Yuliya Nestsiarenka
1996 - Gail Devers
1992 - Gail Devers
1988 - Florence Griffith Joyner
1984 - Evelyn Ashford
1980 - Lyudmila Kondratyeva

Colaborou Daniel Mariani

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