Descrição de chapéu DeltaFolha Olimpíadas 2024

Atletismo tem 11 provas de corrida sem quebra de recordes há três Olimpíadas

Análise considera disputas de pista e rua; algumas ainda estão com recorde da década de 1980

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Atleta Elaine Thompson-Herah está correndo em uma pista, segurando um bastão de revezamento azul. Ela usa um uniforme amarelo e verde, representando a Jamaica.

A velocista jamaicana Elaine Thompson-Herah é a mulher mais rápida do mundo; em Tóquio-2020, ela fez os 100 m em 10s61 - Dylan Martinez - 25.ago.23 / Reuters

São Paulo

O atletismo possui 11 provas de pista e rua que estão há três ou mais Olimpíadas sem quebra de recordes, sendo cinco competições femininas e seis masculinas. Em alguns casos, a melhor ainda é da década de 1980. Essas 11 provas representam 37% das disputas de atletismo em que o tempo é importante, mostra análise da Folha a partir de dados do World Athletics, órgão que rege as competições.

Em uma prova de velocidade, os centésimos de segundo fazem a diferença. Nos Jogos de Tóquio, a atleta que chegou mais perto de superar uma marca foi a velocista bahamense Shaunae Miller-Uibo. Onze centésimos de segundo a distanciaram de ser a mulher mais rápida nos 400 metros –embora tenha conquistado o ouro.

Shaunae finalizou a prova em 48s36, marca 0,22% mais lenta do que a recordista olímpica dessa modalidade, a francesa Marie-José Pérec, que percorreu os 400 m em 48s25 em Atlanta-1996. É dela, portanto, a melhor marca há seis Olimpíadas.

Tricampeã olímpica, Marie-José acendeu a pira olímpica dessa edição ao lado do também tricampeão Teddy Riner, do judô.

O levantamento considera 30 provas de pistas e de rua em que o tempo é importante para a definição do recorde. Para criar o ranking, a reportagem considerou os tempos registrados durante a competição olímpica, sendo as provas eliminatórias, semifinais ou finais. Atletas que depois foram desclassificados por doping foram eliminados da lista.

Para entender a margem de tempo do competidor em relação ao recorde, a análise calculou a razão, em porcentagem, entre o tempo dele e o tempo do recorde. Essa métrica permite comparar os desempenhos das diferentes modalidades do atletismo.

Quanto menor o percentual, mais próximo o atleta esteve de bater o recorde.

O recorde olímpico mais longevo da história nas provas de pista, que segue intocado até hoje, é da ucraniana Nadezhda Olizarenko, que disputava pela antiga União Soviética. Nos Jogos Moscou-1980, ela finalizou a prova de 800 m em 1min53s43 e levou o ouro. Na prova de 1.500 m da mesma edição, conquistou o bronze.

Um mês antes dos Jogos, ela já havia estabelecido um recorde mundial ao correr uma prova de 800 m em 1min54s85 noutra competição.

Após Moscou-80, Nadezhda se aposentou do esporte. Tentou retornar em 1984, em Los Angeles, para competir a segunda Olimpíada. No entanto, devido ao boicote da União Soviética aos Estados Unidos, ela não pôde participar. A corredora voltou aos Jogos em 1988, mas foi eliminada nas semifinais.

Após a queda da União Soviética, Nadezhda passou a trabalhar como treinadora de atletismo. Morreu em 2017, dois anos após ser diagnosticada com esclerose lateral amiotrófica.

Desde então, a atleta que mais se aproximou da marca de Nadezhda foi a queniana Pamela Jelimo. Campeã olímpica dos 800 m em Pequim-2008, aos 18 anos, ela finalizou a prova em 1min54s87, marca 1,2% mais lenta que a da recordista. A diferença das duas, em números absolutos, é de 1s44.

Já o recorde masculino mais duradouro nas provas de pista e rua das Olimpíadas é do chinês Liu Xiang. Em Atenas-2004, ele finalizou a prova de 110 m com obstáculos em 12s91. Tornou-se o primeiro esportista homem da China a conquistar um ouro no atletismo.

O tempo de Liu Xiang quase foi batido nos Jogos de 2012, em Londres. O americano Aries Merritt fez a prova em 12s92, com uma diferença de um centésimo de segundo em relação a Xiang. Segundo análise da Folha, Merritt foi 0,07% mais lento do que o recordista.

Na mesma ocasião, Liu Xiang foi personagem principal de uma das cenas mais marcantes dos Jogos. Durante a prova dos 110 m com barreiras, o chinês tropeçou no primeiro obstáculo, caiu, se levantou e se arrastou pela pista do Estádio Olímpico até beijar a última barreira.

O diário "South China Morning Post" publicou que o episódio teria sido uma armação do governo chinês para emocionar o público. Segundo o jornal, Xiang chegou lesionado a Londres e o fato já era de conhecimento da equipe e de locutores da TV estatal CCTV.

Um atleta vestido com um uniforme vermelho está se inclinando sobre uma barra de obstáculos, aparentemente exausto ou concentrado. O fundo mostra uma multidão, sugerindo que a imagem foi capturada durante uma competição olímpica.
Chinês Liu Xiang beixa a barreira após cair na disputa dos 110 m, em Londres-2012 - Olivier Morin - 7.ago.12/AFP

Das 11 provas de pista e rua que estão há três ou mais Olimpíadas sem quebra de recordes, cinco chegaram perto de superarem a marca em 2020: três na modalidade feminina (200 m, 400 m e revezamento 4 × 400 m) e duas na modalidade masculina (5.000 m e revezamento 4 × 400 m).

A tentativa de quebrar o recorde do revezamento 4 × 400 m masculino atrai holofotes, já que a equipe que detém a marca atual é a do jamaicano Usain Bolt, que possui três recordes olímpicos em provas de pista, um recorde de recordes.

Considerado o homem mais veloz do mundo, ele estabeleceu a marca de 9s63 nos 100 metros rasos. Também é dele o recorde de 200 metros rasos (19s30) e o de revezamento 4 x 100 m (36s84).

Quais recordes foram superados em Tóquio-2020

Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, sete provas de pista e rua quebraram recordes, sendo quatro femininas, duas masculinas e uma mista.

Dentre elas, está a mulher mais rápida do mundo em uma Olimpíada, considerando todas as provas do tipo no atletismo. Bicampeã nos Jogos, a velocista jamaicana Elaine Thompson-Herah correu os 100 m em 10s61, superando a marca da americana Florence Griffith-Joyner por um centésimo de segundo. Florence reinava com o melhor tempo nessa modalidade desde a disputa de 1988, em Seul.

As outras provas femininas com recordes batidos foram 1.500 m (por Faith Kipyegon, da Quênia), 100 m com barreiras (Jasmine Camacho-Quinn, do Porto Rico) e 400 m com barreiras (Sydney McLaughlin-Levrone, dos Estados Unidos).

Entre os homens, os recordes foram de dois noruegueses. Jakob Ingebrigtsen finalizou a prova de 1.500 m em 3min28s32, enquanto Karsten Warholm fechou a competição de 400 metros com barreiras em 45s94.

A prova mista que bateu recorde em 2020 foi a de revezamento 4 × 400 metros. Os poloneses Karol Zalewski, Natalia Kaczmarek, Justyna Święty, Kajetan Duszynski finalizaram a prova em 3min09s87.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.