Noah Lyles, 27, é o homem mais rápido de Paris. Ele tem uma foto para provar. Em uma final impressionante no Stade de France, em Saint-Denis, o atleta americano bateu o jamaicano Kishane Thompson, 23, no "photo-finish". Os dois fizeram 9s79, e o olho eletrônico teve que ir à terceira casa decimal para definir o vencedor: 9s784 contra 9s789, cinco milésimos que definiram o ouro. Também dos EUA, Fred Kerley fez 9s81 e ficou com o bronze.
Do primeiro ao último colocado, foram apenas 12 centésimos de diferença —e todos, pela primeira vez, correram abaixo dos 10s. Foram os 100 m mais disputados desde Moscou-1980. E Lyles, o primeiro americano a vencer a prova desde Justin Gatlin, em Atenas-2004, teve que fazer seu melhor para conseguir ser o mais rápido na prova.
Em métricas mais esquisitas, o americano agora campeão olímpico deu 44 passadas contra 45 do rival, que o liderou até 90 metros da corrida; Lysle era o último até 30 metros. Thompson perdeu na chegada, sem saber o que tinha acontecido. Ele e o americano tiveram que aguardar o resultado aparecer no telão, em um dos momentos que seguramente será eternizado de Paris-2024: 9s79 para os dois, mas com o nome de Lyles em primeiro.
O momento da linha de chegada foi tão apertado que mesmo o campeão duvidou que tivesse vencido. Após a prova, revelou uma conversa que teve com o jamaicano. "Eu falei para ele: 'Bro, acho que você levou'. Quando meu nome piscou na tela, eu falei: Gosh!"
"Para ser franco, eu só acreditei em mim mesmo. Sabe, eu já fiz pior. Já corri os 60 metros mais rápido que isso. Pior tempo de reação [0s178, a pior marca da final junto com Letsite Tebogo]. Estava achando que tinha sido um pouco melhor, mas isso prova que o tempo de reação não ganha corridas."
Thompson, aos 23 anos, é a nova sensação do país de Usain Bolt. Nas seletivas nacionais, já tinha marcado 9s77, melhor tempo das últimas duas temporadas do atletismo. Assumiu a liderança do ranking da prova, desbancando justamente Lyles.
No ano passado, em um campeonato nacional na Jamaica, Thompson apareceu para o mundo do atletismo com um tempo de 9s91 em uma semifinal. Seu técnico, Stephen Francis, formador de várias estrelas do país caribenho, o tirou então da final, dizendo que a ideia era poupá-lo de contusões. Desde então, marcas surpreendentes foram se sucedendo, a ponto de ele ter chegado a Paris dizendo que desbancaria Lyles.
O americano, bronze em Tóquio-2020 nos 200 m, fez o caminho inverso dos velocistas, que normalmente se dedicam primeiro aos 100 m. Chegou a Paris credenciado por seis títulos mundiais, quatro títulos da Diamond League e o domínio dos 100 m, dos 200 m e do revezamento 4 x 100 m, coisa que não acontecia no atletismo desde 2015, com Bolt. Neste Jogos, queria ir ainda mais longe e compor o revezamento 4 x 400 americano.
"Eu espero que vocês gostem de Noah porque eu tenho muito mais para mostrar", disse Lyles à britânica BBC ainda durante a comemoração.
O primeiro objetivo ele já cumpriu. Tem até foto para provar.
Resultado final dos 100 m de Paris-2024
Posição | Atleta | Tempo | Desempate |
---|---|---|---|
Ouro | Noah Lyles (EUA) | 9s79 | (.784) |
Prata | Kishane Thompson (JAM) | 9s79 | (.789) |
Bronze | Fred Kerley (EUA) | 9s81 | |
4 | Akani Simbine (AFS) | 9s82 | |
5 | Lamont Marcell Jacobs (ITA) | 9s85 | |
6 | Letsile Tebogo (BOT) | 9s86 | |
7 | Kenneth Bednarek (EUA) | 9s88 | |
8 | Oblique Seville (JAM) | 9s91 |
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