Soluções para moradia digna passam por retrofit e aluguel acessível

Coalização pela Habitação reuniu empreendedores sociais, empresários e lideranças públicas em evento para discutir saídas para públicos vulneráveis

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São Paulo

Empreendedores sociais, empresários e lideranças públicas debateram moradia digna nesta terça-feira (3) em São Paulo. De retrofit de prédios no centro para aluguel social a projeto que reorganiza casas em favelas, o encontro levantou possibilidades de inovação na habitação social.

Fomentar conhecimento neste tema e impulsionar novos negócios é o objetivo da Coalização pela Habitação, que reúne Instituto Vedacit, Gerdau, Votorantim Cimentos e Leo Social e organizou o evento no Insper.

Coalização pela Habitação reúne Instituto Vedacit, Gerdau, Votorantim Cimentos e Leo Social
Coalização pela Habitação reúne Instituto Vedacit, Gerdau, Votorantim Cimentos e Leo Social - Alex Fisberg

"Acreditamos na atuação em rede e na colaboração com iniciativas estruturais", disse Paulo Boneff, head global de Cultura, Comunicação Interna e Responsabilidade Social da Gerdau, na abertura do evento.

Uma das mesas trouxe iniciativas público-privadas de habitação, como a Gerando Falcões, ONG que criou uma rede de soluções para erradicar a pobreza, e a Citas, empresa que compra prédios abandonados na região central e os transforma em moradia.

"Há muitos prédios vazios no centro de São Paulo. Fazemos o retrofit [restauração da construção antiga] e alugamos", explica lsadora Rebouças, fundadora da Citas. "A habitação social é a maneira de viabilizar o projeto, pois os apartamentos precisam ter aluguel barato nesta região."

A empresa tem 500 unidades em desenvolvimento em locais como Praça da República e avenida Líbero Badaró. Já a Gerando Falcões tem pilotos do "Favela 3D" em seis diferentes territórios.

"Testamos de tudo nas habitações para entender como escalar essa tecnologia social para política pública com as inúmeras diferenças culturais brasileiras", disse Beatriz Ribas, gerente de Projetos na Gerando Falcões.

Além da moradia digna, o projeto atua com acesso à saúde, geração de renda, autonomia da mulher, direito à educação e apoio à primeira infância.

"Como adaptar uma família que vivia em barraco de madeira no chão de barro ao quarto andar de um prédio com banheiro?", indagou Beatriz.

"O grande desafio é fazer com que essas pessoas se desenvolvam socialmente sem perder sua individualidade."

Outra ONG convidada para o debate foi o Projeto Soma, idealizado por Grupo Gaia, Din4mo e Incorporadora MagikJC. Seu trabalho envolve aluguel acessível em centros urbanos, oferecendo a investidores a possibilidade de unir rentabilidade com impacto social.

"A cada cinco pessoas que entram em um stand de vendas, só uma consegue financiamento no ‘Minha Casa, Minha Vida’", diz Marco Gorini, sócio da Din4mo.

O Soma criou um modelo que vai da seleção de quem habita o espaço, com apoio de movimentos de acesso à moradia, à gestão pós-ocupação para fortalecer a comunidade. O primeiro prédio, com 110 apartamentos, deve ser entregue ainda em 2022.

"É um projeto de mobilidade social, com foco em quem ganha de três a cinco salários-mínimos."

Entre 2018 e 2023, a Coalização pela Habitação acelerou 79 negócios e beneficiou mais de 1 milhão de pessoas. Até 2021, foram articulados R$ 16 milhões para iniciativas que melhoram a salubridade e o conforto de lares brasileiros.

"Temos 26 milhões de domicílios inadequados no país", afirmou Alessandra d'Ávila, diretora do Departamento de Produção Social da Moradia do Ministério das Cidades.

Ela apresentou um panorama da habitação social e os desafios do programa ‘Minha Casa, Minha Vida’.

"A política habitacional não vai resolver todos os problemas urbanos do país, mas o papel do governo federal é ser financiador para que as soluções se organizem e cheguem."

Jorge Melguizo, ex-secretário de Cultura de Medellín, fala sobre estratégias para evitar déficit habitacional
Jorge Melguizo, ex-secretário de Cultura de Medellín, fala sobre estratégias para evitar déficit habitacional - Alex Fisberg

O encontro terminou com palestra magna de Jorge Melguizo, ex-secretário de Cultura de Medellín.

"Na América Latina, no Brasil, na Colômbia, a melhor política habitacional que pode ser feita é a melhoria integral dos bairros", disse ele.

Uma vez que governos nacionais, estaduais e municipais não têm como assumir o enorme desafio do déficit habitacional, segundo ele, seria preciso que assumissem a revitalização de bairros.

"Claro que é preciso construir novas casas, mas é preciso enfatizar programas de habitação que permitam a melhoria das moradias pelos próprios moradores ou por meio de programas de regularização fundiária", completou.

A Coalização pela Habitação vai anunciar em breve um novo modelo de aceleração para startups e projetos que atuam na área e um novo encontro.

"Eventos como este são essenciais para o progresso do ecossistema de negócios de impacto social, que pode fazer a diferença nas habitações e na qualidade de vida da população de baixa renda", afirma Juliana Solai, coordenadora de Inovação e Sustentabilidade da Vedacit.

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