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A
profecia de Lula
Mais uma
vez, o mercado mostrou ontem sinais de nervosismo, excitado,
em parte, pelas perspectivas da sucessão presidencial.
Ou seja, o medo da vitória do Lula.
Cria-se,
na prática, uma profecia auto-realizável. O
mercado aposta que Lula, se vitorioso, iria bagunçar
a economia. O dólar sobe, os investimentos diminuem,
diminui a entrada de recursos estrangeiros, os juros internacionais
para o Brasil ficam mais altos, e assim vai. A situação,
enfim, piora inevitavelmente e a profecia se realiza.
A verdade,
porém, é que Lula já falou tantas coisas
diferentes sobre o mesmo assunto -e num prazo tão curto-
que suspeita-se que uma nova onda de idéias iria alterar
sua visão. Só os idiotas totais não mudam
de idéias diante de novos caminhos. Pior do que errar
é persistir no erro.
Mas o
problema de Lula é simples - e, aí, existem
mesmo razões para temor. Lula vai se eleger com a bandeira
da mudança social, da redenção do trabalhador
e dos mais pobres. Quem acompanha a eleição
não pelos slogans e jogos de imagens sabe que o orçamento
não permite extravagâncias, a dívida pública
é uma forca na administração pública.
A tendência
inevitável -e é o que ocorre exatamente com
Marta Suplicy em São Paulo- é, pelo menos nos
primeiros dois anos de mandato, ocorrer uma distância
entre o que se prometeu e o que se mostra. Até porque
o eleitor tem uma visão de curto prazo.
A dúvida
é sobre como Lula e o PT podem enfrentar essa pressão.
Se cederem, destróem o rigor fiscal exigido pelas normas
econômicas. Se mantiverem o aperto, descontentam a sua
base de sustentação. Dessa dúvida, no
fundo, nasce todo o nervosismo do mercado
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