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8 de dezembro

  Covas derruba Serra
O ministro da Saúde, José Serra, tinha até a semana passada a candidatura presidencial mais bem planejada entre os partidos de sustentação de Fernando Henrique Cardoso. Tinha. Agora, esse projeto foi abatido pela intervenção do governador de São Paulo, Mário Covas, em benefício do colega tucano que administra o Ceará, Tasso Jereissati.

Enquanto Tasso estava isolado em seu Estado, Serra construía a partir de Brasília uma rede de apoios políticos e empresariais capazes de deixar claro que, se nenhum candidato governista hoje estava bem cotado nas pesquisas, ele estava mais bem articulado. O PMDB, que lançou a candidatura de Pedro Simon para ocupar espaço (só embarcará nela se a coisa virar um fenômeno, hipótese hoje improvável), tem (ou tinha) planos de marchar com Serra nas eleições de 2002.

O ministro da Saúde, segundo alguns pefelistas, também estava tentando vencer a resistência do senador Antonio Carlos Magalhães, principal líder do PFL, a seu nome. Ou seja, Serra vinha comendo o mingau pelas beiradas quando surgiu Covas.

O governador de São Paulo deu apoio público a Tasso, argumentou que o julga o melhor candidato para o PSDB ("ele é nossa chance real de poder") e mudou tudo internamente no partido, que já começava a ver a candidatura de Serra como o caminho provável.

Esse jogo ainda pode mudar. Mais importante é o que Covas fez. Na prática, assumiu o comando político do PSDB. Agora, que uma nova luta contra o câncer acabou praticamente com sua chance de ser candidato a presidente, Covas ficou livre para dizer o que realmente pensa, doa a quem doer. De acordo com tucanos brasilienses, doeu em Serra.

O governador paulista, em conversas reservadas, diz que não veta o ministro da Saúde, mas afirma que o considera menos partidário do que Tasso. Ou seja, julga que o tucano paulista faz um jogo político mais individual que coletivo. E é com esse coletivo que Covas alega estar preocupado agora.

O PSDB nunca aceitou a política econômica de FHC, apesar de ter desfrutado da popularidade do presidente quando isso foi útil em eleições. O partido, especialmente Covas, busca resgatar aquelas raízes perdidas da social-democracia. Uma coisa que incomoda o governador paulista é a pouca diferença que existe atualmente entre as propostas de PSDB, PFL e PMDB, os três principais partidos governistas.

Com seu apoio a Tasso, que deve radicalizar o discurso anti-Malan e cia., Covas tenta dar novos rumos ao PSDB. Se tiver sucesso, será um feito de impacto no modo de operar hoje do establishment brasileiro. Para chegar a esse objetivo, Covas pensa que seu jogador tem de ser o tucano cearense e não paulista.


Leia colunas anteriores
1º/12/2000 - A armadilha contra ACM
24/11/2000 - Malan ressuscita indexação
17/11/2000 - Financiamento público é bom até com caixa-dois
10/11/2000 - A morte do PT radical
03/11/2000 - O PSDB está acabando?!


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