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15 de dezembro

  FHC virou saco de pancada
_ Senador, o peso de o sr. dizer a 30 jornalistas estrangeiros que o presidente Fernando Henrique Cardoso tolera a corrupção... _ ia perguntando um repórter ao presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), em um almoço de final de ano.

_ Trinta, não. Quarenta _ corrigiu ACM, com um sorriso maroto.


O diálogo acima mostra que ACM não pegou leve, não. Pegou pesado, e com cálculo e gosto, quando atacou FHC. Qual o estrago que uma declaração desse tipo faz na imagem do presidente? Um tremendo de um rombo.

Das outras vezes em que criticou FHC (e elas não foram poucas nos últimos dois anos), ACM sempre mencionou uma suposta falta de autoridade e um real traço do caráter do presidente de sempre preferir uma solução negociada ao enfrentamento.

FHC se saía bem. Atribuía isso a diferenças de estilo. E dava a sua alfinetada em ACM. Afinal, um virou presidente da República. O outro, apesar da enorme influência na política e na mídia, sempre ficou à sombra do poder.

Dessa vez, o tiro de ACM não foi no estilo do presidente, mas na sua honra. A resposta de diferença de estilo não vale. Afinal, roubalheira é roubalheira, tenha ela elegância ou não.

A acusação foi gravíssima. Em poucas palavras, disse que FHC sabe que há corruptos no seu governo, mas que tolera a ladroagem para tirar proveito político.

Depois, voltou a subir o tom no almoço, falando novamente de corrupção. Afirmou que, "na intimidade, o presidente diz que sabe que tem amigos no governo que não podiam ficar no governo".

Quem conhece bem FHC diz que ele não será "saco de pancada" até o final do governo. No entanto, o presidente, no momento, é um "saco de pancada". FHC acabou reagindo depois de 48 horas, mas deu uma resposta indireta, usando mais uma vez uma solenidade para mandar seus recados.

A demora da resposta é grave porque o próprio FHC fez a avaliação de que, dessa vez, ACM passou dos limites e colocou em dúvida a sua honestidade, coisa que ele sempre disse querer preservar.

Convenhamos que o revide foi bem fraquinho (FHC insinuou que faltou compostura a ACM). Um ataque à honra merecia mais do que isso. Inclusive, mas não só, em benefício da própria biografia presidencial.


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24/11/2000 - Malan ressuscita indexação
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