Fabrizia Granatieri/Folha Imagem
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Campanha
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ao dia da paz no Rio |
Houve
um tempo em que policial andava de luvas brancas em São
Paulo. Eram os homens da antiga Guarda Civil, com seus impecáveis
uniformes de paletó azul marinho com botões
dourados, sapatos bem engraxados, camisa branca e gravata,
quepes com o distintivo luzidio à frente. Revólver,
apito e cassetete também.
Quando
destacados para determinadas tarefas de policiamento _em
parques de diversão, festas populares, portas de
cinemas ou controle do trânsito_, usavam as tais luvas
brancas. Em cerimônias mais formais, levavam também
o espadim.
Bem,
naquele tempo, mais de 30 anos atrás, bandido só
usava faca, navalha, no máximo um revólver
calibre 22.
A
polícia era outra, o criminoso e os crimes eram outros,
o mundo era outro.
Mesmo
assim vale a pena lembrar como os guardas civis eram gentis
e solícitos, portanto estimados pela população.
Atuavam normalmente nas mesmas comunidades, conheciam as
pessoas, eram reconhecidos e respeitados por elas. Simbolizavam
a segurança hoje ausente das ruas e escondida num
canto da memória de alguns.
O
distanciamento que existe atualmente entre a polícia
e a população é, a meu ver, uma das
principais causas do aumento da violência.
A
polícia é hoje quase sempre um elemento estranho,
não raro hostil, às comunidades em que apenas
circula, não se fixa, não se ostenta como
a presença física do Estado. Causa temor,
mas não se faz respeitar.
Nova
York era uma das cidades mais violentas do mundo. Hoje não
é mais e um dos motivos desse êxito foi justamente
a atribuição de responsabilidades setoriais.
Ou seja, cada destacamento da polícia local responde
por sua área. Para isso, tem que conhecer bem, estar
presente, ser eficiente e sobretudo ser reconhecido e merecer
o respeito de quem vive ali. Na falta de atuação
positiva, troca-se o policial, o chefe, o destacamento todo.
Por
que a coisa deu certo?
Porque
houve uma verdadeira revolução gerencial da
polícia de Nova York ao longo da década passada
com o objetivo de "retirar armas das ruas, controlar
e evitar violência nas escolas, prender os condenados
foragidos, retirar traficantes das ruas, reduzir roubos de
automóveis, romper o ciclo da violência doméstica,
recuperar espaços públicos, resolver os nós
do trânsito, enfrentar a corrupção policial,
agir sempre com cortesia, profissionalismo e respeito".(Luiz
Eduardo Soares, em "O
Enigma de New York")
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O
que é preciso para conseguir isso?
Competência
e vontade política.
Portanto,
devemos não apenas acender velas e usar branco, como
também criar grupos de discussão, ONGs, comissões
e outros mecanismos para pressionar governantes, políticos
e empresários.
Eles
devem, pela ordem, governar com eficiência e dinamismo
nesse setor, legislar para garantir a segurança de
seus eleitores e ter também uma ação
social e não apenas pensar nos lucros.
Porque,
quando o Estado não cumpre seu papel e a sociedade
não se mexe, sobrevém o caos.
Do
qual, aliás, estamos bem próximos.
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01/07/2000
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