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caversan@uol.com.br
  8 de julho
  A paz depende de vontade política e de competência
 

Fabrizia Granatieri/Folha Imagem
Campanha "Basta eu quero paz" - coral canta em homenagem ao dia da paz no Rio
Houve um tempo em que policial andava de luvas brancas em São Paulo. Eram os homens da antiga Guarda Civil, com seus impecáveis uniformes de paletó azul marinho com botões dourados, sapatos bem engraxados, camisa branca e gravata, quepes com o distintivo luzidio à frente. Revólver, apito e cassetete também.
Quando destacados para determinadas tarefas de policiamento _em parques de diversão, festas populares, portas de cinemas ou controle do trânsito_, usavam as tais luvas brancas. Em cerimônias mais formais, levavam também o espadim.
Bem, naquele tempo, mais de 30 anos atrás, bandido só usava faca, navalha, no máximo um revólver calibre 22.
A polícia era outra, o criminoso e os crimes eram outros, o mundo era outro.
Mesmo assim vale a pena lembrar como os guardas civis eram gentis e solícitos, portanto estimados pela população. Atuavam normalmente nas mesmas comunidades, conheciam as pessoas, eram reconhecidos e respeitados por elas. Simbolizavam a segurança hoje ausente das ruas e escondida num canto da memória de alguns.
O distanciamento que existe atualmente entre a polícia e a população é, a meu ver, uma das principais causas do aumento da violência.
A polícia é hoje quase sempre um elemento estranho, não raro hostil, às comunidades em que apenas circula, não se fixa, não se ostenta como a presença física do Estado. Causa temor, mas não se faz respeitar.
Nova York era uma das cidades mais violentas do mundo. Hoje não é mais e um dos motivos desse êxito foi justamente a atribuição de responsabilidades setoriais. Ou seja, cada destacamento da polícia local responde por sua área. Para isso, tem que conhecer bem, estar presente, ser eficiente e sobretudo ser reconhecido e merecer o respeito de quem vive ali. Na falta de atuação positiva, troca-se o policial, o chefe, o destacamento todo.
Por que a coisa deu certo?
Porque houve uma verdadeira revolução gerencial da polícia de Nova York ao longo da década passada com o objetivo de "retirar armas das ruas, controlar e evitar violência nas escolas, prender os condenados foragidos, retirar traficantes das ruas, reduzir roubos de automóveis, romper o ciclo da violência doméstica, recuperar espaços públicos, resolver os nós do trânsito, enfrentar a corrupção policial, agir sempre com cortesia, profissionalismo e respeito".(Luiz Eduardo Soares, em "O Enigma de New York")
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O que é preciso para conseguir isso?
Competência e vontade política.
Portanto, devemos não apenas acender velas e usar branco, como também criar grupos de discussão, ONGs, comissões e outros mecanismos para pressionar governantes, políticos e empresários.
Eles devem, pela ordem, governar com eficiência e dinamismo nesse setor, legislar para garantir a segurança de seus eleitores e ter também uma ação social e não apenas pensar nos lucros.
Porque, quando o Estado não cumpre seu papel e a sociedade não se mexe, sobrevém o caos.
Do qual, aliás, estamos bem próximos.

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01/07/2000 - Sábado, um bom dia


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