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Nelson de Sá
nelsonsa@uol.com.br
  2 de agosto
  Webjornalismo
 

Matt Drudge, para o bem e para o mal, tornou-se o símbolo, mais até, o paradigma do webjornalismo. Para quem não sabe, é o repórter de fofocas que começou falando de estrelas e bilheterias de Hollywood e ganhou projeção ao dar em site o furo do escândalo Monica Lewinsky.
Seu livro, que ainda não saiu, acaba de bater no topo dos mais vendidos da Amazon, na lista de não-ficção. Chama-se, sintomaticamente, "Drudge Manifesto". Promete coisa nova, mas muito do que vem aí foi adiantado pelo próprio num antológico discurso no National Press Club, em Washington.
A imprensa americana vinha do impacto do furo de Drudge e abriu os microfones para o repórter, que falou o diabo diante dos maiores nomes da cobertura política. Ele está com 33 anos. Seu alvo maior, desde sempre, são os editores, que vê como cerceadores da notícia.
Para ele, com a Internet, qualquer um pode cobrir o que bem quiser, sem as restrições _éticas, inclusive_ impostas nas redações. Em suma, vale tudo. O discurso foi transmitido pela TV a cabo C-Span e ainda pode ser encontrado no site do canal americano.
Uma transcrição pode ser lida no próprio site Drudge Report. Vale reproduzir alguma coisa, até para ninguém dizer que não foi avisado do que representa ou representou a revolução do webjornalismo. Uma passagem do debate que se seguiu ao discurso, com pergunta e resposta:
_ O direito de todo cidadão de gritar "extra!, extra!" vale mais do que respeitar a ética profissional do jornalismo?
_ Profissional... Você fica jogando palavras sobre mim e eu não posso me defender, porque eu não sou um jornalista profissional. Eu não sou pago por ninguém. Eu não sei por que é tão assustador que eu possa publicar alguma coisa sem um editor. Eu ponho meu nome em tudo o que escrevo, ao contrário de alguns colunistas nesta sala.

Outra passagem, pergunta e resposta:
_ Você pode definir qual é a diferença entre fofoca e notícia?
_ Algumas das melhores notícias começam como fofoca. Monica Lewinsky certamente foi fofoca, no começo. Em que ponto elas se tornam notícia? Essa é a coisa indefinível nessa atmosfera em que todo repórter estará operando de sua casa, com sites gratuitos, como eu faço.
Sites gratuitos, com repórteres escrevendo sem travas, são a utopia drudgiana, pode-se dizer. É fascinante e assustadora, em sua irresponsabilidade. Já rendeu processo milionário contra o próprio. Já rendeu até simpósio sobre os perigos da cobertura econômica on line, no Brasil, com participação de Pedro Malan.
Mas talvez você, leitor da web, não precise se preocupar, afinal. Drudge e seu discurso utópico aconteram antes da união entre AOL e Time Warner, antes de começar a concentração corporativa. E bem antes do início da seleção natural das últimas semanas na web.
É a contra-revolução em marcha. Contra-revolução, diga-se, que aprendeu muito com os ensinamentos drudgianos.

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