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19/07/2004
-
05h40
Aquelas taças bem pequenas usadas para tomar vinho do Porto estão fadadas a virar atração de museu. Hoje o cálice oficial da bebida produzida no vale do rio Douro, criado recentemente pelo arquiteto português Álvaro Siza Vieira, tem um buraco na haste para acomodar o polegar e a boca menor que a base que segura o líqüido, num formato estudado para estimular as papilas gustativas.
"Aquela tacinha fazia todo o vinho evaporar rapidamente", comenta Jorge Rosas, diretor da fábrica de vinho do Porto fundada por seu bisavô Adriano Ramos Pinto em 1880. Da sede, em Vila Nova de Gaia, avista-se o rio Douro e o Porto, na margem oposta.
A bebida é exportada pela cidade que a batiza e tem produção concentrada em Vila Nova de Gaia, cidade grande de avenidas largas e prédios altos que desmentem o seu nome.
O museu da Adriano Ramos Pinto mantém o escritório do início do século 20, com máquinas de escrever antigas, cartazes art nouveau, rótulos como o do 400º aniversário da descoberta do Brasil, e brindes distribuídos aos consumidores em promoções, num acervo que mostra uma visão de marketing "avant la lettre".
Também denotam a ousadia de Ramos Pinto para a época os azulejos de nus exibidos na entrada do museu, como o de uma mulher brincando nos ombros de um homem, o qual chegou a ser vetado numa exposição no Brasil no início do século 20 porque "o baixo ventre da senhora está muito perto da barba do senhor".
O mercado brasileiro motivou a fundação da empresa por Adriano Ramos Pinto, aos 20 anos, abrindo as janelas do país para esse tipo de bebida. A empresa teve a ex-colônia como principal mercado por muitos anos, mas a exportação para cá caiu de mais de 1 milhão de garrafas nos anos 20 para as atuais 60 mil, e o Brasil hoje recebe menos vinho da empresa do que EUA e França.
Outra diferença hoje é que o capital da produtora pertence à Louis Roederer, a mesma dos champanhes Cristal, que, segundo Rosas, a mantém com características de empresa familiar.
O licoroso vinho do Porto difere dos outros porque sua fermentação é interrompida com o acréscimo de uma aguardente que mata as leveduras responsáveis pela transformação do açúcar em álcool. Assim, fica bem doce.
Adriano Ramos Pinto - Av. Ramos Pinto, 380, Vila Nova de Gaia, tel.: 00/xx/ 351/223/707-000; www.ramospinto.pt; ingresso: 2, com visita ao museu, sessão de slides e degustação de vinho
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Portugal: Tacinha de vinho do Porto está superada
da enviada especial da Folha de S.Paulo a PortugalAquelas taças bem pequenas usadas para tomar vinho do Porto estão fadadas a virar atração de museu. Hoje o cálice oficial da bebida produzida no vale do rio Douro, criado recentemente pelo arquiteto português Álvaro Siza Vieira, tem um buraco na haste para acomodar o polegar e a boca menor que a base que segura o líqüido, num formato estudado para estimular as papilas gustativas.
"Aquela tacinha fazia todo o vinho evaporar rapidamente", comenta Jorge Rosas, diretor da fábrica de vinho do Porto fundada por seu bisavô Adriano Ramos Pinto em 1880. Da sede, em Vila Nova de Gaia, avista-se o rio Douro e o Porto, na margem oposta.
A bebida é exportada pela cidade que a batiza e tem produção concentrada em Vila Nova de Gaia, cidade grande de avenidas largas e prédios altos que desmentem o seu nome.
O museu da Adriano Ramos Pinto mantém o escritório do início do século 20, com máquinas de escrever antigas, cartazes art nouveau, rótulos como o do 400º aniversário da descoberta do Brasil, e brindes distribuídos aos consumidores em promoções, num acervo que mostra uma visão de marketing "avant la lettre".
Também denotam a ousadia de Ramos Pinto para a época os azulejos de nus exibidos na entrada do museu, como o de uma mulher brincando nos ombros de um homem, o qual chegou a ser vetado numa exposição no Brasil no início do século 20 porque "o baixo ventre da senhora está muito perto da barba do senhor".
O mercado brasileiro motivou a fundação da empresa por Adriano Ramos Pinto, aos 20 anos, abrindo as janelas do país para esse tipo de bebida. A empresa teve a ex-colônia como principal mercado por muitos anos, mas a exportação para cá caiu de mais de 1 milhão de garrafas nos anos 20 para as atuais 60 mil, e o Brasil hoje recebe menos vinho da empresa do que EUA e França.
Outra diferença hoje é que o capital da produtora pertence à Louis Roederer, a mesma dos champanhes Cristal, que, segundo Rosas, a mantém com características de empresa familiar.
O licoroso vinho do Porto difere dos outros porque sua fermentação é interrompida com o acréscimo de uma aguardente que mata as leveduras responsáveis pela transformação do açúcar em álcool. Assim, fica bem doce.
Adriano Ramos Pinto - Av. Ramos Pinto, 380, Vila Nova de Gaia, tel.: 00/xx/ 351/223/707-000; www.ramospinto.pt; ingresso: 2, com visita ao museu, sessão de slides e degustação de vinho
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