Por que sobrenatural e true crime fazem tanto sucesso? Ju Cassini explica

Podcaster com 7,2 milhões de seguidores no TikTok se formou advogada, mas chegou ao sucesso falando do que dá medo

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São Paulo

Parece mentira dizer que Ju Cassini já teve muito medo de ver filmes de terror sozinha. Uma aficcionada por tudo que é sinistro, e ainda autora de um podcast chamado "Assustador, Bizarro e Misterioso", ela parece ser a última pessoa do mundo a se impressionar com o sobrenatural. "Eu tinha um pouco de medo no início, mas, com o tempo, fui aprendendo a lidar", conta Ju, 29 anos.

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Ju Cassini, autora do podcast 'Assustador, Bizarro e Misterioso' - Divulgação

Ela encontrou uma forma de não deixar que o conteúdo que pesquisa não "ficasse pesado" a ponto, por exemplo, de fazê-la perder o sono. "Tento não ficar pensando muito sobre os casos depois que me levanto da minha cadeira e vou fazer outras coisas", diz.

Os casos a que ela se refere são as tais histórias assustadoras, bizarras e misteriosas que vão parar no podcast, um programa com 4.9 estrelas de avaliação dos ouvintes e episódios novos todas as segundas e quintas-feiras.

Ju tem 7,2 milhões de seguidores no TikTok e 1 milhão no Instagram. Eles ajudam a podcaster mandando sugestões de casos no direct. "Eu também pesquiso em muitos documentários, no YouTube, em livros, artigos na internet de notícias e até vídeos de outros criadores que eu acompanho. Isso ajuda bastante a montar o roteiro e a saber como passar a história para outras pessoas", afirma.

No começo, durante a pandemia da Covid-19, o "Assustador, Bizarro e Misterioso" era só sobre crimes. Depois de um tempo, Ju resolveu expandir o conteúdo para "coisas que dão medo".

"Sempre fui curiosa com tudo relacionado a esse mundo 'assustador, bizarro e misterioso', então decidi compartilhar mais dos meus interesses, além de casos criminais", lembra. "Eu também consumo muito cinema, então foi bem legal poder expandir para curiosidades e esse lado de cultura pop."

A princípio o podcast era só um hobby para Ju —ela, que é advogada, tinha outro emprego além da ocupação oficial de hoje em dia como podcaster. "Eu não tinha nenhum objetivo de transformar em trabalho. Como tinha bastante tempo livre, decidi compartilhar essas curiosidades, e acabou dando certo. Mas demorou um tempinho pra tomar a decisão de seguir só com a internet", conta.

Uma das principais inspirações era o canal do YouTube de Bailey Sarian, que conta histórias de crimes reais enquanto aplica maquiagem. Na época, Ju estava assistindo à série "Mindhunter", na Netflix, e os serial killers abordados na produção viraram tema dos primeiros episódios do seu programa.

Para Ju, o sucesso do tema true crime vem da curiosidade do público. "Principalmente porque vemos coisas absurdas que jamais pensaríamos em fazer. Nos questionamos o que essa pessoa pensou, o que a levou a fazer isso. Essa questão psicológica é bem interessante", afirma.

"Além disso, algumas análises que li falam que as pessoas usam como uma forma de proteção. Você quer saber como poderia se proteger em uma situação como aquela. Já as histórias assustadoras são interessantes porque deixam a gente com aquela adrenalina, aquela dúvida: 'Será que existe mesmo?'."

Em fevereiro, Ju virou Radar Podcaster Brasil no Spotify, um programa que mensalmente escolhe um criador de conteúdo nacional para ser destaque da plataforma. Para quem é jovem e deseja virar um podcaster, ela recomenda foco em assuntos que sejam de interesse pessoal de quem vai produzir o programa.

"Não adianta você falar de um tema que não vai te deixar animado, porque aí não vai dar vontade de continuar. O essencial é escolher um tema em que você acredita e gosta, e ter constância. É importante não desistir no começo, quando o podcast ainda tá crescendo, porque as plataformas podem demorar um pouquinho pra distribuir para o público que vai se interessar", sugere.

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