Escritores falam sobre Lygia Bojunga, homenageada no Salão do Livro
Neste ano, Lygia Bojunga Nunes comemora 80 anos de vida e 40 anos de publicação de seu primeiro livro, "Os Colegas", que conta a história de cinco amigos bichos, que mais parecem gente.
A autora é uma das homenageadas do Salão FNLIJ do Livro, que acontece até domingo (29) no Rio de Janeiro.
A "Folhinha" esteve por lá para conferir a leitura de trechos de livros da autora. E aproveitou para conversar com escritores e ilustradores sobre o livro "Os Colegas" e a obra de Lygia.
Confira algumas opiniões.
Divulgação |
Lygia Bojunga Nunes é homenageada no Salão do Livro |
Pedro Bandeira, escritor
"'Os Colegas' é o título da Lygia que menos me agrada. Eu e todo o mundo amamos 'A Bolsa Amarela', valorizando aquilo que um dia já fomos, e nos divertimos com 'Na Corda Bamba', pois é gostoso saber que, mesmo sentindo-nos às vezes desequilibrados, sempre haverá um chão seguro para que possamos nos apoiar. Estou me pondo na conta de 'todo o mundo' porque o que Lygia escreve vira clássico no dia do lançamento! Meu título preferido é "A Casa da Madrinha". Uma emocionante busca poética pelo carinho de alguém, de cuja existência apenas se suspeita, mas que em algum lugar deve estar!"
Lúcia Hiratsuka, autora e ilustradora
"Li vários livros da Lygia Bojunga, fica até difícil dizer de qual gostei mais. 'A Bolsa Amarela', 'A Casa da Madrinha', 'O Sofá Estampado'... Eu acho que em seus livros o leitor é capturado desde o início pela sua narrativa. Ela usa palavras e construções de frases simples, os diálogos são extremamente dinâmicos e coloquiais, as cenas são claras. No entanto, as personagens são intensas, complexas, assim como é na vida. Ao ler, vivenciamos o universo das personagens de Lygia."
Capa do livro "Os Colegas", primeira publicação de Lygia |
André Neves, autor e ilustrador
"Adoro os livros da Lygia. É inquestionável o tratamento literário que ela dá para sua obra. Fui para 'Os Colegas' depois de ler 'A Bolsa Amarela', que me encantou. E a partir daí passou a ser uma autora de referência. A obra dela tem uma estrutura que é difícil encontrar em outros escritores, difícil chegar a isso, é algo bem pessoal. Pra quem gosta de ler e trabalha com literatura, a obra da Lygia é indispensável pra que possamos falar do despertar do prazer de ler e entender o que é uma boa literatura."
Guto Lins, autor e ilustrador
"Tive a oportunidade de conhecê-la em um evento, anos atrás. Fiquei mais fã ainda. "A Bolsa Amarela" foi o livro dela que mais me marcou. Mas só fui ler adulto, pois era um adolescente bobo quando foi lançado. Agora, por coincidencia, estamos fazendo o cartaz do filme 'A Corda Bamba' (de Eduardo Goldeinstein), baseado no livro dela."
Anna Claudia Ramos
"'A Bolsa Amarela' é meu livro preferido da Lygia e foi uma das obras que me fizeram querer ser escritora."
SAIBA MAIS
Ninfa Parreiras, especialista em literatura infantil, autora e psicanalista, está presente no Salão para falar sobre a obra de Lygia. Ela conta que "Os Colegas", primeiro livro da autora, já traz todas as características das outras obras dela. "As primeiras publicações são bem voltadas para crianças. Fazem uso da fantasia, tratam de temas que são do universo desses leitores, como imaginação, vergonha, duvida, um sentimento de companheirismo, muito presente nos 'Colegas'... Os últimos já são mais voltados para adultos."
Mas todos têm em comum a "fantasia em abundância" e a linguagem muito coloquial (parecida com nosso jeito de falar). "Quando lemos, parece que ouvimos aquelas personagens falarem", diz Ninfa. Dentro da literatura infantil, Lygia deu continuidade ao jeito de escrever criado por Monteiro Lobato, que também era assim.
Um último aspecto levantado por Ninfa foi a repetição de personagens (como Raquel, de "A Bolsa Amarela", que aparece em outros livros) e temas (como o abandono) em vários livros de Lygia. "É como se tivesse uma coerência, mas não é repetitivo porque são novas abordagens."
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