Estilista Ronaldo Fraga ilustra primeiro livro infantil; leia entrevista
O estilista Ronaldo Fraga e a escritora Patrícia Auerbach lançam neste domingo o livro "Pequena Grande Tina", primeiro trabalho de Fraga como ilustrador de livros infantis.
Na história, Tina é uma menina de três anos que não vê a hora de crescer.
Leia abaixo entrevista com os autores do livro.
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Ilustração livro "Pequena Grande Tina" |
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Folhinha - Quando criança, te incomodava ser pequena?
Patrícia Patricia Auerbach - Eu gostava muito de imaginar como ia ser quando crescesse. Eu me incomodava muito com não conseguir alcançar as coisas e odiava estar sempre na altura das pernas das pessoas. Lembro uma regra que minha mãe inventou. Ela dizia que quem conseguisse alcançar o botão do nosso andar no elevador podia descer sozinho para brincar com os amigos do prédio. Só que a gente morava no 15º andar, então esse dia demorou muito para chegar. Eu precisei me esticar tanto para alcançar aquele botãozinho que nunca mais esqueci dele e acabei incluindo essa lembrança no livro.
Conte como foi a parceria com Ronaldo Fraga.
Patrícia - Eu sabia como a Tina devia ser. Sabia que ela era divertida como a Emília e doce como a Narizinho. Mas não sabia quem convidar para ilustrar a minha história. Conversando com uma amiga, eu disse: "Não sei quem chamar para ilustrar essa história, só sei que se a Tina fosse uma roupa seria um vestido estampado do Ronaldo Fraga, talvez aquele de biscoitos."
E quando eu disse isso, na hora lembrei de uma entrevista em que ele se dizia um desenhista e ressaltava que a moda tinha vindo como consequência dessa paixão pelo traço e pelas cores. Como sempre adorei o trabalho dele, conhecia também sua paixão pela literatura. E, mesmo sem achar que ele aceitaria o convite, decidi que não custava tentar.
As ilustrações de "Pequena Grande Tina" trazem texturas e medidas que parecem costuras...
Ronaldo Fraga - O universo da Tina é têxtil e tátil. E como ela é uma menina com muita personalidade, desde cedo já expressa identidade na forma de vestir. Sugeri que em cada página ela estivesse usado um vestido diferente. Cada um mais colorido e bem-humorado que o outro.
Qual o material usado nas ilustrações?
Fraga - Como técnica, usei lápis de cor e canetinha. E no "layout" mantive a textura do rabisco.
Como veio a ideia de incluir a fita métrica no final do livro?
Patrícia - Desde o inicio, eu queria que a personagem conversasse com o leitor, porque criança dessa idade adora saber quem é maior, quem é menor. Quando eles começam a fazer essas relações se divertem comparando tudo e aí aparecem os diálogos mais engraçados.
Usar a Tina em tamanho real foi a maneira que eu encontrei de chamar o leitor para essa conversa. O engraçado é pensar que até agora não sei direito se é o leitor que vai para dentro da história quando abre a fita métrica ou se é a Tina que vem para o nosso mundo quando extrapola os limites do livro.
Você se identifica com a história? Já sentiu algo parecido ou viu seus filhos passarem por esta situação?
Fraga - Acho que todo mundo quando criança usou um lugar da casa para marcar o quanto crescia. Quando meus filhos eram menores, descobri atrás da porta do quarto marcas de lápis que funcionavam como unidades de medida, exatamente como eu fazia.
Que livros marcaram sua infância? Como leitor, focava mais no texto ou já nas ilustrações?
Fraga - Os livros que marcaram minha infância, além de toda a coleção de Monteiro Lobato, são os de José Mauro de Vasconcelos, como "O Meu Pé de Laranja Lima". Curiosamente estes livros não eram ilustrados. As capas sim, estas eram lindas.
É seu primeiro livro infantil como ilustrador. Pensa em escrever para crianças também?
Fraga - Penso e já tenho várias histórias. O difícil é arrumar tempo para começar a desenhar.
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