Descrição de chapéu Todo mundo lê junto

Chega de preguiça, é hora de se mexer!

No isolamento, é importante se sentar direito ao assistir às aulas e se exercitar

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São Paulo

Quando a pandemia começou, os irmãos Ana Beatriz, 13, e Arthur, 9, acharam muito legal a ideia de não poder mais sair de casa. Acordar sem pressa parecia a melhor parte do isolamento, e fazer escola online também tinha cara de diversão.

Arthur lembra que, de tão feliz e relaxado que estava, começou a assistir às aulas meio deitado na cadeira. “Eu achava mais confortável, mas minha mãe falava que não era bom”, conta. A mãe de Arthur tinha razão —não demorou muito para ele começar a ter dores no pescoço.

É hora de se mexer
"Temos que manter o corpo em movimento", ensina fisioterapeuta - Catarina Pignato

Ana Beatriz também não andava muito melhor. “Nas aulas online, minha postura era muito ruim, parecia que eu ficava com uma corcunda. Eu sentia bastante dor nas costas, pescoço e ombro, elas eram bem fortes”, diz.

A família, então, procurou a opinião de médicos, que disseram que as crianças precisavam urgentemente fazer alguma atividade física. A solução foi matricular todo mundo —irmão, irmã, mãe e pai— em aulas de pilates.

“Comecei com uma aula experimental, mas não gostei muito. Daí minha mãe marcou mais uma com toda família, e eu achei bem legal nessa segunda vez. Aí, ela passou a marcar toda quinta”, resume Arthur.

“De cara eu não me animei muito, mas, com o passar do tempo, foi virando uma prática muito legal, e que me ajudou bastante. Hoje eu gosto muito de praticar, não consigo ficar uma semana sem fazer”, completa Ana.

As dores diminuíram, e os dois adoram ver as conquistas que os oito meses de prática trouxeram. “No começo dos alongamentos, eu não passava nem do meu joelho. Agora, eu chego até a ponta do meu pé!”, comemora Arthur.

“Pilates é um método de condicionamento físico em que a gente movimenta todo o corpo. São exercícios globais que trazem muitos benefícios: melhoram a postura, a respiração, a consciência corporal, a forma física, o alongamento, a qualidade do sono, e a concentração”, explica Gabriela Zaparoli, fisioterapeuta especialista em ortopedia e neurologia, e proprietária do estúdio One Pilates, em São Paulo.

Ela diz que muita gente pensa que pilates é fácil, ou que é só um alongamento simples. “É um engano. Tem exercícios bem desafiadores, que exigem equilíbrio e controle do corpo”, esclarece.

Desde que começou o isolamento social, Gabriela tem recebido mais crianças e também adultos com dores, em comparação ao que atendia antes. Tudo reflexo da falta de atividade física —já que boa parte das pessoas tem procurado não sair de casa para se proteger do coronavírus— e também da má postura em casa durante o trabalho e a escola.

“As dores mais comuns são na coluna como um todo, pode ser na cervical, torácica e lombar. Vejo dores no quadril e no joelho, de pessoas que se sentam em cima da perna. Há também dores no ombro e no punho, e lesões por esforço repetitivo de ficar com mouse e teclado no computador”, descreve Gabriela.

Além do computador e da TV, o celular também pode fazer as coisas ficarem ainda mais complicadas em termos de saúde do corpo. Gabriela explica: “O ruim do celular é que as pessoas ficam muito com a cabeça curvada para baixo, e acabam tensionando uns músculos que temos na região do pescoço”.

A fisioterapeuta também está de olho em quem, nos dias de mais preguiça e friozinho, acaba escolhendo a cama para estudar ou trabalhar.

“Assistir aula na cama de jeito nenhum! A cama é um local de relaxamento, e, durante a aula, a gente tem que estar atento, prestar atenção, manter o organismo acordado para conseguir aprender”, aconselha.

Tais Dantas, fisioterapeuta da clínica Postura Vital, também em São Paulo, concorda com Gabriela. “A cama foi feita para dormir, e não para desempenhar atividades de estudo ou funcionais. Assistir aulas na cama pode sobrecarregar a coluna devido à má postura, e gerar tensões musculares e dores”, ensina.

E, se os adultos podem ter um “home office” equipado, as crianças também merecem uma boa sala de aula em casa. Tais e Gabriela explicam como seria este lugar ideal. Ele precisa ter uma cadeira com encosto, e uma altura que permita apoiar os pés no chão —se não der, vale colocar um suporte no chão.

De preferência, a tela do computador deve ficar na linha dos olhos. Os braços precisam estar bem apoiados na mesa, e nunca se deve ficar de pernas cruzadas, senão a coluna não fica retinha do jeito certo.

“Se possível, levante-se entre uma aula e outra, para se movimentar um pouco. Assim, você evita tempos prolongados em uma mesma postura”, completa Tais.

Mas, e se estes conselhos chegaram tarde demais, e o leitor já está sentindo dores em algum lugar do corpo? As fisioterapeutas recomendam que a criança avise à família e, juntos, consultem um ortopedista ou um pediatra. Ele deve sugerir, entre outras providências, o início de alguma atividade física, mesmo que seja online.

Existe uma agência chamada Organização Mundial da Saúde que, há mais de 70 anos, escreve recomendações importantes para que todos os países sigam. A OMS, sigla usada para falar desta agência, diz que todo mundo que se exercita por menos de 20 minutos todos os dias da semana —ou 150 minutos na semana inteira— pode ser considerado sedentário.

Uma pessoa sedentária, explica Tais, é alguém que tem “hábitos de vida com diminuição ou ausência de atividades físicas”. “Com a pandemia e o isolamento necessário, temos observado a falta de atividades simples do dia a dia como passeios, caminhadas e até o deslocamento ao local de trabalho e à escola”, acrescenta.

“As pessoas às vezes falam ‘mas eu não sou gordo, não preciso fazer exercício’. Acontece que o exercício não serve só para quem quer emagrecer, ele serve para manter a saúde do corpo. Faz bem para o coração, para a respiração. Fazer exercícios é, também, uma forma de prevenir doenças”, esclarece Gabriela.

Tais explica que sair do sedentarismo é um investimento que a gente faz na gente mesmo, no nosso futuro. Ela lembra que, em tempos de quarentena, é importante manter todos os cuidados para se prevenir contra o coronavírus, mas que, mesmo assim sem sair, dá para se mexer um pouquinho dentro de casa mesmo.

“Temos que manter nosso corpo em movimento”, resume. “Uma forma lúdica de manter uma atividade domiciliar é resgatar brincadeiras como, por exemplo, o desafio de sentar e levantar do chão ou da cadeira 30 vezes, subir e descer um lance de escadas por três vezes, ou fazer polichinelos e alongamentos.”

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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