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Livro de Tom Gauld tem rei que não manda na rainha e bruxa que não é ruim

'O Robozinho de Madeira e a Princesa-Lenha' fala de casal que sofre por não conseguir ter uma criança

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Hélio Ziskind

É compositor de músicas como "Ratinho Tomando Banho" ("Banho É Bom"), "Passarinho, Que Som É Esse?" e "Cocoricó"

São Paulo

"O Robozinho de Madeira e a Princesa-Lenha", escrito e desenhado por Tom Gauld, me surpreendeu. Os personagens, o desenho, a história… tudo é muito bem encaixado. E é boa a tradução brasileira. Uma história muito boa para ler em voz alta com as crianças antes de dormir. Uma história moderna, longa até.


Os personagens são muito particulares. O rei e a rainha, que governam um país agradável, sofrem porque querem ter uma criança. Cansados de esperar, vão em busca de soluções.

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Imagem do livro 'O Robozinho de Madeira e a Princesa-Lenha', escrito e desenhado por Tom Gauld - Divulgação

O rei vai conversar com o inventor real. A rainha procura a bruxa que mora na floresta.

A bruxa é sagaz… Não parece do mal, mesmo sendo verde. O inventor real cria um robozinho menino de madeira (dentro dele mora uma família de besouros que fazem cócegas). A bruxa opta por transformar um pedaço de lenha numa menina.

O robozinho e a menina se tornam irmãos, moram felizes no castelo. A menina toda noite volta a ser lenha (sleeps like a log). Toda manhã o menino robô acorda sua irmã com palavras mágicas e ela se torna menina.


Mas surgem problemas, e começa a longa aventura. O robozinho protege a irmã. Há uma página com uma espécie de cartas de baralho, com uma ilustração e um título. Cada carta é uma ventura que o autor não conta, mas a gente imagina.

O trajeto é longo… Até que o robozinho cansa… pifa e apaga.

A irmã protege o robozinho. Vai tentando voltar pra casa, mas atravessa também muitas aventuras (que imaginamos também pelas suas cartas ilustradas) até que, cansada, adormece e vira madeira.

Um robozinho pifado e um pedaço de lenha. Dá pra imaginar a cara das crianças com a pergunta "E agora?".

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Tom Gauld escreveu e desenhou 'O Robozinho de Madeira e a Princesa-Lenha' - Divulgação


A história acaba muito bem. O desfecho é engenhoso. Tem até medalhinha de ouro no peito da família dos besouros.

O livro, quando termina, constrói uma coisa gostosa dentro da gente. O rei não manda na rainha, cada um faz do seu jeito. A bruxa não é ruim (mesmo sendo verde), o inventor não é superior a ela. O menino robô protege a menina princesa, mas ela também o protege.

Não parece uma história criada por uma vontade de dar um exemplo ou uma lição. Parece guiada apenas pela imaginação solta, que vai alinhavando coisas inventadas, que nos parecem plausíveis pela beleza e naturalidade do desenho. Uma história guiada pelo gosto por histórias.


Sempre tive curiosidade sobre por que ouvir histórias antes de dormir traz conforto para as crianças. Certamente a voz que conduz, que traz a história para fora do livro, é fonte de conforto. Mas também o percurso, a passagem ordenada das imaginações, parece que limpa a cabeça por dentro, acalma o ritmo e nos prepara para dormir e sonhar.


Direto, emendei num segundo livro do autor: "Guarda Lunar". Muito bom também.

Hélio Ziskind é compositor de músicas como "Ratinho Tomando Banho" ("Banho É Bom"), "Passarinho, Que Som É Esse?" e "Cocoricó"

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