Próteses ajudam pessoas com deficiências a se movimentar e até correr

Trabalho de robótica desenvolvido por engenheiro japonês Ken Endo é tema de exposição na Japan House

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São Paulo

Quando uma pessoa não tem uma perna, seja por causa de alguma doença ou um acidente, isso não deveria impedi-la de correr.

A missão do engenheiro japonês Ken Endo, que entende tudo de robôs e de como o corpo humano se movimenta, é criar aparelhos, ou próteses, que ajudem as pessoas a recuperarem os movimentos. Com muito treino, elas podem até se tornar atletas e quebrar recordes mundiais.

Crianças correm usando próteses criadas por Ken Endo, disponíveis na Blade Library, no Japão - Divulgação/ Xiborg Inc

"Atualmente, a deficiência impede que muitos amputados aproveitem os esportes. Isso é completamente inaceitável e injusto. Acredito que a tecnologia tem o poder de mudar essa situação. Meu objetivo é tornar o esporte acessível a todos os amputados", diz o engenheiro à Folhinha.

Próteses são peças artificiais que substituem partes perdidas do corpo, como dentes, orelhas, e, claro, pernas. Mas as próteses produzidas por Endo-san (como poderia ser chamado no Japão) não se parecem com pernas, embora funcionem como elas —e muito bem, diga-se de passagem.

Essas próteses têm o formato parecido com um arco, talvez você tenha visto em alguma competição de paratletismo. Elas são feitas de materiais leves, como alumínio e um composto de fibra de carbono, que, apesar do baixo peso, é ultrarresistente.

Esse material tem que aguentar toda a força que o atleta exerce sobre o solo e depois devolver essa energia acumulada na forma de um impulso, uma espécie de empurrão para frente e para cima, permitindo uma nova passada, rumo à linha de chegada.

E chega a ser impressionante o que os corredores paralímpicos, com a ajuda da tecnologia, vêm fazendo. Eles estão cada vez mais rápidos.

Endo explica que, para cada atleta, é preciso um projeto próprio, com base em peso, altura, tipo de amputação, encaixe da prótese etc. O papel dele é encontrar a melhor placa, com o tipo de fibra de carbono e resina mais adequados.

Para reduzir o peso do dispositivo, outra tática é pegar as peças de metal e esculpi-las, tirando todo o "excesso" do material. Quanto mais leve a prótese, mais rápido se corre.

O objetivo é que num futuro não muito distante esses corredores sejam mais rápidos que os campeões olímpicos, torce Ken Endo.

"A gente costuma pensar que uma pessoa com deficiência sempre tem o funcionamento do corpo pior, mas a tecnologia pode mudar esse jogo e aumentar essa capacidade, de modo a superar uma pessoa ‘normal’. Mas, como cientista, sei que é impossível comparar duas pessoas, uma com e outra sem prótese. A maneira como seus corpos se movimentam, a biomecânica, é muito diferente. É como comparar quem anda a pé com quem anda de bicicleta", diz o engenheiro.

Outro grande problema é o preço. Uma prótese pode custar alguns milhares ou até mesmo dezenas de milhares de reais —às vezes o preço de um carro ou de uma casa. Por isso é importante que todo mundo, como governos, ONGs e empresas, olhe para essa questão e contribua, defende Ken Endo.

Para começar a resolver esse problema em seu país, em 2017, em Tóquio, foi criada a Blade Library, uma espécie de biblioteca de próteses, que permite que os aparatos sejam alugados a preços acessíveis. Ali crianças e os jovens podem brincar, correr e se divertir até encontrarem a prótese adequada às suas necessidades.

Diversas próteses de Ken Endo estão em exposição na Japan House (Av. Paulista, 52, 2º andar, São Paulo), que tem como missão divulgar a cultura japonesa. A casa, que tem uma bela fachada de madeira cuidadosamente encaixada (fácil de achar!), foi inaugurada em 2017 e foi a primeira do tipo do mundo. Hoje existem mais duas, em Los Angeles (EUA) e em Londres (Inglaterra).

A mostra, que recebeu o nome "Tecnologia em Movimento", vai até 26 de fevereiro. Lá dá para ver vários tipos de próteses, descobrir histórias de atletas que utilizaram e até mesmo prová-las. Existem modelos feitos justamente para quem não é amputado ter uma sensação semelhante à de usar uma dessas inovações tecnológicas.

A curadoria da exposição, ou seja, o cuidado de escolher exatamente o que é mostrado ali e como os itens são apresentados, é do colunista da Folhinha Marcelo Duarte.

Na próxima semana, a partir do dia 24, o próprio Ken Endo estará por lá para diversas atividades, como palestras e oficinas com crianças. Veja os detalhes abaixo.


Tecnologia em Movimento por Xiborg

Terça a sexta, das 10h às 18h; sábados, das 9h às 19h; domingos e feriados, das 9h às 18h. Gratuito (Libras, áudio descrição, elementos táteis).

Experimentação das próteses

Terça a sexta, das 11h às 12h30 e das 15h às 16h30; sábados, das 11h às 12h30. A partir de 8 anos (de 8 a 14 anos é obrigatório estar acompanhado pelos pais ou responsável). É preciso retirar senha 30 minutos antes da atividade; Ken Endo estará presente no dia 25 de janeiro.

Oficina de ferramentas ciborgue com Ken Endo

Dia 28 de janeiro, às 11h e às 15h. De 7 a 12 anos. É preciso retirar senha 30 minutos antes da atividade

Bate-papo e palestra

Dia 24 de janeiro, das 16h às 18h; 27 de janeiro, das 16h às 18h. Na Japan House e no canal da Japan House no Youtube. Gratuito. Para participação presencial é preciso retirar senha 30 minutos antes da atividade.

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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