Cirurgia de transplante de coração dura até 12 horas e envolve várias equipes

Cardiologista explica na Folhinha como se sabe que alguém precisa de um novo órgão e se ele é compatível com o paciente

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São Paulo

O apresentador Faustão, que teve programas nas TVs Globo e Bandeirantes, está à espera de um novo coração para ser colocado no lugar do seu, que já não está funcionando como precisa. Esse tipo de cirurgia, quando um órgão doente é substituído por outro saudável, se chama transplante, e é muito comum na medicina.

Fausto Silva tem 73 anos e está internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, desde que foi diagnosticado com insuficiência cardíaca. Ele agora faz parte de uma fila de pacientes do Brasil inteiro, que também aguardam por um novo coração.

O apresentador Fausto Corrêa da Silva, popularmente conhecido como Faustão, durante programa na Band em novembro de 2022 - Renato Pizzutto/Band

Além da doença de Faustão, há outras condições que podem fazer com que a pessoa precise de um transplante de coração, como a hipertensão e obstruções e fragilidade no órgão.

Quem explica é o médico Philipe Saccab, cardiologista pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e pelo Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).

"Os corações novos vêm de pessoas que têm o diagnóstico de morte encefálica. Qualquer um de nós que tenha o diagnóstico de morte encefálica, e a família concordar com a doação dos órgãos, pode ser um possível doador de coração", diz Philipe.

Morte encefálica, como ele fala, é quando o cérebro deixa de funcionar completamente. Ela precisa ser diagnosticada por ao menos dois médicos e marca o momento em que o corpo pode até continuar com outras funções ativas, mas não haverá mais "despertar" daquele paciente —é aqui que se decide se haverá ou não a doação de órgãos.

Os doadores, ensina Philipe, não podem ter nenhuma doença no órgão que vai ser entregue. "No Brasil, o diagnóstico de morte não é quando o coração para, e sim quando o cérebro para", completa.

O coração é apenas um dos muitos órgãos que podem ser doados e que vão garantir a sobrevivência de outras pessoas doentes, que esperam por uma segunda chance, como Faustão. Também se transplanta pulmões, fígado, intestino, rins, córnea e até mesmo pele e ossos.

A operação de transplante de coração é complexa, diz o médico Philipe. "Abrimos o peito, tiramos o coração da pessoa que está debilitada, e o coração do receptor é transplantado. Ele é acoplado pelos mesmos vasos que acoplavam o coração anteriormente", conta.

"A cirurgia dura várias horas, aproximadamente de oito a 12 horas. Várias equipes médicas são envolvidas. E o coração antigo não tem nenhuma função depois que ele é removido do corpo."

Para saber se um coração é adequado para aquele paciente na fila, os médicos precisam primeiro verificar o biotipo, ou seja, as características de cada organismo envolvido no transplante. "O coração de bebê não serve numa pessoa adulta, por exemplo", aponta Philipe.

"A pessoa precisa ter uma estatura próxima à da pessoa que vai receber o órgão. Então, basicamente, dados antropométricos [que medem dimensões como peso e altura] são usados para checar a compatibilidade."

Atualmente, 386 pessoas esperam por um coração saudável no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. Este é o 5º órgão mais aguardado —o primeiro lugar é dos rins, com 36.690 pessoas na fila.

Esta fila de espera é gerenciada pelo Sistema Nacional de Transplantes e lista todos os nomes dos pacientes, que só vão ter algum tipo de prioridade (tipo passar na frente de quem chegou primeiro) se seu caso ficar muito grave, coisa que só um médico pode definir.

Essa medição do nível de gravidade se baseia em exames como o ecocardiograma, conta Philipe, que também explica como se define, lá no começo de tudo, quem entra e quem não entra na fila para aguardar um transplante de coração.

"O paciente precisa ter falta de ar em repouso e precisar usar o oxigênio em repouso. Precisa ter tentado todas as medicações e não conseguir reverter o quadro, e não pode ter outra doença grave como câncer metastático e demência", finaliza.

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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