Descrição de chapéu Bienal do Livro

Semana na Bienal tem filas de alunos de mãos dadas e medo de pisar no pé de alguém

Pavilhão do Riocentro recebe escolas de segunda a sexta com 600 m2 de Espaço Infantil e ótimas novidades das editoras

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Rio de Janeiro

A Bienal do Livro é lugar de criança. E isso não é só maneira de dizer, é uma coisa muito real que qualquer um que visitasse o pavilhão onde ela acontece no Rio de Janeiro, na terça-feira (5), podia ver com os próprios olhos.

Para quem não sabe, a Bienal é o evento que mais vende livros no ano inteiro. Ela tem edições em São Paulo e no Rio de Janeiro, cada ano em uma cidade, acontece durante dez dias e traz uma multidão para conhecer escritores e ter contato com histórias legais, tanto publicadas faz tempo quanto novidades fresquinhas.

Bienal do Livro do Rio de Janeiro, que celebra 40 anos em 2023
Bienal do Livro do Rio de Janeiro, que celebra 40 anos em 2023 - Érica Martin/Thenews2/Agência O Globo

São 600 mil pessoas que visitam o evento todo ano. Sim, tudo isso. E, desse tanto, quase um terço é de crianças. No caso do Rio, isso é ajudado por uma parceria que o evento tem com as escolas públicas da prefeitura da cidade, que distribui vouchers —papéis que funcionam como dinheiro na Bienal— para que alunos, professores e até a tia da merenda possam comprar livros.

Se nos finais de semana tem muita família e adultos jovens que vêm conhecer os escritores mais popstars, de segunda a sexta-feira a terra é da criançada.

Era difícil andar pelos corredores do Pavilhão do Riocentro, a estrutura de metal gigante onde a Bienal ocorre, sem topar com filas de estudantes de mãos dadas, para não se perder, e professores meio desesperados com a chance de algum deles se perder. Dava muito medo de pisar no pé de alguém.

Quase todo mundo, especialmente os mais novinhos, se dirigiu em algum momento para o Espaço Infantil, que é simplesmente o maior espaço de todos dentro da estrutura da Bienal, com cerca de 600 metros quadrados. Isso dá mais ou menos 12 salas de aula em que cabem 40 alunos.

Quem manda lá é a educadora Rona Hanning, que organizou tudo com as parceiras Carolina Sanches e Martha Ribas. E o mais legal é que Hanning entende que a experiência de ler vai muito além das páginas de papel.

Tanto é que a estrutura que elas montaram tem formato de roda, gavetas que as crianças podem puxar para espiar dentro, um monte de visuais impactantes e é agitada por um Chapeleiro Louco, da "Alice no País das Maravilhas".

"A experiência leitora vai muito além das palavras", diz ela, que fala que prefere colocar os jovens em contato com personagens e ambientes que vêm do livro em vez de fazer conversas com escritores. Esses papos às vezes podem ser meio chatos, porque nem todo autor é tão bom de falar com crianças, ainda que saiba escrever bem para elas.

Hanning conta que, muitas vezes, esse contato é mais importante para o escritor que para a criança. "Isso porque é fundamental para ele olhar seus leitores e ver a criança como ela é hoje, do que ela gosta, como se comporta, e não romantizar uma criança ideal."

A educadora continua, dizendo que é preciso acabar com a reverência, a soberania do autor. Ou seja, tirá-lo do pedestal e aproximar do seu público, algo que era menos comum anos atrás, quando o livro era visto como um objeto meio sagrado. "Na formação de novos leitores, qualquer questão sagrada atrapalha."

O que ela quer dizer é que a criança pode usar o livro como quiser e aprender a manusear as páginas do seu jeito. Mas é lógico que ele continua sendo importantíssimo. É por isso que tantas editoras —que são as empresas que fazem os livros— preparam novidades ótimas para lançar na Bienal.

A Companhia das Letras, que é a maior editora de todas, trouxe de volta uma obra ilustrada considerada a melhor da história por muita gente, chamada "Onde Vivem os Monstros", do americano Maurice Sendak.

A Todavia começou agora a publicar livros para crianças com histórias do babalorixá Sidnei Nogueira e da Olga Tokarczuk —o nome estranho, que se fala "tocartchuc", é porque ela é lá da Polônia e ganhou o prêmio Nobel, o mais importante do mundo.

A Melhoramentos vendeu que nem água livros clássicos de Ziraldo, criador do "Menino Maluquinho" e dos "Flicts", e um da escritora negra Kiusam de Oliveira chamado "Com Qual Penteado Eu Vou?". Na Pallas, que também tem muitos escritores negros, os mais vendidos foram "Capoeira" e "Antônia Quer Passear", da Sônia Rosa, e os livros do Lázaro Ramos —é, aquele ator famoso da televisão.

Dá para ver que na Bienal tem livro pra todo gosto. Só não vale não gostar de ler.

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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