Ana Maria Machado fala de crianças e natureza e adianta nomes de próximas obras

No novo 'Festa da Lua', escritora retrata menino que observa fases da Lua enquanto também é observado pelos pais

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São Paulo

O menino que conduz "A Festa da Lua", novo livro de Ana Maria Machado, originalmente é Caetano, sobrinho-neto da escritora. Isolado com seus pais em uma casa na praia durante a pandemia de Covid-19, entre 2020 e 2021, ele gostava de reparar nas coisas da natureza. Prestava atenção principalmente nas fases da Lua, e com isso inspirou a autora a criar seu protagonista.

Mas o menino de "A Festa da Lua" é também outras tantas crianças que a gente conhece, isso porque ele não só tem esse gosto pelas coisas lá de fora e do universo, mas porque também é, ele próprio, observado de perto e com curiosidade.

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Capa do livro 'A Festa da Lua', de Ana Maria Machado - Divulgação

Assim como os pais do livro fazem com o menino, muitas famílias da vida real também reparam em seus meninos e meninas e em todas as fases que eles atravessam e manifestam. A fase crescente, quando as crianças espicham. A fase minguante, quando elas estão aborrecidas e encolhidas. A fase cheia, quando brincam felizes.

Caetano, o sobrinho-neto de Ana Maria, teve a sorte de estar em meio à natureza e vê-la mais de perto naquela época, mas a escritora mostra que mesmo quem mora na cidade grande tem a chance de contemplar belezas —ainda que, na metrópole, fique mais difícil de ver a Lua por causa da iluminação forte das ruas.

"A vida e o mundo nos oferecem muita coisa interessante. Coisas diferentes em cada lugar. Na cidade é mais fácil, por exemplo, observar o comportamento dos cachorros, que saem para passear na calçada com seus donos, cruzam com outros cachorros, cheiram tudo. Ou observar os pardais e pombos que procuram restos de comida numa pracinha, ou junto a mesas na calçada", enumera.

Crianças como Caetano, como o menino do livro e como você que está lendo este texto podem inclusive ajudar os adultos a abrir os olhos, sugere Ana Maria. Não literalmente, claro, mas no sentido de chamar a atenção deles para o que o mundo tem de encantador, como as marés, os bichos, as nuvens e as folhas que caem nas florações de cada planta.

Ana Maria Machado cresceu no Rio de Janeiro. "Uma cidade grande, mas com mar, morros, floresta, parques. E eu passava as férias em casa dos meus avós, num povoado de pescadores na beira do mar, no Espírito Santo", lembra.

"Gostava de passear de bonde e de ônibus, ir brincar na praça ou num parque... Morávamos no alto de um morro, e dava para ver o mar lá longe, eles me mostravam os navios entrando na barra, a lua e as estrelas no céu."

Há 20 anos, Ana Maria ocupa uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, o que a transformou numa "imortal". Ela já escreveu muitos livros e ganhou incontáveis prêmios no Brasil e no exterior. A autora conta que este trabalho de criar histórias é um tanto solitário, sempre à frente do computador.

Na pandemia, enquanto Caetano observava a Lua, ela terminava um livro para adultos, "Rastros e Riscos", com as memórias de seus encontros com leitores. Também publicou nesse período três livros para crianças: "O Mesmo Sonho", "Igualzinho a Mim" e "A História Que Eu Queria", todos pela editora Moderna.

"Só não fizemos lançamento [por causa do isolamento]. São três histórias bem diversas entre si, mas em torno de um mesmo eixo: como todos vivemos vidas tão diferentes, mas no fundo temos tantas coisas em comum que nos igualam", explica.

Ela diz que, como todo mundo, está sempre pensando em alguma coisa, mas que nunca sabe o que vai virar história e acabar num livro. "De qualquer modo, estou com dois livros infantis que devem sair nos próximos meses por editoras diferentes", adianta.

"De Muito Longe" vai falar sobre migrações em geral, refugiados, animais que se deslocam de seu habitat costumeiro, e conta com ilustrações de Sidney Meireles. "Sem Fim, Joaquim", por sua vez, mergulha com delicadeza nas perplexidades infantis diante do tamanho e da enorme quantidade de coisas do mundo.

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