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Castelo Rá-Tim-Bum faz 30 anos e conquista filhos e netos de antigos fãs

Nino e outros integrantes contam segredos dos bastidores do programa que teve 90 episódios exibidos na TV Cultura

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Câmera filma maquete do Castelo para abertura do programa exibido pela TV Cultura Marisa Cauduro/TV Cultura

São Paulo

Para se transformar no Nino, protagonista do Castelo Rá-Tim-Bum, o ator Cássio Scapin tinha que chegar pelo menos uma hora mais cedo que todo mundo no estúdio da TV Cultura, onde o programa era gravado. Sua roupa dava um certo trabalho, a maquiagem, também. "Mas o que era demorado, na verdade, e que muita gente não sabe, é que aquele cabelo era o meu. Não era peruca", conta Cássio. "Eu era cabeludo e fazia escova todos os dias!".

Elenco principal do programa Castelo Rá-Tim-Bum, que está completando 30 anos - Marisa Cauduro/TV Cultura

O Castelo está completando 30 anos nesta quinta (9). E, se as crianças que assistiram àquela estreia em 1994 hoje são adultos e alguns já até têm filhos, algumas crianças de agora compartilham com elas o gosto pelo programa e reconhecem os personagens na TV.

"É um fenômeno muito legal. As crianças de hoje em dia conhecem o Castelo Rá-Tim-Bum por causa dos pais e, pasmem, por causa dos avós. Quem acredita que o Castelo não rompeu a barreira de gerações está enganado", diz Cássio.

"Por conta da pandemia, a família passou a assistir TV junto. E muitos pais que foram fãs mostraram pros filhos deles", diz Flávio de Souza, criador do programa. "Sei de uma atriz que assistiu com os filhos e depois acabou assistindo com os netos. Deu tempo de os filhos crescerem, casarem, terem filhos, e a avó mostrar o Castelo pra eles."

Flávio também atuava no programa. Ele era um dos gêmeos cientistas Tíbio e Perônio —e eles também davam trabalho na hora da maquiagem e do figurino. "Sabe por quê? Porque não somos gêmeos de verdade!", revela Flávio, rindo. "Nem somos parecidos, inclusive."

Ao lado de seu amigo Henrique Stroeter, ele levava um bom tempo sentado na cadeira dos maquiadores da TV, que tinham que grudar uma barba falsa no rosto deles. "A gente ficava lá meio dormindo e aí depois a gente tava pronto", brinca.

Originalmente era para o Castelo ser uma continuação de um outro programa para crianças que a TV Cultura exibiu alguns anos antes, o Rá-Tim-Bum. Tipo um Rá Tim Bum 2. "Só que inventamos tanta coisa que resolveram que era melhor fazer um programa novo. E escolhemos uma das muitas coisas que a gente tinha inventado: uma história que se passa no castelo de um cientista", lembra Flávio.

Nasceram assim o Dr. Victor (Sérgio Mamberti), o dono do Castelo e tio de Nino (Cássio Scapin); Morgana (Rosi Campos), a feiticeira tia de Nino; as três crianças Biba (Cinthya Rachel), Pedro (Luciano Amaral) e Zequinha (Fredy Allan); e vários outros personagens que iam e vinham desse universo de feiticeiros.

"Os nossos bruxos são amantes das artes, da ciência e amam as pessoas de todas as culturas. Só não gostam das pessoas gananciosas e que só pensam em dinheiro e em prejudicar os outros", afirma Cao Hamburguer, diretor e criador do Castelo junto com Flávio. Entre as "pessoas gananciosas" está o Doutor Abobrinha, que vivia querendo comprar o Castelo para construir um prédio enorme no lugar dele.

O pessoal da produção do programa até teria procurado um castelo de verdade para gravar os episódios nele, mas Flávio de Souza lembra que no Brasil não há muitos castelos. "Então, fizeram um castelo que é de mentira, mas é de verdade. Para os personagens é de verdade, e pra quem tá assistindo é de verdade também!", diz.

Mesma coisa aconteceu com a árvore em mora a cobra Celeste. Não era de verdade, mas acabou sendo", repete Flávio. "Mas é isso, tinha um boneco lá no meio, e não dava pra fazer esse boneco existir sem a árvore ser oca."

O jornalista e apresentador Marcelo Tas vivia o Telekid no Castelo. Ele aparecia toda vez que Zequinha fazia uma pergunta que os adultos não sabiam responder. "Assim surgiu a ideia de usar o 'Porque sim não é resposta'", lembra Tas, que contava com uma equipe de especialistas que o ajudava a encontrar explicação para tudo.

E por que Tas acha que o Castelo fez e faz tanto sucesso com as crianças? "Porque sim!", brinca. "Para mim, o Castelo é resultado de um encontro feliz de artistas com o mesmo objetivo: contar uma boa história."

"Toda vez que exibimos o Castelo novamente é um sucesso com as crianças de hoje. E o sucesso na década de 1990 eu penso que se deve ao jeito com que assuntos importantes e sérios eram colocados, de uma maneira leve e comunicativa", diz Eneas Pereira, vice-presidente da Fundação Padre Anchieta.

Depois de 90 episódios, o Castelo parou de ser produzido. "Era pra ter 70 episódios, mas aí descobriram que tinha dinheiro pra fazer mais 20. Então foram feitos mais 20, e aí depois acabou o dinheiro. Programa de televisão custa muito caro, então não deu pra fazer mais. Mas, tem 90 episódios, então não acabou, tá?", diz Flávio.

"Tem gente que fala que queria muito que tivesse outros episódios, mas não é criança que fala isso, é gente adulta, que não gosta de ver a mesma coisa de novo. Criança gosta. Meu filho assistiu 'Pinóquio' mais de cem vezes, e eu ficava assistindo com ele e não fiquei cheio, porque achei aquilo engraçado. Eu acho que o Castelo é meio que nem uns filmes do Walt Disney: tem comédia, tem emoção, e tudo muito bonito e colorido."

TODO MUNDO LÊ JUNTO

Texto com este selo é indicado para ser lido por responsáveis e educadores com a criança

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