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Regime de Mao trouxe
fome e perseguições
Grande Salto para a Frente desorganizou economia e Revolução
Cultural levou à morte de milhões que se opunham ao pensamento
do grande timoneiro
da Redação
Aos 50 anos, a Revolução Chinesa apresenta uma trajetória
que não é marcada apenas pela decolagem econômica
iniciada com as reformas pró-capitalismo em 78. Experiências
anteriores do Partido Comunista sob Mao Tse-tung (1893-1976) provocaram
ondas de fome e perseguição que deixaram milhões
de mortos.
Nada a celebrar, afirma, sobre o cinquentenário da
revolução, o jornalista Jonathan Mirsky na revista americana
New Republic. O artigo lembra a ação destrutiva
do Partido Comunista, que teria provocado a morte de 30 a 60 milhões
de pessoas durante o Grande Salto para a Frente (1958-1959)
e outro tanto na Revolução Cultural (1966-1976).
Em 1953, seguindo o modelo soviético, os chineses haviam implantado
seu primeiro plano quinquenal de desenvolvimento. O país cresceu,
mas não no ritmo desejado por Mao. Assim, em 1958, foi lançado
o Grande Salto, um plano para acelerar a industrialização
do país e superar a Grã-Bretanha em apenas 15 anos.
Foram criadas comunas populares no campo, que deveriam produzir aço
em pequenos fornos para fabricar ferramentas.
Essa política, mal planejada e apoiada no voluntarismo,
teve resultados desastrosos. A produção industrial caiu
e as colheitas foram péssimas, provocando uma escassez de alimentos.
Deng Xiaoping, que havia apoiado a iniciativa de Mao, passou a criticar
o programa: Um burro é sem dúvida lento, mas pelo
menos não cai em buracos, diria depois.
Evolução
da população chinesa (em milhões)
|
ano |
população |
800 a.C. |
13,7 |
200 d.C. |
59,6 |
1100 |
100 |
1381 |
59,9 |
1762 |
200 |
1803 |
302 |
1834 |
401 |
1953 |
583 |
1964 |
723 |
1984 |
1.074 |
1998 |
1.238,6 |
2050 |
1.470 |
Ainda em 1959, Mao foi forçado a reconhecer os erros cometidos.
Renunciou à Presidência da China e foi substituído
por Liu Shaoqi. Fortalecido, Deng iniciou reformas para estimular a adoção
da pequena propriedade privada.
A reação de Mao veio em 1966. Uma peça de teatro
que o criticava indiretamente foi condenada. Com o apoio do Exército,
Mao anunciou o início da Revolução Cultural, um novo
período de luta entre correntes partidárias, no qual os
jovens deveriam criticar seus superiores e derrubar velhos
hábitos, as velhas idéias e a velha cultura.
Os estudantes maoístas criaram uma Guarda Vermelha,
que passou a atacar os adversários do líder.
Em novembro de 1966, Liu e Deng foram acusados de enveredar pelo caminho
do capitalismo. O primeiro morreu na prisão em 1969. Deng
foi torturado, mas sobreviveu. Com a Revolução Cultural,
Mao retomou o controle, e o manteve até sua morte, em 1976. Dois
anos depois, reabilitado, Deng retomou sua política de abertura.
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