São Paulo, quinta-feira, 30 de setembro de 1999




País enfrenta desmonte
da produção estatal


da Equipe de Articulistas

Ao longo do processo de reformas, a indústria de pequeno porte tem sido uma força importante na redefinição do mercado interno chinês. O tamanho médio da empresa não-estatal na China caiu de 112 para 8 pessoas por empresa, desde 1978.
O desempenho exportador da China, de outro lado, teve como alavanca uma desvalorização cambial que reduziu o valor da moeda, em 97, a um quinto do que era em 80 (esse é o pressuposto das Zonas Econômicas Especiais e do crescimento de 13,5% ao ano do volume de comércio exterior, cujo peso passou de 0,8% a 3% do comércio internacional).
Entre 78 e 95, a renda per capita cresceu 6% ao ano, menor apenas que a taxa registrada pela Coréia do Sul e seis vezes superior à média mundial. A participação do PIB chinês na economia global passou de 5% para 10%.
O grande desafio chinês nos próximos anos será fazer um desmonte o menos traumático possível do sistema produtivo estatal, com mais de cem mil empresas. Até agora, isso não atingiu mais que 10% do total. Operando com muita capacidade ociosa, absorvendo mais de 70% do crédito doméstico e com um grau de inadimplência que contamina 20% dos balanços de bancos.
Há também desafios cruciais no setor agrícola. A China alimenta 22% da população mundial com 7% do total da terra agricultável do planeta. A demanda por comida (em boa medida, importada) será um dos principais canais de influência da China sobre o resto do mundo nas próximas décadas.
Especialistas da OCDE estimaram que as importações chinesas de grãos chegarão, no ano 2000, a até 40 milhões de toneladas (até 8% da produção doméstica).
Mas ainda há muito a se fazer em termos de técnicas de gerenciamento de produção agrícola, irrigação, políticas oficias de crédito e subsídios. Aliás, nada incomoda mais os chineses que a idéia de uma liberalização maior do mercado de arroz.
A garantia de que a população tem alimento barato e com o menor nível possível de subsídios estatais é uma das condições para o desenvolvimento econômico, na opinião da maioria dos técnicos. Por enquanto, esse objetivo ainda continua distante. (GS)


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