Lenny Kravitz encerra Live Earth no Rio para 400 mil pessoas
No dia em que o Brasil viu o Cristo Redentor ser eleito uma das sete novas maravilhas do mundo, o evento Live Earth --idealizada pelo ex-vice-presidente dos EUA Al Gore para chamar a atenção do mundo para a questão das mudanças climáticas-- levou cerca de 400 mil pessoas à praia de Copacabana, no Rio, segundo estimativa da PM (Polícia Militar) e da organização.
Antonio Lacerda/Efe |
Banda Jota Quest tocou hoje no Rio; veja galeria de imagens do evento |
O cantor Lenny Kravitz foi a última atração do Live Earth no Rio. Ele subiu ao palco por volta das 22h e animou o público com sucessos como "American Woman". Durante a música "Let Love Rule", o cantor atravessou parte do palco, a área VIP e chegou no limite da separação com o público, causando um certo tumulto. O show acabou pouco depois das 22h30.
Após a apresentação, Kravitz atravessou o canteiro central e foi até a equipe de filmagens da Globosat, correndo no limiar da praia. A Folha Online apurou que ele quis ver a gravação de seu próprio show no local.
As apresentações que mais empolgaram o público em Copacabana foram a de Kravitz, a da americana Macy Gray e a do brasileiro Jorge Ben Jor, justamente os três útimos a subir no palco.
O cantor Guilherme Arantes abriu a noite de espetáculos com a música "Planeta Água", sucesso nos anos 80. A canção participou do Festival MPB-Shell de 1981. A cantora e apresentadora Xuxa fez seu show em seguida. Também já subiram ao palco o grupo Jota Quest, a funkeira Perla, MV Bill, Marcelo D2, O Rappa e Pharell Williams.
Bruno Domingos/Reuters |
Guilherme Arantes e Xuxa foram primeiras atrações no Rio; confira galeria de imagens |
Marcelo D2, aliás, recebeu uma intimação de um oficial de Justiça durante o evento. Ele confirmou o fato à Folha Online e disse que "a vida é assim mesmo". Ele levou seus dois filhos, de cinco e 15 anos, ao show. Os meninos subiram ao palco para cantar com pai. "Tem muita política em torno disso aqui", disse Marcelo D2. Ele afirmou que recicla lixo e economiza água para colaborar com a preservação do ambiente.
A cantora Vanessa da Mata, que iria se apresentar, cancelou seu show. Segundo os organizadores, ela insistiu em adiantar o horário de sua participação, o que não foi aceito pelo evento.
O show no Rio foi o único dentro do Live Earth que teve entrada franca. Ele aconteceu no mesmo local em que os Rolling Stones se apresentaram em 2006, em um palco na areia em frente ao hotel Copacabana Palace.
Ao total, o Live Earth teve shows em nove cidades de oito países distribuídos nas 24h do dia 7 de julho de 2007 (07/07/2007). Além do Rio, participam Nova York e Washington (EUA), Londres (Reino Unido), Sidney (Austrália), Tóquio (Japão), Xangai (China), Johannesburgo (África do Sul) e Hamburgo (Alemanha), além da Antártida, que teve um show especial da banda Nunatak.
Sergio Moraes/Reuters |
No Rio, show ocorre na praia de Copacabana |
A expectativa da organização do Live Earth é que o evento tenha sido assistido, pela TV e na internet, além de acompanhado por rádio, por cerca de 2 bilhões de pessoas no mundo (veja galeria de imagens). Mais de 100 artistas participam.
A idéia do Live Earth é inspirada em eventos como o Live Aid e o Live 8. Os shows foram idealizados por Al Gore, que foi vice-presidente dos EUA na administração Bill Clinton, entre 1993 e 2001. O político é autor do livro e do documentário "Uma Verdade Inconveniente", que abordam o aquecimento global.
Mundo
A maratona de 24 horas de shows teve início na Austrália. O evento foi aberto com uma apresentação de líderes tribais aborígenes.
Em Sydney, cerca de 50 mil pessoas assistiram a apresentações de Jack Johnson, Wolfmother e Crowded House --estes, enquanto se apresentavam, tiveram de lidar com a falta de energia no painel luminoso no fundo do palco duas músicas antes de terminarem seu show. "Enquanto o som estiver funcionando, tudo bem. Quem precisa da luz, afinal?", disse o guitarrista e vocalista da banda, Neil Finn.
Na etapa seguinte, em Tóquio, o vocalista da banda americana Linkin Park, Chester Bennington, disse que o grupo se uniu à iniciativa do Live Earth "porque podemos fazer a diferença apenas se tentarmos". No Japão ainda se apresentaram atrações locais como a banda Genki Rockets e a cantora Ayaka.
Fabian Bimmer/AP |
Colombiana Shakira participou do Live Earth em Hamburgo, na Alemanha; veja mais fotos |
Em Xangai, após a apresentação de artistas locais, veio ao palco a cantora inglesa Sarah Brightman --que reuniu apenas 3.000 pessoas, segundo a CNN.
Em Londres, a expectativa dos organizadores do evento é que 70 mil pessoas compareçam ao estádio de Wembley. Entre as astrações estão Genesis, Razorlight, Snow Patrol, Red Hot Chili Peppers, Spinal Tap, Beastie Boys, Black Eyed Peas, Metallica e Keane. O show foi fechado por Madonna, que cantou hits como "Ray of Light", "La Isla Bonita" e "Hung Up";
Em Hamburgo, na Alemanha, os latinos deram o tom. Falando em espanhol e inglês, Shakira cantou alguns de seus sucessos como "Hips Don't Lie" e "Dia de Enero", com a participação especial do argentino Gustavo Cerati. Logo depois da colombiana, cantou o rapper Snoop Dogg. Outro latino a subir ao palco alemão foi Enrique Iglesias. Havia cerca de 40 mil pessoas na edição alemã.
Já em Nova York o show do Live Earth acontece nas instalações do Giants em New Jersey. O evento foi aberto pela artista Kenna, que perguntou ao público estimado em 52 mil pessoas: "Caras, vocês percebem que nós somos parte da história agora?". Também cantam Kate Tunstall, Bon Jovi, Roger Waters, The Police, The Smashing Pumpkins e Alicia Keys, entre outros. No outro show nos EUA, em Washington, as estrelas da música country Garth Brooks e Trisha Yearwood cantaram uma versão de "We Shall Be Free".
A última cidade a entrar na maratona foi Johanesburgo, que teve público de 12 mil pessoas. A abertura foi do coro sul-africano Gospel de Soweto, um dos vencedores do prêmio Grammy. Também estiveram presentes a estrela senegalesa Babaa Mal, a cantora Angelique Kidjo do Benin e a diva britânica Joss Stone.
Stephen Hird/Reuters |
Black Eyed Peas se apresentou pelo Live Earth em Londres; veja mais imagens do evento |
Músicas sob encomenda
Além de Madonna, que compôs uma música especialmente para o evento, Will.i.am, do grupo Black Eyed Peas, também resolveu escrever uma composição especialmente para sua apresentação no Live Earth.
"The world is dying. If people say it's all right, they're lying", diz o tema composto por Will.i.am, que se apresentou em Londres, como Madonna. O trecho, em tradução livre, quer dizer: O mundo está morrendo. Se as pessoas dizem que está tudo bem, elas estão mentindo.
Telões e hologramas
Al Gore fez uma aparição de Washington, em Sidney, por telão para transmitir a mensagem do Live Earth. O político defende uma redução das emissões de gás carbônico muito superiores às estabelecidas pelo protocolo de Kyoto.
Gore também fez uso da tecnologia antes no dia de Live Earth: ele apareceu em Tóquio no palco como um holograma.
"O aquecimento global é o maior desafio em relação a nosso planeta e o mais mortal que nós já enfretamos", disse Gore durante sua aparição em Tóquio.
Críticos
No início do ano, o veterano vocalista do The Who, Roger Daltrey, disse que "a última coisa que o mundo precisa é de um show de rock". O músico e ativista Bob Geldof --idealizador dos Live Aid, em 1985, e do Live 8, no ano passado-- disse que o mundo já sabe do aquecimento global e que falta ao Live Earth um objetivo final.
Os britânicos do Arctic Monkeys também criticaram a "hipocrisia" envolvendo o Live Earth. "É um pouco de paternalismo para nós, aos 21 anos, tentar iniciar uma mudança no mundo", afirmou o baterista do Arctic Monkeys, Matt Helders. "Especialmente quando utilizamos tanta energia como em dez casas para iluminar um palco. Seria algo hipócrita."
"Sem contar que passamos o tempo todo de um avião a outro", disse o baixista do grupo, Nick O'Malley.
Neil Tennant, dos Pet Shop Boys, também é crítico em relação à idéia. "Eu sempre fui contra a idéia de que as estrelas do rock dêem lições, como se soubessem algo que os demais ignoram".
Com Associated Press
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