Especialistas desaconselham "Big Brother" para crianças
Histórico de erotismo, pouco conteúdo e exibição de valores questionáveis são algumas das razões apontadas por três especialistas ouvidos pela Folha Online para que as crianças não vejam o "Big Brother Brasil 8". O reality show tem estréia prevista para esta terça-feira (8), na Rede Globo, com classificação indicativa para maiores de 16 anos.
Para a professora Maria Silvia Pinto da Rocha, das faculdades de educação e psicologia da PUC-Campinas, em sua oitava edição o "BBB" não deve trazer nenhuma surpresa. "Os participantes são escolhidos para manter um certo padrão, de fórmulas já testadas nas outras edições", disse Rocha.
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Erotismo, como o da cena de banho coletivo realizado no "BBB 7", preocupa especialistas |
Especialista em psicologia escolar, ela afirma que este tipo de programa expõe prematuramente as crianças a uma série de questões como a erotização. As discussões "superficiais" entre os participantes reforçam esse sentimento, afirmou Rocha.
A influência do reality show no público infantil também é motivo de preocupação para a professora de psicologia Claudia Stella, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Segundo a doutora em educação, este modelo de atração "é complicado, principalmente, para a criança", que ainda está adquirindo as noções do que é fantasia ou real.
O "Big Brother Brasil" vende a idéia de "show da realidade", mas na verdade é "uma luta, sem princípios, por dinheiro", afirma Carlos Ramiro de Castro, professor e presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo). O vencedor da disputa recebe R$ 1 milhão.
Ele diz acreditar que o programa não tem nada de educativo e "prejudica a formação da criança", porque a expõe a uma competição sem valores morais.
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Beleza e juventude do elenco são as apostas da Rede Globo para o "Big Brother Brasil 8" |
Os três entrevistados não aconselham que o público infantil assista ao "BBB 8". Claudia Stella considera importante os pais respeitarem a classificação etária da atração. Para ela, o adolescente tem mais "condições" para perceber de que se trata de um programa, com "edição das imagens".
O horário do "Big Brother" (exibido após a novela "Duas Caras") já é a primeira restrição às crianças, disse a professora Maria Silvia. Ele "não é adequado para a criança, do ponto de vista da rotina e do cotidiano". Além disso, afirma ser recomendado aos pais encontrarem outras opções de lazer para seus filhos.
Carlos Ramiro diz acreditar que escola, família e meios de comunicação devem dialogar para enriquecer a educação infantil, "o que não é o caso de um programa como o 'BBB'".
Procurado pela reportagem, o MEC (Ministério da Educação) disse não ter nenhum alerta sobre o "Big Brother Brasil". O Ministério da Justiça vai monitorar o reality show por 30 dias para se certificar de que cumpre com as normas da classificação indicativa.
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