Líder do Maná diz que reúne prostitutas e intelectuais no México
O grupo mexicano de rock Maná foi premiado com o disco de ouro pelo bom desempenho nas vendas de seu álbum "Amar Es Combatir" no Brasil.
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Em São Paulo, banda Maná recebeu disco de ouro por vendas do CD "Amar Es Combatir" |
A banda, que apresenta no país seu novo disco "Arde El Cielo", recebeu o prêmio do presidente da Warner Brasil, Sérgio Affonso, e o dedicou aos seus fãs brasileiros, afirmando que esta visita foi fruto de uma série de pedidos por e-mail dos admiradores nacionais do grupo.
Na casa de shows Credicard Hall, em São Paulo, durante a entrevista na manhã desta terça-feira, que teve um atraso de 1h45 em seu início, os integrantes do Maná conversaram com a imprensa sobre a vontade de crescer dentro do cenário musical brasileiro, os projetos do grupo relacionados à educação ambiental, influências musicais, Chico Mendes e Hugo Chávez, entre outros assuntos.
Em um dos momentos mais polêmicos --e divertidos-- da conversa, o vocalista da banda, Fher Olvera, afirmou que um de seus hobbies mais interessantes é o de "promover encontros entre intelectuais e figuras ligadas à cultura no México para conversar, beber e filosofar".
Olvera, bem-humorado, também disse que as reuniões --que são exclusivas para homens, em sua grande maioria, arquitetos, poetas e artistas--, contam com prostitutas, que, segundo ele, "dão outras visões sobre assuntos como o sexo e a vida" durante os encontros.
Música
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Fher Olvera, do Maná (à esq.), disse que Brasil é país latino menos ressentido |
Questionados sobre a pouca reciprocidade entre os públicos brasileiro e de outros países latinos, principalmente no que se refere ao conhecimento musical dos dois sobre ambos, Olvera afirmou que o "mundo perde muito em não conhecer a música brasileira a fundo".
"Temos vontade de, no futuro, fazer uma fusão musical entre os idiomas protuguês e espanhol, porque pensamos que nossa mensagem é muito importante e urgente também ao povo brasileiro", afirmou ainda.
Sobre o espaço do improviso dentro das apresentações ao vivo do Maná, o bateirista Alex González disse que é necessário para um fã "ver algo diferente do CD quando se vai a um show" e, por isso, "as apresentações devem ser diferentes", "com muito improviso quando cabe e é possível".
Hugo Chávez
Olvera também analisou o governo do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, durante uma de suas respostas.
"Chávez é um ditador que tem seu povo oprimido. Estivemos na Venezuela em novembro do ano passado e a situação é horrível, não há café, nem açucar, em um país que é o quarto com mais petróleo em todo o mundo", disse.
O vocalista também revelou que a banda chegou até a ser ameaçada para não criticar o governo venezuelano.
"Tivemos que fazer silêncio sobre tudo isso, porque nos disseram que se falássemos, o equipamento da banda não iria ter autorização para sair do país", afirmou Olvera.
Analisando a idéia de um bom governo de esquerda, o cantor citou a postura de Lula e Michelle Bachelet --presidente do Chile--, declarando que ambos possuem uma ideologia esquerdista "mais européia".
México
Falando sobre a influência do México em sua obra, o Maná chegou a definir a a cultura mexicana como "dolorida, apaixonada, porém, ressentida".
"Isso é engraçado até, porque vejo o Brasil como o país menos ressentido da América Latina. Vejo um povo alegre e otimista. É por isso que os mexicanos amam os brasileiros", disse Olvera.
Amazônia
Em determinado momento da entrevista, os integrantes do Maná chamaram ao palco Elenira Mendes, filha do líder seringueiro assassinado em 1988, Chico Mendes.
O grupo, que escreveu a canção "Cuando Los Ángeles Lloran" em homenagem à Mendes, parabenizou Elenira pelo trabalho de seu pai e lembrou os 20 anos de sua morte, associando-a com a urgência de sua luta.
"Vimos na TV o Ministro do Meio Ambiente brasileiro (Carlos Minc) falando que, só em abril, uma área equivalente ao Rio de Janeiro foi destruída na selva amazônica. Vocês, brasileiros, não podem deixar isso acontecer. Não sabemos bem o que acontece, se o problema vem da corrupção, mas vocês não podem deixar a Amazônia ser exterminada", disse o bateirista Gonzáles.
Sobre a internacionalização da selva amazônica, um dos temas mais controversos da política ambiental no mundo, Olvera disse que esta "é uma decisão que só cabe aos brasileiros", mas que se acaso o país decidir manter seu domínio, o governo "deve monitorar e cuidar melhor do espaço".
Pirataria
O Maná também conversou com os jornalistas sobre o problema da pirataria e como isso afeta o trabalho da banda mexicana.
"A cada disco que vendemos em uma loja, entre 7 e 9 são vendidos pela pirataria. Sabemos que as lojas têm que diminuir um pouco o preço dos CDs, mas queremos avisar que o fã está perdendo a dinâmica da música e sua fidelidade. Nos downloads ilegais, o volume, os agudos, tudo é deturpado. As pessoas têm que saber que, se pagam barato, também perdem muito musicalmente", disse González.
Fundação
Olvera também revelou aos jornalistas brasileiros um projeto de educação ambiental que vem desenvolvendo junto ao governo do México.
"Nós temos uma fundação chamada Selva Negra, que cuida do salvamento de tartarugas marinhas, e agora queremos ampliar nossa área de atuação. O primeiro projeto piloto é o de um livro de textos e imagens, sobre meio ambiente, que será distribuído em 600 escolas do país", afirmou Olvera.
Futuro
Sobre os planos para o futuro, o Maná revelou que, após o fim da turnê de "Amar Es Combatir" --que já passou por cerca de 100 cidades e foi assistida por 2 milhões de pessoas--, a banda pretende desenvolver um projeto especial no Brasil.
"Nossa turnê termina em 12 de julho e, assim que terminarmos, começaremos com os projetos especiais para o Brasil, que é um país no qual ainda queremos crescer muito. Estes projetos serão exclusivos e devem agradar em cheio aos nossos fãs", disse González.
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